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A corrida entre lei e tecnologia: Adaptando o Direito às inovações

A inteligência artificial, a blockchain e outras inovações estão transformando a forma como praticamos o Direito.

3/10/2024

A velocidade com que inovações disruptivas, como inteligência artificial (IA), blockchain e Web3, surgem e se consolidam em diferentes setores da sociedade é impressionante. No entanto, à medida que a tecnologia avança, surgem novos desafios éticos, sociais e legais. 

O Direito, historicamente conhecido por sua burocracia, está sendo levado a evoluir para acompanhar o ritmo dessas modernizações, e o impacto disso é cada vez mais evidente nos tribunais e nas legislações ao redor do mundo.

Dados recentes confirmam esse impacto no campo legal. A quinta edição da pesquisa Wolters Kluwer Future Ready Lawyer Survey 2023, realizada por uma empresa global de serviços de edição e informação, entrevistou 700 profissionais jurídicos nos Estados Unidos e na Europa. O estudo revelou que 87% dos advogados acreditam que a tecnologia tem melhorado seu trabalho diário. No entanto, apenas 46% afirmam estar aproveitando completamente as ferramentas disponíveis.

Isso revela um paradoxo: embora o progresso ofereça diversas soluções que poderiam agilizar e melhorar a prática jurídica, muitas vezes ela não é plenamente utilizada, seja por falta de familiaridade ou pela ausência de uma regulamentação que fiscalizem essas mudanças.

Nesse sentido, a intersecção entre Direito, tecnologia e criatividade é um ambiente propício para discussões e reflexões sobre como equilibrar o potencial de transformação que essas novas ferramentas trazem com a necessidade de uma implementação ética e consciente. Enquanto a informática oferece oportunidades incríveis para o progresso, também levanta questões sobre privacidade, segurança, propriedade intelectual e responsabilidade civil.

A corrida entre lei e tecnologia

O avanço tecnológico é uma constante na sociedade atual, impulsionando inovações em diversos setores. No entanto, quando se trata de regular essa modernização, o Direito muitas vezes fica para trás. A legislação, por natureza, é um processo mais lento, dependente de debates, aprovações legislativas e a criação de normas e precedentes judiciais. Em contraste, a informática progride em ciclos rápidos, muitas vezes disruptivos, o que gera lacunas normativas e insegurança jurídica.

Um exemplo claro dessa dissonância está na normatização de recursos como inteligência artificial e blockchain. A IA, que já está mudando cada vez mais como trabalhamos e vivemos, levanta dilemas éticos intricados, como a obrigação por danos causados por máquinas autônomas e a possível discriminação gerada por algoritmos. No caso do blockchain, sua capacidade de operar fora do sistema financeiro tradicional cria novas demandas legislativas, especialmente em relação a criptomoedas e contratos inteligentes.

Para evitar essas lacunas, a legislação deve se tornar mais proativa e flexível. Ou seja, modelos regulatórios que antecipem o impacto das inovações podem garantir que ocorram de forma segura, ao mesmo tempo, em que preserva as prerrogativas dos cidadãos. Um exemplo disso é a nova lei da União Europeia para regular o uso da inteligência artificial.

Conhecida como “AI Act”, ela classifica os sistemas de IA em diferentes níveis de risco, impondo regras mais rígidas para aqueles considerados de alto risco, como aquelas usadas em setores críticos como saúde, transporte e justiça. Essa diretriz tem um impacto positivo no mundo e na implementação das inovações. Além disso, a colaboração entre governos, empresas de tecnologia e especialistas em jurisprudência pode ajudar a desenvolver leis cada vez mais eficazes para esse meio.

Inteligência Artificial: um novo paradigma legal

A IA está presente em diversas áreas, desde a automação de tarefas repetitivas até a tomada de decisões complexas em áreas como saúde e finanças. No entanto, à medida que as máquinas assumem papéis antes reservados exclusivamente a humanos, questões normativas fundamentais precisam ser respondidas.

Um dos temas mais urgentes é a responsabilidade civil em casos de danos causados por sistemas autônomos. Imagine, por exemplo, um robô cirúrgico que comete um erro durante uma operação. Quem é o responsável? O fabricante do robô? O desenvolvedor do software que controla o robô? Ou o hospital que adquiriu e utilizou o equipamento? Este tipo de assunto está se tornando cada vez mais comum conforme as tecnologias de IA avançam para áreas críticas.

Outro ponto significativo relacionado a isso, é a questão da privacidade dos dados. Muitos sistemas inteligentes dependem de fatos para treinar e melhorar suas capacidades. No entanto, a coleta e o uso desses elementos levantam preocupações sobre a proteção da confidencialidade dos usuários. Além disso, algoritmos mal projetados podem perpetuar ou até intensificar preconceitos e discriminação, como vimos em casos em que a inteligência artificial foi acusada de distinção com base em raça ou gênero.

Nesse sentido, estabelecer uma regulamentação clara sobre a imputação por ações de IA é importante para que os direitos das vítimas sejam respeitados e que as organizações e programadores atuem de forma ética e transparente.

Isso inclui a exigência de que as empresas adotem práticas de design justas, evitando vieses algorítmicos, e certificando que as decisões tomadas por sistemas sejam explicáveis e auditáveis.

Cibersegurança, Web3 e o futuro das grandes empresas

Com a crescente dependência da tecnologia, as corporações estão armazenando volumes massivos de dados sensíveis, o que as torna alvos atraentes para hackers e cibercriminosos. Um único ataque pode comprometer a integridade de milhões de usuários, levando a consequências legais e econômicas devastadoras.

No Brasil, a LGPD visa regular o uso e a proteção dessas informações, impondo penalidades para empresas que não cumprem as normas de segurança. No entanto, de acordo como as ameaças cibernéticas evoluem, as instituições devem adotar medidas que sejam também preventivas e assegurem a conformidade com os ordenamentos de confidencialidade.

Além disso, com a Web3, surgem os contratos inteligentes, que são programas executados automaticamente sem a necessidade de intermediários. Embora esses contratos possam simplificar muitos processos, eles também abordam dilemas advocatícios sobre a validade legislativa, a aplicabilidade em diferentes jurisdições e como lidar com falhas de execução.

Assim, a adoção de criptomoedas e ativos digitais pela Web3 introduz novos desafios normativos em relação à supervisão financeira e à prevenção de fraudes. O desenvolvimento de um ambiente regulatório claro para a Web3 será indispensável para que negócios e consumidores possam aproveitar seus benefícios sem se exporem a riscos desnecessários.

A criatividade em um mundo digital

Atualmente, algoritmos podem gerar obras de arte, música e até mesmo textos jurídicos, e aí surge a pergunta: quem é o autor dessas criações? Quem detém os direitos sobre uma produção gerada por IA?

O problema da autoria e da propriedade intelectual em produções geradas por IA é um dilema judicial emergente. As leis tradicionais de proteção autoral foram projetadas para proteger obras desenvolvidas por humanos, mas com a ascensão de sistemas criativos, essa distinção torna-se nebulosa. Será que o fundador do processo deve ser considerado o autor? Ou o usuário que o opera?

Esse cenário gera incertezas sobre como as leis de patentes devem ser aplicadas a composições geradas por máquinas, e como os títulos autorais podem ser reservados em um ambiente digital. Dessa forma, regulamentá-las visa resguardar tanto criadores humanos quanto às inovações.

Solução tecnológica para superar a concorrência 

Segundo a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), o país conta atualmente com cerca de 1,4 milhões de advogados, o que destaca o alto índice de concorrência na área jurídica. Nesse sentido, o uso de software não se limita apenas à conformidade legal; trata-se de estar à frente, utilizando a tecnologia para otimizar os resultados e garantir uma vantagem competitiva.

Todos os recursos, desde a gestão de prazos até a geração de documentos, foram desenvolvidas com base nas necessidades reais dos escritórios. Desse modo, certifica que o software ofereça respostas precisas e adequadas para as exigências dessa área.

A relação entre Direito e tecnologia é um campo em constante evolução, onde a inovação é impulsionada pela necessidade de adaptar as leis a um mundo cada vez mais digital. A inteligência artificial, a blockchain e outras tecnologias disruptivas estão redefinindo a forma como praticamos o Direito, exigindo dos profissionais jurídicos uma constante atualização e adaptação. 

Eduardo Koetz
Eduardo Koetz é advogado, sócio-fundador da Koetz Advocacia e CEO do software jurídico ADVBOX . Especialista em tecnologia e gestão, ele também se destaca como palestrante em eventos jurídicos.

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