Migalhas de Peso

Piloto velho e avião novo

O saudoso comandante Rolim deve estar se virando na tumba. Quando fundou a TAM, mesmo sendo jovem, tinha como máxima a expressão: “É sempre prudente viajarmos em aviões novos com pilotos velhos, ou melhor, experientes.”

10/8/2007


Piloto velho e avião novo

Sylvia Romano*

O saudoso comandante Rolim deve estar se virando na tumba. Quando fundou a TAM, mesmo sendo jovem, tinha como máxima a expressão: "É sempre prudente viajarmos em aviões novos com pilotos velhos, ou melhor, experientes."

Parece que seus herdeiros não levaram em conta essa brilhante e inteligente frase do fundador da empresa. Pelo que já estamos sabendo do avião que caiu em Congonhas, o piloto tinha muita experiência e era um profissional muito habilitado, mas o avião já havia passado por dois donos, estava com problemas mecânicos e, mesmo assim — a serviço de uma grande sanha mercantilista — continuava voando.

Agora começam as especulações sobre erro humano, querendo os investigadores transferir a responsabilidade do acidente a um ex-colaborador, o piloto falecido no desastre, tentando com isso minimizar a negligência da empresa em oferecer aos seus clientes uma aeronave sem condições ideais de vôo.

O que penso, como consumidora e, cada vez menos passageira, é que uma empresa prestadora de serviço é responsável tanto pelos atos de seus colaboradores, como pelos equipamentos e serviços que disponibiliza, tendo de arcar com toda a responsabilidade por dolo, perda ou dano, financeiro ou físico que porventura venha a causar aos seus clientes. Portanto, se houve erro do piloto, o que não acredito, a responsabilidade é única e inquestionável da empresa. E a perda da imagem e do conceito, quer queira ou não, também será única e exclusiva da companhia.

Infelizmente, precisaram morrer muitas pessoas para que esta empresa repensasse na razão de sua existência, que é o consumidor final e não o lucro, pois o tipo de serviço que presta é uma concessão pública de grande importância e seus clientes têm de ser respeitados, não só em termos de segurança, mas também com aeronaves confortáveis para não terem de viajar como sardinhas em lata, comendo uma ração intragável, esperando a "bel prazer" da empresa por longas horas de embarque e pagando uma fortuna para poderem viajar. Que saudades da Real, da Cruzeiro do Sul, da Panair e da Varig antiga, bons tempos que espero que voltem logo, assim que o nosso País passar por essa fase de desgoverno em todos os setores.

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*Advogada do escritório Sylvia Romano Consultores Associados




 

 

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