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Refugiados: Um problema de todas as nações

A falta de uma abordagem coordenada e a divisão entre os países da UE sobre o compartilhamento de responsabilidades têm gerado tensões e dificultado a busca por soluções conjuntas.

22/6/2023

No dia 20 de junho é celebrado o Dia Mundial do Refugiado, sendo uma ocasião importante para refletirmos sobre a difícil jornada enfrentada por milhões de pessoas em todo o mundo, que são forçadas a deixar seus países de origem devido a conflitos armados, perseguições étnicas, religiosas ou políticas, violações de direitos humanos ou outras formas de violência generalizada

A data, estabelecida pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2000, em reconhecimento à Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951, que define quem é um refugiado e estabelece seus direitos fundamentais, é um convite a pensar nas vidas deslocadas, nas histórias de coragem e na solidariedade, necessária para apoiar aqueles que buscam segurança e uma vida minimamente digna.

A iniciativa tem o propósito de aumentar a conscientização sobre esse cenário diante de todo o mundo, mostrando entendimento e solidariedade. Eles enfrentam inúmeros desafios, muitas vezes deixando suas famílias, amigos e comunidades para seguir em uma jornada repleta de perigos, incluindo riscos à vida, exploração, abuso e discriminação. Por isso, é preciso considerar a importância de acolhê-los, fornecendo proteção e assistência humanitária.

Essas pessoas vulneráveis merecem nosso apoio e compreensão, sendo fundamental promover a inclusão e a integração nas comunidades, garantindo que eles tenham acesso a serviços essenciais, como educação, cuidados de saúde e oportunidades de trabalho.

Os países devem cumprir suas obrigações internacionais e garantir a proteção e o acesso ao asilo para aqueles que buscam refúgio. Isso envolve o estabelecimento de procedimentos justos e eficientes para o processamento de pedidos, bem como a garantia de condições adequadas de acolhimento e segurança para os solicitantes de refúgio, seja oferecendo assistência humanitária, abrigo, alimentos, cuidados médicos e acesso a serviços básicos.

Todos os auxílios podem ser realizados por meio de agências governamentais, organizações não governamentais e parcerias com organismos internacionais, como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

O movimento também nos convida a examinar as causas profundas dos deslocamentos forçados em todo o mundo. Os conflitos armados, a instabilidade política, as violações dos direitos humanos e as mudanças climáticas são alguns dos fatores que contribuem para o aumento do número de refugiados globalmente. Devemos trabalhar em conjunto para abordar essas questões e promover a paz, a justiça e o respeito aos direitos humanos em todas as partes do mundo.

Além disso, é essencial desafiar os estereótipos e preconceitos associados a essas pessoas. Muitas vezes, eles são retratados de forma negativa ou estigmatizados, o que contribui para a discriminação e a exclusão social. Devemos lembrar que eles também têm sonhos e habilidades, e sua contribuição pode enriquecer as sociedades em que são acolhidos.

Durante a crise migratória de 2015, quando houve um aumento significativo no número de refugiados e migrantes chegando à Europa, a resposta inicial de alguns países foi abrir suas fronteiras e fornecer resgate e acolhimento imediato aos que chegavam por via marítima. No entanto, a falta de uma resposta coordenada e de uma distribuição equitativa entre os países europeus levou a tensões e desafios adicionais. 

Para lidar com o fluxo migratório, a União Europeia (UE) e seus Estados-Membros buscam implementar uma série de acordos e políticas. O Acordo UE-Turquia, de 2016, por exemplo, visava conter o número de pessoas atravessando o Mar Egeu ao deportar os imigrantes que chegaram das Ilhas Gregas à Turquia. Além disso, a UE tem buscado estabelecer um sistema de redistribuição entre os Estados-Membros, embora essa medida tenha enfrentado resistência de alguns países.

Muitos países europeus têm fortalecido seus controles de fronteiras e implementado medidas de segurança mais rígidas para gerenciar o fluxo de refugiados. Isso inclui a ampliação de cercas e barreiras físicas, o aumento da vigilância e o fortalecimento das operações de patrulha externas.

A União Europeia tem buscado parcerias com países de origem e trânsito de refugiados, oferecendo ajuda financeira e cooperação em questões como desenvolvimento econômico, segurança e governança. O objetivo é abordar as causas profundas da migração forçada e melhorar as condições nos países de origem, a fim de reduzir o número de pessoas que deixam suas casas.

Essa é uma questão complexa e está em constante evolução, mas ainda enfrenta diversos desafios, como a pressão sobre os sistemas de asilo e de acolhimento, o aumento do discurso anti-imigração e o surgimento de movimentos políticos e grupos populistas contrários à entrada de refugiados. Além disso, a falta de uma abordagem coordenada e a divisão entre os países da UE sobre o compartilhamento de responsabilidades têm gerado tensões e dificultado a busca por soluções conjuntas.

Daniel Toledo
Advogado do escritório Toledo Advogados Associados. Especializado em Direito Internacional. Consultor de negócios. Palestrante. Membro da Comissão de Direito Internacional da OAB/SP e Santos.

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