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A disputa pela titularidade da marca “Iphone” entre a Gradiente e a Apple: uma batalha de gigantes na era da tecnologia

A batalha pela marca "iPhone" entre a Gradiente e a Apple teve origem no Brasil quando a Gradiente registrou a marca em 2000, antes do lançamento do iPhone da Apple em 2007, gerando uma disputa de grandes proporções no mundo empresarial.

30/11/2023

No mundo empresarial, as batalhas judiciais pela propriedade de determinadas marcas registradas são uma ocorrência comum. No entanto, raramente vemos uma disputa tão marcante como a que aconteceu entre a Gradiente e a Apple pela marca “iPhone”. Essa briga de gigantes no universo da tecnologia teve início há alguns anos, mas suas ramificações e implicações ainda ressoam no cenário empresarial global.

A história inicia-se no Brasil, quando a Gradiente, uma empresa brasileira de eletrônicos, solicitou o registro da marca "iphone" em 2000, muito antes de a Apple lançar seu famoso iPhone em 2007. A Gradiente havia lançado um telefone com o nome “Gradiente Iphone” em 2002, baseado em tecnologia da época, mas nunca fez um sucesso significativo no mercado.

A Apple, por outro lado, tornou-se sinônimo de inovação e design de alta qualidade com seus produtos, liderados pelo produto iPhone, que revolucionou a indústria de smartphones. Com a crescente popularidade do iPhone, a Apple se expandiu globalmente, incluindo no Brasil. Quando a Apple tentou registrar a marca "iPhone" no Brasil em 2007, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI já tinha concedido a titularidade do uso da marca para a empresa Gradiente.

A disputa judicial entre a Gradiente e a Apple começou a ganhar destaque quando, em 2013, a justiça brasileira determinou a titularidade da marca para a Apple, tendo como base a opinião dos consumidores, contudo a Gradiente recorreu a decisão, assim a matéria chegou até o Supremo Tribunal Federal.

Nos últimos dias, no STF os Ministros Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes e Carmen Lúcia votaram contra o uso exclusivo da marca “iphone” pela empresa Gradiente. Assim, os demais Ministros, Dias Toffoli, que foi o relator, e Gilmar Mendes deliberaram a favor da Gradiente, argumentaram que a flexibilização das diretrizes do registro da marca no INPI seria considerada inconstitucional por privilegiar uma empresa estrangeira.

Em última análise, essa disputa pela marca iPhone é um exemplo notável de como a propriedade de marcas é uma questão crucial no mundo empresarial, especialmente em uma era onde a marca é muitas vezes um ativo infungíveis e imateriais valiosos por si só.

Conclui-se que cada vez mais o mercado está competitivo e globalizado, a disputa pela titularidade da marca "iPhone" entre a Gradiente e a Apple se destaca como um marco significativo. Esta batalha de gigantes demonstra claramente a importância estratégica das marcas no mercado que valoriza não apenas produtos inovadores, além de demonstrar a importância preventiva do registro efetivo de uma marca no órgão competente.

O embate não se restringe apenas a uma questão de direitos e obrigações, mas também levanta questões mais profundas sobre nacionalismo econômico, inovação e a proteção dos interesses das empresas locais em face de concorrentes globais. A decisão final do STF do Brasil reflete a complexidade desse dilema, equilibrando interesses nacionais e direitos de propriedade em um mundo interligado no atual cenário da globalização.

Esta disputa não é apenas uma história sobre uma marca inovadora, mas uma lição sobre como a economia moderna é impulsionada pela propriedade intelectual e pela capacidade de empresas de todos os tamanhos competirem neste mercado macroeconômico.

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1 Disponível em: https://www.infomoney.com.br/negocios/entenda-como-a-disputa-entre-apple-e-gradiente-pelo-uso-da-marca-iphone-foi-parar-no-stf/

2 Disponível em: https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2023/10/23/stf-maioria-vota-a-favor-da-apple-na-disputa-com-a-gradiente-pela-marca-iphone.ghtml

Henrique Checchia Maciel
Advogado com expertise em Compliance Digital, Bacharel em Comunicação Social, Membro da Comissão Especial de Privacidade, Proteção de Dados e IA da OAB/SP, Escritor e Fundador do Podcast "LawCast"

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