Impressionante a reportagem sobre a avaliação internacional sobre a leitura no Brasil. Em 57 países a capacidade de leitura no Brasil está à frente de Irã, Egito e África do Sul. Triste ranking, mas está atrás do Azerbaijão. Vai melhorar! Isso significa defeito de escolaridade, baixa compreensão, e nenhum estímulo para a leitura. Já se invoca a biblioterapia como remédio para os males da alma, com a transformação pela literatura. O livro conserta a terapia. Outro defeito está na qualidade dos livros, da literatura, dos autores, confusos, prolixos, muitas vezes falsas erudições, desconexas da realidade brasileira. Encontramos a resposta em Dorian Gray na cena de Oscar Wilde – livros são bem escritos ou mal escritos, responderá Braz Cubas, o defeito não é meu, e sim do excelente livro ou do péssimo livro. Enfim a leitura transforma, organiza, explode inteligências.
Mas enfim algo nos agrada, e nos conforta em José Roberto de Castro Neves em Caixa de Palavras (Por que você deve ler (e o que ler) – Ed. Nova Fronteira, 2023), ali está o excelente advogado, o professor, o erudito, um estímulo à leitura, com a chave de abóboda de Merval Pereira no seu prefácio revelador e autenticado das qualidades desse livro para a leitura, seu estímulo e prestígio. Não só fico gratificado por ser citado, sim orgulhoso, mas qualificado por falar de um grande livro, erudito e incentivador – não tenho palavras, com tanto entusiasmo, mas peço o socorro a Fernando Pessoa no Livro do Desassossego, em 342 (dez. 1931).
“A mentira é simplesmente a linguagem ideal da alma, pois, assim como nos servimos de palavras, que são sons articulados de uma maneira absurda, para em linguagem real traduzir os mais íntimos e subtis movimentos da emoção e do pensamento, que as palavras forçosamente não poderão nunca traduzir, assim nos servimos da mentira e da ficção para nos entendermos uns aos outros, o que com a verdade, própria e intransmissível, se nunca poderia fazer.”
Vale a homenagem a ser prestada pela Associação Nacional dos Escritores – ANE e a Academia Brasiliense de Letras, em Brasília, no dia 17 de agosto (quinta-feira), às 19h.