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Processo trabalhista: Veja as características e formas de evitar

Conheça quais são as maiores causas de processos trabalhistas e aprenda dicas que ajudarão sua empresa a ficar longe destas situações indesejáveis.

19/5/2024

Em 1943, surgiu uma peça fundamental no quebra-cabeça das relações laborais no Brasil: o decreto 5.452, concebido por Getúlio Vargas, deu vida à CLT. Esta obra monumental foi erguida com um propósito claro: zelar pelo bem-estar dos trabalhadores e estabelecer diretrizes para as interações laborais.

Apesar de ter a legislação trabalhista mais completa do mundo, o Brasil também é um dos países que mais possui casos de ações trabalhistas. Por que será que isso acontece?

A resposta vai além das linhas da lei; reside na forma como as empresas conduzem suas práticas e interações com seus colaboradores.

Em um cenário onde litígios são comuns, surge a necessidade premente de descobrir não apenas como evitar processos trabalhistas, mas como cultivar uma cultura organizacional que os impeça de surgir.

O que é um processo trabalhista?

Um processo trabalhista é um litígio legal que surge quando há uma disputa entre um empregador e um funcionário, geralmente relacionada a questões trabalhistas como salários não pagos, condições de trabalho inadequadas, demissões injustas, assédio no local de trabalho ou discriminação.

Esses processos são conduzidos perante a justiça trabalhista e envolvem a apresentação de argumentos e evidências de ambas as partes, com o objetivo de resolver a questão de acordo com a legislação vigente. Vale ressaltar que para iniciar o processo trabalhista, o prazo é de 2 anos a partir da data da demissão; após esse período, o funcionário não tem mais o direito de iniciar a ação judicial.

Como funcionam os processos trabalhistas?

Primeiramente, para iniciar uma reclamação trabalhista, é essencial buscar orientação de um advogado especializado. Contar com esse profissional é crucial para esclarecer os direitos do trabalhador, avaliar a viabilidade da ação e prevenir quaisquer contratempos ao longo do processo.

Dessa forma, quando um funcionário acredita ter sido prejudicado em suas interações com a empresa ou seu empregador, ele vai em busca de uma tentativa de resolver essas questões através da intervenção do sistema judicial.

Quais são os processos trabalhistas mais comuns?

Os processos trabalhistas mais comuns abrangem uma variedade de questões que podem surgir nas relações entre empregadores e funcionários. Entre eles, destacam-se as reclamações relacionadas a salários atrasados ou não pagos, horas extras não remuneradas e qualquer outra violação relacionada à remuneração do trabalhador.

Além disso, é comum encontrar processos referentes a rescisões indevidas ou demissões injustas, nos casos em que um funcionário é demitido sem justa causa ou em violação aos seus direitos trabalhistas.

Outro tipo frequente de processo trabalhista envolve assédio ou discriminação no local de trabalho, abrangendo questões como assédio sexual, discriminação por raça, gênero, idade, religião, orientação sexual ou deficiência, que podem resultar em ações legais contra o empregador.

Também são recorrentes processos relacionados a condições de trabalho inseguras ou inadequadas, nos quais os funcionários alegam falta de equipamentos de segurança, ambiente insalubre ou qualquer outra violação das normas de segurança no local de trabalho.

Processos decorrentes da negação de benefícios ou direitos trabalhistas, como a recusa do empregador em fornecer benefícios como férias remuneradas, licença médica, horas de descanso adequadas, entre outros direitos garantidos por lei, também são bastante frequentes.

Diante de descumprimento de acordos ou contratos de trabalho, nos quais os empregadores não cumprem as condições estabelecidas em contratos de trabalho ou acordos coletivos, os funcionários acabam buscando a execução desses termos na justiça.

Qual é o valor de um processo trabalhista?

Determinar o custo de um processo judicial pode ser bastante variável, pois depende de diversos fatores, como a complexidade do caso, o tipo de ação, os honorários advocatícios, as custas judiciais e eventuais despesas com perícias, testemunhas ou outros recursos necessários para o processo.

Na Justiça do Trabalho no Brasil, as custas processuais são calculadas com base em uma tabela de valores fixos estabelecida pelos TRTs de cada região do país. Essa tabela define taxas específicas de acordo com faixas de valores atribuídos à causa, em vez de uma porcentagem do valor em disputa. Portanto, o custo de um processo judicial na Justiça do Trabalho dependerá do valor atribuído à causa e da taxa aplicável de acordo com a tabela do TRT correspondente.

Em resumo, o custo total de um processo judicial na Justiça do Trabalho incluirá as custas processuais conforme a tabela do TRT correspondente, bem como os honorários advocatícios, que podem ser negociados entre o cliente e o advogado.

O que acontece se as empresas não pagarem os processos trabalhistas?

Caso uma empresa não pague os valores determinados com o processo trabalhista, de acordo com a decisão judicial, estão sujeitas a diversas consequências legais e financeiras.

O trabalhador pode solicitar a execução da decisão judicial, que pode resultar em medidas coercitivas como penhoras de bens da empresa e bloqueio de contas bancárias para garantir o pagamento. Além disso, a empresa pode ser obrigada a pagar multas e juros por atraso no pagamento, aumentando o valor total da dívida.

Além das consequências legais e financeiras, o não pagamento de processos trabalhistas pode afetar negativamente a reputação e imagem corporativa da empresa. Portanto, é fundamental cumprir as decisões judiciais e respeitar os direitos trabalhistas dos funcionários para evitar essas consequências.

O que a empresa pode fazer para evitar os processos trabalhistas?

Para evitar a ocorrência de processos trabalhistas e garantir conformidade com a legislação vigente, as empresas devem adotar medidas preventivas e práticas de gestão eficazes. Tais como:

Adotando essas medidas, a empresa pode reduzir significativamente o risco de enfrentar processos trabalhistas e promover um ambiente de trabalho mais harmonioso e justo.

Qual a melhor forma para se livrar dos processos trabalhistas?

A melhor forma de se livrar dos processos trabalhistas é adotar uma abordagem proativa para prevenir disputas trabalhistas antes que elas se transformem em processos judiciais.

Assim, é importante estabelecer mecanismos internos para resolver disputas trabalhistas de forma amigável, como mediação ou arbitragem, antes que se tornem processos judiciais.

Em caso de disputas, tentar negociar uma solução satisfatória para ambas as partes, evitando a necessidade de litígio e considerar a possibilidade de celebrar acordos extrajudiciais com os funcionários para resolver disputas de forma rápida e menos onerosa.

Ademais é válido sempre consultar um advogado especializado em direito do trabalho para orientação sobre como lidar com disputas trabalhistas e para garantir a conformidade com as leis trabalhistas.

Outra forma de se resguardar é assegurando que todas as práticas de emprego estejam em conformidade com as leis e regulamentos trabalhistas, incluindo salários, horas de trabalho, direitos dos funcionários e segurança no trabalho.

Mais um ponto de extrema importância e que deve ser atentado é o de manter registros precisos e completos de todas as questões relacionadas ao emprego, como contratos de trabalho, registros de horas trabalhadas e políticas de RH, para servir como evidência em caso de disputas.

Ao adotar essas medidas preventivas, as empresas podem reduzir significativamente a probabilidade de enfrentar processos trabalhistas e resolver disputas de forma mais eficiente e menos custosa.

Além disso, é importante priorizar a implementação de políticas claras e transparentes, a promoção de um ambiente de trabalho saudável e inclusivo, e a realização de auditorias internas regulares para identificar e corrigir quaisquer problemas de conformidade.

É essencial investir em boas práticas de gestão de pessoas e buscar assessoria jurídica especializada quando necessário.

Controle de ponto: Uma ferramenta essencial para prevenir processos trabalhistas

Uma das formas mais eficazes de evitar processos trabalhistas relacionados a questões de horas trabalhadas, horas extras e pagamento é implementar um sistema rigoroso de controle de ponto.

O controle de ponto não só garante o cumprimento das leis trabalhistas, mas também fornece uma documentação clara e precisa das horas trabalhadas por cada funcionário.

Um sistema de controle de ponto ajuda a garantir que a empresa esteja em conformidade com as leis locais e nacionais relacionadas a jornadas de trabalho, horas extras e intervalos de descanso.

Também oferece registro preciso das horas trabalhadas promove a transparência entre empregador e empregado, reduzindo mal-entendidos e desconfianças que podem levar a disputas trabalhistas.

Em caso de litígio, os registros de ponto servem como prova documental das horas trabalhadas, ajudando a empresa a se defender contra alegações infundadas de horas extras não pagas ou violações de direitos trabalhistas.

Portanto, o controle de ponto ajuda a prevenir abusos, tanto por parte dos empregadores (como exigir horas extras não remuneradas) quanto por parte dos empregados (como fraudes no registro de horas trabalhadas).

Para maximizar a eficácia do controle de ponto, é importante escolher um sistema que seja confiável, fácil de usar e adaptado às necessidades específicas da empresa. Além disso, é essencial garantir que todos os funcionários sejam devidamente informados sobre as políticas de registro de ponto e treinados no uso do sistema.

Com um controle de ponto adequado, as empresas podem não só evitar processos trabalhistas, mas também promover um ambiente de trabalho mais justo e produtivo.

Luiz Carlos Souza Vasconcelos Júnior
Advogado do escritório -VLV Advogados. Membro Associado do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM) Pós Graduado em Direito Público e Privado Bacharel em Direito pela Universidade Estadual.

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