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Diversidade e seus impactos na saúde mental e na vida empresarial - Há receita de bolo?

Baixa criatividade estudantil preocupa; Brasil lidera em casos de ansiedade, afetando saúde mental e bem-estar. UNESCO destaca diversidade cultural como essencial para direitos humanos e desenvolvimento.

2/7/2024

O mês de junho traz pautas de diversidade, mas, “O Brasil ficou na 44° colocação, entre 81 países, no volume 3 do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) de 2022, que avaliou a capacidade dos estudantes de produzir ideias originais e diversas”.

Estamos mal de criatividade na população estudantil.

“Você já deve ter ouvido falar que Divertida Mente 2, da Disney, vai trazer a Ansiedade como um dos principais personagens do roteiro. Esse anúncio gerou uma conexão imediata com muuuuita gente num país como o nosso, com quase 10% da população sofrendo com transtorno de ansiedade. Isso dá ao Brasil o troféu dos troféus pra quem não sabe viver o dia de hoje… A gente é o país mais ansioso do mundo.”

Com excesso de ansiedade, e, portanto, saúde mental debilitada.

A UNESCO emitiu a Declaração Universal da UNESCO sobre Diversidade Cultural, que destaca a diversidade cultural como um aspecto fundamental dos direitos humanos e do patrimônio cultural, moldando a identidade, a coesão social e o desenvolvimento econômico. Os princípios fundamentais incluem a promoção da diversidade cultural como patrimônio da humanidade, os direitos culturais como parte integrante dos direitos humanos e as políticas culturais que promovem a inclusão e a criatividade. Enfatiza o acesso à diversidade cultural, a proteção do patrimônio e a diversidade linguística na educação e nos espaços digitais.

Saúde, sem saúde mental não é  saúde, diz a OMS:

“Objetivamente, a falta de inclusão e de representatividade piora a saúde mental de uma população ou grupo. É que pessoas sofrem por terem acesso negado a espaços e oportunidades, por não se adequarem a certo “padrão” de comportamento, aparência, orientação sexual, de gênero e outras características. Elas tentam se encaixar e se adaptar, muitas não conseguem e isso acaba afetando sua saúde mental.”

Ou seja, sem criatividade e sem saúde integral.

O mês de junho é o mês do orgulho LGBTQIAPN+ , que é, na realidade, um momento de olhar para esse universo da diversidade de gênero, e tentar mudar a cultura, sem estereótipos. 

É o mês que tem, ainda, o “dia mundial do refugiado”, pessoas obrigadas, por diferentes razões, a deixar seus países, suas casas, em busca de uma vida melhor, ou muitas vezes da simples sobrevivência.

E você já pensou como todo mundo que sofre um preconceito, no fundo, é um pouco “refugiado”? 

O que tudo isso tem a ver com diversidade?

Não, a ideia não é ser uma colcha de retalhos de datas de comemoração. A ideia aqui é mostrar que o assunto é profundo e não pode se limitar a um dia ou um mês de comemoração, e como a diversidade real deve ser total, e realmente fazer parte da vida empresarial.

Como criar um ambiente diverso de verdade, e sem estereótipos, ou ações meramente de marketing, ou busca de certificações e prêmios?

Você já pensou em como ir além das datas? Que tipo de programa criar?

Não há uma receita única, porque não há empresas únicas, nem muito temos pessoas únicas, ou, há , mas no bom sentido de que cada pessoa é uma pessoa única e diferente de todas as outras.

Começando do começo: como você faz sua seleção, promoções e demissões? (eu ouvi IA?) 

A brincadeira com a IA pode ser um bom ponto. A IA é, por nascença, burra, e deve ser educada (com dados inseridos) por seres humanos. Então, se você tem uma IA com preconceitos, eu diria que é o primeiro momento para que a empresa se veja no espelho – bom exercício esse.

Ambientes diversos de verdade são mais saudáveis, criativos, e resolvem melhor os problemas, além de serem mais resilientes. Não sou só eu quem diz isso. Eu digo por vivência empírica nos clientes, mas um estudo de Harvard diz por pesquisa: Diversidade traz pensamento diverso, que traz criatividade, e inovação, e bons resultados empresariais.

Então, vamos aos outros passos de análise: Qual a forma de liderança da empresa? É possível que haja uma liderança mais voltada para as pessoas? Há gaps culturais, especialmente se você é uma multinacional?

Sua diversidade é diversa ou a empresa escolheu só algumas? Eu falo de LGBTQIAPN+, racial, etnias diversas, pessoas com deficiência, mulheres e a equidade de gênero, (eu descobri que várias empresas que têm pautas de diversidade esquecem das mulheres), pessoas do espectro autista, pessoas com doenças mentais, refugiados, 50+, 60+, doenças em geral.

E, especialmente, em que cargos estão as “pessoas diversas”… huum? 

Se a falta de diversidade prejudica a saúde mental, então você percebe que mata dois assuntos em um só? Porque se conseguir ter uma diversidade real, a saúde mental estará melhor quase sem muito esforço.

O caminho não é curto, não é simples, envolve muitas atitudes, mas só vou citar algumas para tentar dar um norte aqui, que deve ser adaptado a cada realidade empresarial, que é diversa:

Então, não há receita de bolo, e eu resolvi trazer o assunto, porque a diversidade, que é vista neste mês somente em dois aspectos, é realmente plural, e influi na saúde mental das pessoas. 

Maria Lucia Benhame
Sócia-fundadora da banca Benhame Sociedade de Advogados. Graduada em Direito pela Universidade de São Paulo - USP e pós graduada em Direito e Processo do Trabalho pela mesma instituição.

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