Entre a Civilização e a Barbárie
Adauto Suannes*
Recordo, a propósito, que há muitos anos foi por aqui exibido o filme “O Destino do Poseidon” (The Poseidon Adventure). O filme é considerado pelos críticos apenas como o primeiro filme do gênero disaster movie, que teve no Titanic, com todos os efeitos especiais cabíveis, o seu auge. Eu, de mim, como sempre buscava nos filmes algo mais do que a primeira impressão ou o mero divertimento, via nele uma narrativa bíblica, menos pelo fato de o nome do navio corresponder ao nome grego do deus do mar. Revendo-o hoje, penso que não estava errado em minha leitura de entrelinhas: logo no início do filme, dois padres discutem até onde a vontade humana deve submeter-se cegamente à vontade de Deus. O mais velho é do tipo “orar e confiar”, ao passo que o mais novo se classificaria de ativista, aquele que vai à rua fazer a história. Ao longo do filme isso me pareceu bastante claro e o final, com um discurso semelhante ao clássico “Pai, por que me abandonaste?”, me tiraria qualquer dúvida, se eu as tivesse.
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* Desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo, membro fundador do Instituto Brasileiro de Direito Criminal, da Associação Juízes para a Democracia e do Instituto Interdisciplinar de Direito de Família)
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