Saber quais são os gatilhos e meios que desencadeiam um estado mental de motivação e empenho dos colaboradores é a chave da “produtividade saudável”, em que muita entrega é realizada de forma eficiente e, em contrapartida, não há desgastes que ultrapassam os limites do que é considerado razoável quando falamos em dedicação ao trabalho.
Enquanto “workaholics” são supervalorizados e vemos um aumento contínuo de doenças mentais relacionadas ao trabalho no mundo todo - como é o caso do burnout -, é preciso compreender os riscos de viver somente para trabalhar, uma vez que não existe fórmula mágica nem um mundo utópico no qual todos são felizes e engajados o tempo todo.
É preciso olhar atentamente para o que realmente é feito nos bastidores das empresas de prestígio, com boa estrutura cultural e clima forte, integração de equipes multidisciplinares, que formam um conjunto de saberes e os aplicam estrategicamente por meio das lideranças.
Lideranças como ponto de partida
O papel principal da liderança, independentemente do cargo de supervisão, coordenação ou gerência, é fundamentalmente decisivo na forma como os liderados verão o ambiente laboral e as perspectivas presentes e futuras dentro da organização. Trata-se de uma responsabilidade que é infinitamente maior do que gerir metas e entregar resultados, pois, embora seja de difícil comparação, os números são lógicos e podem ser decifrados. Por outro lado, mesmo com o imenso avanço das IAs, o capital humano continua sendo o mais valioso ativo da empresa e, por sua complexidade e nuances, deve ser manuseado por pessoas devidamente treinadas, responsáveis e competentes.
Compreender a necessidade da interseção entre gestão, recursos humanos, desenvolvimento e treinamentos, e comunicação interna, pode resultar em um ambiente positivo e saudável, em que todos terão expectativas alinhadas, programas de reconhecimento e treinamento, oportunidades, transparência e segurança ao se posicionar.
Feedbacks e feedforwards construtivos aumentam a satisfação e, por consequência, a motivação. É quase como um trabalho de formiguinha: cada ação conta na somatória se tudo flui bem. De maneira individual, estar presente e praticar a escuta ativa é um primeiro passo diante de toda a estrutura que a organização deve ter. Além disso, o acolhimento e o senso de pertencimento são práticas essenciais para o envolvimento dos colaboradores com a empresa.
Entendendo e aplicando a motivação no dia a dia
É comum no meio corporativo que novos colaboradores cheguem completamente encantados com a ideia de um novo mundo repleto de experiências a serem exploradas. Isso, junto com a expectativa e as idealizações sobre a construção de um futuro próspero, leva o colaborador a viver por um bom período motivado, quase como se ele voltasse a ser criança e estivesse em uma sala cheia de brinquedos. É essa empolgação e brilho nos olhos que as lideranças devem zelar, pois é preciso trabalhar na manutenção da motivação, já que ela, por si só, não é capaz de se perpetuar no tempo por longos períodos sem que haja a intervenção estratégica.
Dito isso, sobre o que estamos falando quando utilizamos a palavra “motivação”?
- Para Bergamini, estamos falando sobre o ato de mover somado à ação. Há uma ligação entre o impulso de agir e se mover em direção a um objetivo. Podemos imaginar uma pessoa que acorda pela manhã e levanta da cama com determinação de viver o dia.
- Para Vergara, trata-se de uma força intrínseca, uma energia, que impulsiona para algo. É um pensamento muito ligado às paixões e interesses pessoais.
- Para Latham, é a junção de metas e objetivos, que perpassam pelas necessidades, valores e ambiente de trabalho. É como quando buscamos motivação para alcançar as metas traçadas.
- Para o dicionário, “motivação” é o ato ou efeito de motivar ou de se motivar. Isso envolve estimular alguém ou a si mesmo a agir ou continuar em determinada direção. Por exemplo, quando os pais incentivam um filho a continuar os estudos, estão proporcionando motivação. (Dicionário Online Priberam de Português)
Toda pessoa carrega consigo a sua bagagem cultural, a educação recebida em casa, seus valores e crenças, seus conhecimentos da formação profissional e do estágio da vida em que se encontra. Isso tudo, somado aos estímulos externos corretos, pode refletir de forma benéfica para o negócio.
Também há uma profunda preocupação em mapear os perfis comportamentais de seus colaboradores, identificando oportunidades para que cada um possa crescer e se desenvolver pessoal e profissionalmente.
Na verdade, não existe uma só resposta correta ao questionamento inicial: é necessário avaliar e experimentar o que funciona dentro da sua realidade.
“[...] O tempo é minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente. ”
Mãos Dadas - Carlos Drummond de Andrade