Pílulas

Editorial

1º dia útil do ano e a explosão de um problema há muito anunciado : uma rebelião em Manaus, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, deixou ao menos 56 mortos.

3/1/2017

A imprensa, e estamos aqui incluídos, deve fazer hoje seu mea culpa. E fazê-lo porque o Estado do Amazonas é muito mal coberto, jornalisticamente falando. As distâncias geográficas tiram a atratividade da notícia, de modo que o leitor do resto do país não se coloca no lugar do noticiado, o que faz com que os fatos, de certa forma, não tenham a divulgação que merecem.

E por que falamos isso? Porque não é de hoje que a situação do Estado é periclitante. Há suspeitas, segundo O Globo, até de que o governador tenha recebido apoio político, para se reeleger, exatamente de uma das facções que praticou a barbárie no presídio. E mais, de acordo com O Antagonista, o governador recebeu doações de empresa que administra o presídio. Mas estas notícias ficam assim, como se tudo fosse normal. Não é. Não é. E não é.

De Manaus, já vieram outras tantas histórias estranhas envolvendo o atual governador. Ele é acusado de mil e uma coisas.

Mas então como ainda administra o Estado, pergunta o leitor? E a resposta é simples, e vem com outra pergunta.

O leitor sabe que ele é um governador cassado? Sim, o TRE/AM cassou o governador em janeiro de 2016. Ele entrou com recurso e inexplicavelmente o presidente do TSE não se dignou a pôr em pauta o caso para julgamento.

Aliás, há, a nosso ver, um erro regimental no TSE, que deve existir também em outras Cortes. E explicamos. O processo, sendo liberado pelo relator (como é o caso do recurso do governador), deveria ir à pauta por ordem de liberação, sem que a escolha fique ao talante do eventual presidente. Mas há mais. No caso, o presidente do TSE está impedido, e mesmo assim o caso fica ao alvedrio do humor de S. Exa. em colocá-lo ou não em pauta.

Ontem vimos uma das consequências de ter-se um governador cassado há um ano comandando gostosamente o Estado mesmo sob acusações gravíssimas: ele teme que lhe cortem a cabeça, metaforicamente falando, mas pouco importa se dezenas são literalmente decapitadas.

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