Em tempos difíceis, é bem o momento de ouvir a voz da experiência, daqueles que, com serenidade e sem paixões, conseguem clarear o quadro plúmbeo do país. Recebeu-nos com sua notória gentileza ninguém menos que o ministro Carlos Velloso. Magistrado de carreira, ministro do STF quando do impeachment de Collor, ex-presidente da Corte, migalheiro das antigas, Velloso reconhece que "a nação está diante de fatos gravíssimos". Falou-nos sobre todos os palpitantes pontos. E elogiou a fala ontem dos ministros Noronha, no STJ, e Celso de Mello, no STF : "Nosso querido decano do Supremo Tribunal Federal, falando em nome do STF e dos juízes brasileiros, respondeu à aleivosia de que o tribunal estaria, os juízes brasileiros estariam acovardados – não estão."
"Império da lei"
No STF, no início da sessão plenária de ontem, o ministro Celso de Mello pediu a palavra e, em clara referência aos diálogos do ex-presidente Lula, afirmou que os insultos ao Judiciário traduzem "uma reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes, que não conseguem esconder – até mesmo em razão do primarismo de seu gesto leviano e irresponsável – o temor pela prevalência do império da lei".
"Essa Casa não é uma Casa de covardes"
"Essa Casa é uma Casa de juízes, juízes íntegros, que não recebem doação de empreiteiras. É estarrecedor a ironia, o cinismo daqueles que cometem o delito e querem se esconder atrás de uma falsa alegada violação de direitos. Essa Casa tem o perfil de homens isentos, decentes, e se alguns foram nomeados, indicados por este ou aquele presidente, a eles nenhum favor se deve. Aqui ninguém deve favor ao sr. Luiz Inácio Lula da Silva, à sra. Dilma Rousseff ou qualquer outra governante deste país."
Na manhã de ontem, o ministro Noronha fez apaixonada defesa do STJ e da magistratura brasileira. O discurso foi proferido na sessão da 3ª turma. Ouça, em alto e bom som, o ministro Noronha.