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Sociedade da performance

A "Sociedade da performance" valoriza eficiência e sucesso visível, destacando a produtividade e a visibilidade nas redes sociais e ambientes de trabalho. A tecnologia e a globalização amplificam essa cultura.

14/8/2024

Atualmente, a noção de “Sociedade da performance” tem ganhado destaque como um reflexo das mudanças culturais, sociais e econômicas que moldam nosso comportamento cotidiano, descrevendo um ambiente onde a visibilidade e a produtividade se tornaram critérios centrais de valor e identidade pessoal. 

A “Sociedade da performance” é marcada pela valorização extrema da eficiência, do sucesso visível e da constante atividade.  

Em um cenário onde redes sociais, ambientes de trabalho e até interações pessoais são permeadas pela necessidade de mostrar competência e realização, os indivíduos são frequentemente avaliados por sua capacidade de produzir resultados tangíveis e imediatos.  

As métricas de sucesso, muitas vezes, são quantificáveis: número de seguidores, metas alcançadas, prazos cumpridos. 

Essa cultura está profundamente entrelaçada com o avanço tecnológico e a globalização. A internet e as mídias sociais super amplificaram a necessidade de exposição e auto apresentação, criando um palco global onde cada um é ao mesmo tempo espectador e ator. As vidas pessoal e profissional se entrelaçam, e a distinção entre tempo de trabalho e lazer se torna nebulosa. 

Os efeitos dessa pressão constante para performar são variados e profundos. Psicologicamente, há um aumento significativo nos níveis de ansiedade, estresse e depressão. A busca incessante por aprovação externa e reconhecimento pode levar a um sentimento de inadequação e exaustão. O fenômeno do burnout se tornou comum, refletindo o desgaste físico e emocional de manter um ritmo incessante. 

Socialmente, a “Sociedade da performance” pode exacerbar desigualdades. Aqueles que conseguem se adaptar e prosperar nesse ambiente são frequentemente privilegiados por condições socioeconômicas favoráveis, enquanto indivíduos em situações menos privilegiadas podem ser marginalizados e julgados como menos capazes. Além disso, essa dinâmica perpetua uma cultura de competição constante, dificultando a cooperação e a empatia. 

Reconhecer os limites e os perigos da “Sociedade da performance” é o primeiro passo para buscar alternativas. Uma abordagem possível é a valorização de espaços e tempos de desconexão, onde o foco não é a produtividade, mas o bem-estar e a criatividade. A promoção de ambientes de trabalho mais humanos, que respeitem os limites individuais e incentivem o equilíbrio entre vida profissional e a pessoal, é essencial. 

É necessário um questionamento mais profundo dos valores que regem nossa sociedade. A redefinição de sucesso e realização pessoal deve ir além dos parâmetros meramente quantitativos. A educação pode desempenhar um papel crucial nesse processo, ao incentivar o desenvolvimento de competências emocionais e sociais, além de habilidades técnicas. 

A “Sociedade da performance” é um fenômeno complexo e multifacetado, que reflete mudanças profundas em nossa cultura e economia. Embora traga desafios significativos, também oferece uma oportunidade de reavaliar nossos valores e práticas. Ao buscar um equilíbrio entre produtividade e bem-estar, e ao promover uma cultura de inclusão e empatia, podemos construir uma sociedade mais saudável e sustentável, onde a performance é apenas uma parte do que nos define como seres humanos. 

Stanley Martins Frasão
Advogado, sócio de Homero Costa Advogados Diretor Executivo do CESA Centro de Estudos das Sociedades de Advogados

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