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A cultura do exposed X Os prejuízos à privacidade e o bem-estar emocional das pessoas envolvidas

Esses atos podem gerar o famoso “cancelamento” dessas pessoas nas redes sociais, no convívio social e no trabalho.

26/4/2023

Com a facilidade e a velocidade de acesso às informações por meio das redes sociais, dificuldade de obter tutela jurisdicional quanto à prática de crimes, bem assim a fim de prevenir eventuais possíveis vítimas, tem sido comum a utilização das redes sociais para denunciar comportamentos inadequados ou abusivos. Violências sexuais, violência doméstica, de gênero, racismo e abuso psicológico são as principais temáticas das exposições. 

 

Portanto, exposed significa expor um caso nas redes sociais. 

 

Tem-se visto muitas exposições em redes sociais de vítimas de violência doméstica e, aqui, não me atrevo a julgar as razões pelas quais as vítimas optaram pelo exposed das agressões que sofreram, até porque o direito da vítima de expor a sua própria história, no caso uma história de violência, acaba por consequência expondo o próprio agressor.  

 

No entanto, sem desconsiderar que o exposed pode ser um instrumento poderoso de denúncia, essa exposição pública pode trazer consequências de danos imensuráveis para a própria vítima, para o agressor e para os filhos porventura existentes. Ainda, também pode levar a retaliações, cyberbullying e outras formas de violência. 

 

Além disso, a exposição pública pode prejudicar a defesa judicial da vítima, pois pode ser vista como uma forma de vingança ou tentativa de desacreditar o agressor perante a opinião pública. Isso pode prejudicar a avaliação dos fatos pelo juiz ou outros órgãos judiciais, bem assim a vítima pode vir a ser demandada em juízo por reparação de danos (morais e materiais) pelo próprio agressor ou até mesmo pode responder penalmente por eventuais crimes que praticar em razão da exposição pública. 

Assim, o exposed não é a melhor opção para denunciar casos de violência doméstica ou buscar justiça. Existem canais específicos, como delegacias da mulher e serviços de atendimento especializados, que oferecem proteção e apoio jurídico às vítimas. É importante buscar ajuda de profissionais especializados e agir com cautela para evitar retaliações e violência ainda maiores. 

 

Mas se ainda assim a vítima desejar expor a sua história publicamente, procure realizar de maneira a não identificar o agressor e focar no relato do abuso sofrido e no seu sofrimento pessoal. 

 

Por fim, a identificação do agressor, ainda que repugnante os seus atos, não pode ser realizada de forma contrária à lei, sem a observação da garantia constitucional do devido processo legal. Esses atos podem gerar o famoso “cancelamento” dessas pessoas nas redes sociais, no convívio social e no trabalho. 

Caroline Ribeiro Souto Bessa
Advogada da área Penal Empresarial do escritório Martorelli Advogados.

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