Migalhas de Peso

Impacto da IA nas estruturas de Poder do Judiciário

A automação e a IA estão revolucionando o sistema legal, trazendo eficiência e desafios. Profissionais devem se adaptar, mas a expertise humana continua essencial para a justiça.

7/8/2024

Com o rápido avanço da tecnologia, a área jurídica não fica imune às transformações. A automação, inteligência artificial e outros recursos inovadores estão impactando profundamente o sistema legal, trazendo consigo tanto promessas quanto desafios.

Nesse sentido, os profissionais de direito devem se adaptar a essa nova realidade, aprendendo a utilizar as ferramentas tecnológicas de forma eficaz e responsável.

No entanto, é importante lembrar que a tecnologia não substitui a expertise humana. Os juristas e advogados continuam sendo essenciais para garantir a justiça e a equidade nos processos legais. Eles precisam ter um profundo conhecimento das leis, da jurisprudência e dos princípios éticos da profissão para que possam utilizar as ferramentas tecnológicas de forma adequada e para garantir que os direitos dos seus clientes sejam respeitados.

Além disso, é imprescindívelestar atento aos riscos da automação. As ferramentas tecnológicas devem ser desenvolvidas e utilizadas de forma inclusiva e transparente, para que todos tenham acesso à justiça.

Percepção pública da Justiça: A automação como ameaça ou aliada?

De acordo com o CNJ, em dezembro de 2023, havia mais de 80 milhões de processos pendentes no Judiciário brasileiro. A média de duração de um processo no Brasil é de 4,4 anos, segundo dados do CNJ de 2022.

Nesse sentido, estima-se que a IA possa reduzir em até 30% o tempo médio de tramitação dos processos, de acordo com estudos realizados pelo Banco Mundial. 

Diante disso, é evidente que a automação de tarefas jurídicas repetitivas pode aumentar a eficiência do sistema, reduzindo custos e tempo de espera. Isso pode levar a uma percepção mais positiva da justiça, vista como mais célere e acessível.

No entanto, a preocupação com a desumanização do processo judicial também surge. Algoritmos, por mais sofisticados que sejam, podem falhar em captar nuances e sutilezas que um juiz humano levaria em consideração. Essa falta de "calor humano" pode gerar desconfiança na justiça e na imparcialidade das decisões.

Outro desafio é o potencial para perpetuar vieses e discriminações. Algoritmos são treinados em conjuntos de dados históricos, que podem conter vieses inconscientes que podem ser refletidos nas decisões automatizadas. Isso pode levar à discriminação contra grupos minoritários ou desfavorecidos, exacerbando as desigualdades sociais existentes.

Para garantir que a automação seja utilizada de forma ética e responsável no sistema legal, é fundamental implementar medidas para mitigar esses riscos. Isso inclui:

Ao abordar cuidadosamente esses desafios e implementando as salvaguardas adequadas, a automação pode se tornar uma ferramenta poderosa para aumentar a eficiência, acessibilidade e justiça do sistema legal.

A LGPD na era da automação jurídica: Protegendo privacidade e direitos

A utilização de dados pessoais em sistemas de inteligência artificial jurídica levanta questões importantes de privacidade e segurança, exigindo medidas robustas para proteger os direitos dos cidadãos. Nesse sentido, a LGPD, em vigor no Brasil desde 2020, assume um papel fundamental nesse contexto.

A LGPD estabelece princípios e diretrizes para a coleta, armazenamento, tratamento e compartilhamento de dados pessoais. No âmbito da automação jurídica, a lei exige que as empresas e órgãos públicos que utilizem sistemas de IA sigam esses princípios, garantindo que O dados sejam coletados de forma justa e transparente. As pessoas devem ser informadas sobre quais dados estão sendo coletados, como serão utilizados e com quem serão compartilhados.

Além disso, os dados devem ser armazenados de forma segura e utilizados apenas para as finalidades informadas. Os dados coletados para fins específicos não podem ser utilizados para outros fins sem o consentimento expresso do titular dos dados.

Por fim, as decisões automatizadas devem ser transparentes e explicáveis: As pessoas devem ter o direito de saber como as decisões automatizadas foram tomadas, quais fatores foram considerados e quais dados foram utilizados.

A LGPD também estabelece mecanismos de enforcement para garantir o cumprimento da lei, incluindo a aplicação de multas e outras sanções em caso de descumprimento.

Ao garantir a proteção dos dados pessoais e a transparência dos sistemas de IA, a LGPD contribui para a construção de um sistema legal mais justo e confiável na era da automação. A lei empodera os cidadãos, dando-lhes controle sobre seus dados e garantindo que seus direitos sejam respeitados. As empresas e órgãos públicos que utilizam sistemas de IA devem estar em conformidade com a LGPD para garantir a confiança do público e construir um futuro digital mais responsável e ético.

Impacto no mercado de trabalho: Adaptação e novas oportunidades

A automação trará mudanças significativas no mercado de trabalho jurídico, exigindo adaptação dos profissionais para essa nova realidade. Funções tradicionais podem ser otimizadas ou até mesmo automatizadas, enquanto novas oportunidades surgem em áreas como análise de dados, desenvolvimento de software e ética da inteligência artificial.

Nesse cenário, softwares jurídicos, como a ADVBOX se destacam como uma ferramenta essencial para auxiliar os profissionais na jornada de adaptação à era digital.

Por meio de seus recursos, o software  permite automatizar tarefas repetitivas, liberando tempo para que os advogados se concentrem em atividades mais estratégicas e de alto valor agregado, como análise complexa de casos, construção de argumentos jurídicos e interação com clientes.

Essa automação é essencial para aumentar a produtividade dos escritórios jurídicos, otimizando fluxos de trabalho, reduzindo erros manuais e agilizando processos. Dessa forma, os advogados conseguem atender mais clientes com maior eficiência.

Além disso, também é possível melhorara tomada de decisões por meio  de análises de dados e geração de relatórios inteligentes, fornecendo informações valiosas que embasam decisões de forma mais assertiva e estratégica. A redução de custos é outra vantagem significativa proporcionada pela otimização de processos e automatização de tarefas repetitivas, que podem levar a uma diminuição substancial nos custos operacionais dos escritórios jurídicos.

Desafios e oportunidades da transformação digital do setor jurídico:

Em conclusão, a integração de tecnologias avançadas como a automação e a inteligência artificial no setor jurídico oferece um potencial enorme para transformar a maneira como a justiça é administrada.

No entanto, é imperativo que essa transformação tecnológica seja conduzida de maneira ética e responsável, assegurando que a expertise humana continue a desempenhar um papel central no sistema jurídico.

Para que a adoção dessas tecnologias seja bem-sucedida, é essencial que os profissionais do direito se preparem adequadamente. Isso inclui não apenas o desenvolvimento de habilidades técnicas e o aprendizado de novas ferramentas, mas também a especialização em áreas emergentes como o direito digital e o direito de dados.

Ao enfrentar esses desafios de forma proativa, o setor jurídico pode não apenas aumentar sua eficiência e acessibilidade, mas também garantir que a justiça permaneça justa, equitativa e inclusiva na era digital.

Eduardo Koetz
Eduardo Koetz é advogado, sócio-fundador da Koetz Advocacia e CEO do software jurídico ADVBOX . Especialista em tecnologia e gestão, ele também se destaca como palestrante em eventos jurídicos.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Artigos Mais Lidos

CNJ emite resolução autorizando a quitação ampla em acordos extrajudiciais homologados pela justiça do trabalho

29/10/2024

Por que muitos produtores estão entrando com a recuperação judicial?

29/10/2024

Tim Maia, moda e referências

30/10/2024

PL de despejo extrajudicial por inadimplência

29/10/2024

O Tribunal de Contas da União e o princípio da unicidade da interrupção prescricional

30/10/2024