Passaram-se oito décadas desde que um pequeno e seleto grupo de advogados se reuniu no centro da Capital de São Paulo para lançar as bases do que viria a ser a maior associação da América Latina. Com invejável folha de serviços prestados à Advocacia brasileira, consolidou-se, nesse tempo, como respeitado bastião em defesa da classe.
Instituição moderna, atenta aos muitos desafios da profissão, defendendo seus princípios e livre desempenho, voltada ao auxílio dos advogados militantes no seu dia a dia, nunca descurando de enfrentar as novas realidades impostas ao exercício da Advocacia, a ela prestando inestimáveis serviços, sempre com reconhecida qualidade. Essas virtudes definem a Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), mas não limitam ou esgotam a sua importância e atuação.
Gerações de advogados e advogadas empenharam-se para manter esse verdadeiro patrimônio da Advocacia nacional, tendo hoje os colegas que a dirigem a difícil missão de perpetuar tal legado. A responsabilidade é enorme, mas gestão após gestão, mercê de critérios bem estabelecidos e que impregnam a cultura da Casa, não apenas se desincumbem dessa tarefa como mantém a AASP em ininterrupto aprimoramento.
Ainda antes de me tornar Conselheiro da entidade, em 1998, fui inoculado por valor que rege a conduta daqueles que a servem: a impessoalidade – naquela época rigorosamente observada por conselheiros e diretores, como vigiada por colegas que já não mais integravam seus quadros dirigentes. Atualmente, com o advento das redes sociais e a necessidade de espraiar as atividades associativas pelos mais diversos meios de comunicação, permite-se um tanto mais de visibilidade, mas o trabalho quase anônimo e abnegado continua a ser da sua natureza – é salutar que continue assim.
Outra razão essencial e determinante do sucesso da entidade consiste em impedir o “continuísmo” nos seus quadros diretivos. Cada Conselheiro, entre os vinte e um membros que compõem o Conselho Diretor, seu órgão máximo de deliberação, pode cumprir até três mandatos de três anos. Ao final de nove anos o Conselheiro é jubilado, jamais podendo voltar a exercer alguma função diretiva no Conselho ou Diretoria, embora seja de esperar que siga contribuindo com os elevados objetivos da Associação.
No curso dos nove anos, o Conselheiro pode ser eleito pelos seus pares para ocupar cargos de Diretoria, cujos mandatos são de um ano, permitindo-se uma única recondução para a mesma posição. Todos os anos os associados elegem uma chapa para compor um terço do Conselho Diretor, de maneira que a renovação seja constante, mas nunca abrupta, o que conserva as diretrizes do trabalho desenvolvido e mantém a AASP no rumo certo.
O sistema que recruta os colegas para dirigir a AASP, certamente, é responsável por reunir um time forte, coeso e muito ativo para fazer frente aos inúmeros problemas atinentes ao exercício da Advocacia.
Paralelamente, a AASP mantém um conjunto – enxuto porém suficiente e estável – de dedicados e eficientes colaboradores profissionais, o que garante a qualidade de tudo o que se produz para oferecer aos associados.
A par da família, dediquei minha vida, nos últimos quarenta anos, a duas atividades para as quais, modestamente, considero-me vocacionado: a Advocacia criminal e o trabalho nas entidades de classe. Integrei a Diretoria do Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP) por duas gestões, e depois de servir à AASP, onde ocupei os cargos de Conselheiro, Diretor e Presidente, fui eleito para dois mandatos na OAB/SP, como Conselheiro e, posteriormente, como Diretor, de maneira que tive a ventura de participar da Diretoria das três principais entidades de advogados do Estado de São Paulo.
Porém, nada se compara à satisfação que me proporcionou presidir a nossa Associação dos Advogados de São Paulo, por onde passaram notáveis advogados e advogadas, o que também colaborou para afirmar a sua credibilidade institucional perante as mais diversas autoridades dos três poderes, especialmente perante o Judiciário, em todos os níveis.
Ao longo de oitenta anos, todo esse cabedal de virtuosismo e realizações foi construído a muitas mãos, com desinteresse em benefícios particulares ou pessoais, e comprometidas em prestar seus maiores esforços em prol dos objetivos da AASP, sempre voltados a enaltecer a nossa nobre profissão.
Os setenta e cinco mil colegas que se mantém associados sabem reconhecer o valor da AASP para a grandeza e aperfeiçoamento da Advocacia. Aos que permanecem fora dos seus quadros, apesar de tudo que ela representa e oferece, cumpre lançar um apelo para que reflitam sobre a imperiosa necessidade de pertencer a associação dessa magnitude e ter na retaguarda profissional uma entidade com tal força e representatividade, cuja voz é frequentemente ouvida, empenhada em contribuir para a desimpedida atuação de cada um de nós.
Numa sociedade marcada pelo efêmero, há de se comemorar uma entidade da relevância da Associação dos Advogados de São Paulo, cuja evolução vem sendo constante por tanto tempo. Que venham outros oitenta anos, com ainda mais sucesso!