Migalhas de Peso

Na advocacia o que o futuro tecnológico nos reserva

Nos últimos anos, a inteligência artificial avançou rapidamente na capacidade de processar linguagem natural, mudando paradigmas antes focados apenas em dados numéricos.

20/6/2024

Como sempre coloco como “disclaimer”, não sou um especialista em tecnologia, mas apenas um grande curioso, observador e um aficionado pelas novas tecnologias. Há quase 40 anos acompanho essa evolução e seus efeitos na vidas dos advogados e uma coisa tem me intrigado muito ultimamente: A velocidade exponencial de crescimento na utilização da inteligência artificial em sistemas que lidam com palavras. Tradicionalmente a tecnologia era muito (e ainda é) utilizada para processamento numérico, mas o aperfeiçoamento dos algoritmos de NLP (natural language processing) associado ao crescimento da capacidade de processamento dos computadores mudou drasticamente essa realidade nos últimos (pouco) anos. Paralelamente a evolução dos algoritmos da chamada Inteligência artificial tais como machine learning, redes neurais, regressão, naive baiyes,  permitiram que as palavras passassem a ser processadas como os números o são desde a década de 60. O CHATGPT4 tem hoje aproximadamente 1 trilhão de parâmetros de processamento, apensa para citar um exemplo.

Agora, vamos falar um pouco sobre o aumento da capacidade de processamento dos computadores!

O novo (se já não foi ultrapassado) AMD RYZEN 9.7950X com 16 núcleos (significa 16 operações paralelas) tem algo como 17,84 milhões transistores, mas  não termina por ai. A NVIDIA, umas das quatro cias no mundo a ultrapassar o valor de 1 trilhão de dólares junto com a Microsoft, Apple e Google lançou, faz pouquíssimo tempo, um novo chip utilizando arquitetura BLACKWELL especificamente para processamento de IA prometendo revolucionar o mercado.

Por outro lado temos a IBM, Google e outros grandes desenvolvendo os computadores quânticos que são uma revolução conceitual  radical e um aumento exponencial na  capacidade de processamento, transformando os atuais supercomputadores em “latas velhas”.

Os atuais computadores se baseiam no conceito trazido dos transistores, ou seja “circuito aberto ou fechado” ou em termos numéricos “zero ou um” enquanto os quânticos se baseiam na capacidade dos elétrons estarem em dois lugares ao mesmo tempo (estranho para nossa cabeças normais assimilar). Isto quer dizer que existem infinitas possibilidades entre o zero e o um ao mesmo tempo, possibilitando que esses computadores executem milhares ou milhões de cálculos simultâneos. Lembram dos 16 núcleos citados acima?  

Para entender melhor, (coisa que nós simples mortais temos dificuldade para assimilar) faço abaixo uma pequena tabela comparativa:Uma outra figura faz a gente entender melhor.

Para resolver o desafio do ratinho encontrar o queijo no labirinto, os computadores clássicos (tecnologia digital) testam todos os caminhos sequencialmente até encontrar o caminho correto enquanto os quânticos testam todos os caminhos simultaneamente e encontra o caminho imediatamente.

Para se ter uma ideia comparativa, a Google declarou em julho de 2023 que seu “Sycamore Quantum Computer” foi capaz de resolver um problema em poucos segundos enquanto o melhor supercomputador da época, o “Frontier Supercomputer” levaria nada menos que 47 anos para resolver !

Esta tecnologia ainda está reservada às grandes pesquisas de universidades e outras grandes companhias, cerca de 60 atualmente  (principalmente financeiras, de engenharia e medicas), embora IBM e Google já ofereçam na Internet “espaços” em seus computadores para serem utilizados comercialmente para outras empresas.

Trazendo agora a discussão para o mundo da advocacia temos uma ideia do que pode nos trazer o futuro próximo e distante (poucos anos) em termos de tecnologia aplicada a essa profissão!

Isto não quer dizer que advogados devem se tornar experts em tecnologia ou IA, mas sim se adaptar rapidamente a essas tecnologias e utiliza-las de modo a serem mais eficientes, produtivos, assertivos e principalmente mais competitivos em termos de seus honorários. Vamos lembrar que essas tecnologias exigem investimentos a longo prazo, ou seja, a determinação estratégica empresarial de direcionar uma parte considerável dos lucros para o desenvolvimento de novas formas de trabalho (coisa que os escritórios de advocacia tradicionalmente não gostam de fazer, pois representa uma diminuição na remuneração dos sócios).

Outro ponto importante é que seus clientes também estão investindo nessas tecnologias e aumentando consideravelmente seus departamentos jurídicos e com isso diminuindo consideravelmente seus  custos por processo e tornando-se concorrentes dos escritórios.

Da mesma forma que na década de 80 os advogados tiveram que se adaptar aos computadores (largando as maquinas de escrever), atualmente esses mesmos advogados devem admitir e usar intensivamente toda a tecnologia disponível (principalmente a IA).

Vamos manter sempre em mente que advogados vendem “tempo de cérebro e conhecimento” e não tempo para escrever sus peças !

Que venha o futuro (para os adptáveis)! 

José Paulo Graciotti
Consultor, sócio e fundador da GRACIOTTI Assessoria Empresarial.

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