A transformação digital revolucionou a forma como as empresas interagem com os clientes e com a sociedade, reformulando a entrega de produtos e serviços a partir de uma perspectiva centrada no cliente. É uma jornada contínua, não um evento único, com o objetivo final de aprimorar a experiência deste cliente de ponta a ponta.
O setor jurídico brasileiro tem negligenciado amplamente a transformação digital, criando uma crescente "lacuna digital" entre os escritórios de advocacia e a indústria, que há anos já investe no tema de forma prioritária. A pandemia aumentou ainda mais essa lacuna à medida que a transformação digital acelerou em um ritmo sem precedentes, conforme destacado pelo CEO da Microsoft, Satya Nadella: "Vimos dois anos de transformação digital em dois meses".
Os escritórios de advocacia brasileiros devem se alinhar com seus clientes, considerando a transformação digital como estratégia, e não uma mera tática experimental. E ela vai além do trabalho remoto: requer uma mudança cultural em direção a um modelo operacional digital em um mundo volátil e imprevisível.
O mais intrigante é que essa mudança não está sendo conduzida dentro da própria profissão, mas imposta por empresas que exigem que seus prestadores de serviços jurídicos no Brasil se alinhem e se integrem com suas operações. O mercado jurídico se tornou passageiro da sua própria transformação.
Transformação digital versus inovação
Os termos “transformação digital” e “inovação” costumam ser usados de forma intercambiável no contexto dos escritórios de advocacia, mas possuem características distintas. A inovação se concentra em encontrar novas maneiras de fornecer serviços jurídicos usando processos, pessoas e tecnologia para gerar eficiência e lucratividade. A transformação digital envolve uma mudança abrangente no modelo operacional de um escritório de advocacia para prepará-lo para o futuro. Seus objetivos vão além da redução de custos e ganhos de eficiência, abrangendo também novas oportunidades de geração de receita.
A transformação digital é abrangente, incorporando todos os aspectos do modelo operacional da organização, desde a entrega voltada para o cliente e desenvolvimento de produtos, até gerenciamento e exploração de dados, experiência do cliente, ferramentas e software, estratégia de nuvem, estratégia de data center, segurança da informação e infraestrutura de TI.
Além disso, a transformação digital também inclui a implementação do novo modelo operacional e a mudança cultural necessária para sustentá-lo. Não se trata apenas de adotar novas tecnologias, mas também de transformar a forma como o escritório opera, pensa e interage com clientes e funcionários.
Os escritórios de advocacia precisam entender que a transformação digital não se limita ao trabalho de consultoria para clientes, mas também requer uma abordagem estratégica e holística para transformar suas próprias operações. Adotar a transformação digital pode levar a novas oportunidades de negócios e mais competitividade no cenário jurídico em evolução. Não é apenas uma opção, mas uma necessidade para se manter relevante e prosperar no mundo digital de hoje.
O seu escritório é “digitalmente maduro”?
O Relatório de Maturidade Digital 2022/23 para o Setor Jurídico da Ultimedia, baseado em uma pesquisa com os 100 maiores escritórios de advocacia do mundo, revela que mais da metade dos escritórios de advocacia aumentou o uso de tecnologia nos últimos dois anos. No entanto, essas empresas ainda estão atrasadas na transformação digital. Embora isso possa ser preocupante, também representa uma oportunidade valiosa para os escritórios de advocacia avaliarem sua presença digital e identificarem áreas de melhoria.
No mundo digitalizado de hoje, a tecnologia é fundamental para o sucesso do escritório de advocacia e para a satisfação do cliente. Além dos benefícios óbvios da segurança de dados digitais, a adoção de uma abordagem avançada em tecnologia pode permitir que os escritórios de advocacia gerem novos leads, simplifiquem as operações por meio da automação e ofereçam uma experiência centrada no cliente. Nessa nova era da digitalização, alcançar a maturidade digital não é opcional, mas essencial para se manter competitivo e atender às crescentes demandas dos clientes e do setor jurídico.