Respeitando o adversário
Em seu voto – que recebeu inúmeros elogios dos colegas – o ministro Fux defendeu o debate democrático entre o Judiciário e o Legislativo. Para o relator, não é mais válida a tese de que não pode haver reação legislativa contra decisão da Suprema Corte. "O poder legislativo é também intérprete autêntico da Constituição", completou o ministro Gilmar Mendes. Fux explicou que o legislador pode, por emenda ou lei ordinária, superar a jurisprudência do Supremo, reclamando a reversão, desde que demonstre argumentativamente que a correção do precedente se afigura legítima. "Essa questão de o STF declarar a inconstitucionalidade de uma lei e vir uma lei posterior exatamente igual não é absorvível pelo sistema constitucional (...) Deve o Congresso Nacional - para evitar esse 'rodízio' - trazer novos fundamentos a comprovar que as premissas fáticas e jurídicas, sobre as quais se fundou o pronunciamento judicial superado, não mais subsistem." Veja a íntegra do voto do ministro Fux.
Representatividade em pauta
Apesar de declarar inconstitucional a regra restritiva a novos partidos, os ministros criticaram veementemente o pluripartidarismo e a troca de legendas e defenderam uma reforma eleitoral verdadeira. "O sonho do parlamentar é ter um partido que possa chamar de seu, no sentido de propriedade, não no de identificação", afirmou o ministro Gilmar Mendes. No mesmo sentido, o ministro Toffoli declarou : "Nosso sistema eleitoral, uma vez mantido, levará a uma maior pulverização [de partidos]". Com relação à desfiliação partidária, o ministro Marco Aurélio disse : "Sou simpático a qualquer normatização que iniba a troca de camisas". No que foi acompanhado pelo ministro Barroso : "Mudar de partido significa fraudar o voto do eleitor."