O mundo nunca esteve tão conectado, acelerado e aberto à exposição pública da vida pessoal e profissional.
Não é outra a realidade da advocacia.
Com a publicação do provimento 205/21, fica claro que o Conselho Federal da Ordem tem por objetivo regular a participação dos causídicos nas redes sociais e que tipo de publicidade podem realizar nesse ambiente, com vistas a garantir que o decoro da profissão seja protegido. Assim é, que a bancada de Mato Grosso no Conselho Federal da Ordem elaborou a seguinte proposição:
“Dito de outro modo, o objetivo da norma foi obstar os inúmeros coachs jurídicos com os bordões ‘venha aprender a advogar e ficar rico comigo’.”
Ora, entre o coach jurídico do bordão e o profissional honrado há um espaçoso abismo.
Nos tempos de hoje, é notório que a publicidade e o marketing feito nas redes sociais são formas interessantes para promover os serviços da advocacia moderna. As redes sociais são ferramentas importantes para que potenciais clientes conheçam os valores, reconhecimentos, artigos, práticas das bancas de advocacia e profissionais autônomos, além de representarem ferramentas chave de desenvolvimento da marca pessoal.
Sobre marca pessoal e sua relevância, destaco trecho explicativo do Guia de Utilização das Redes Sociais pela Advocacia da OAB- São Paulo:
“Construir uma marca pessoal na Advocacia significa criar um nome que seja conhecido e reconhecido pelo mercado. Ela traduz o valor único que você carrega e mostra ao seu público-alvo os benefícios que pode trazer com o seu trabalho.”
Em outras palavras, explora bem a sua marca pessoal aquele advogado que torna seus atributos conhecidos pelo maior número de pessoas do seu público-alvo, dando ciência dos benefícios que é capaz de gerar, caso seja contratado.
A advocacia, como profissão extremamente pessoal, se baseia no relacionamento e na confiança com os clientes. Para além do renome do escritório, o cliente quer conhecer quem será o advogado que conduzirá o seu caso, anseia pelo seu contato frequente e, também, busca o seu amparo durante toda a relação. Como diz Beatriz Mello, “Um bom advogado vai além do serviço prestado. É a confiança para uma parceria duradoura.”
Posicionar-se, então, nas redes sociais, a meu ver, é extremamente benéfico para a profissão.
Apesar disso, muitos de nós ainda prefere não se expor por falta de interesse ou por receio da exposição. Natural e intuitivo, me parece. A advocacia é profissão tradicional e demanda comportamento reto e ilibado dos profissionais atuantes.
Aproveito, no entanto, para repetir e reforçar: há uma brutal diferença entre o coach do bordão e o advogado sério. Segundo o próprio Provimento 205/2021, supramencionado, são várias as práticas permitidas. O advogado pode, por exemplo, se identificar, demonstrar sua qualificação e títulos, fazer publicidade ativa em caso de venda de bens (livros) e eventos, além da criação de conteúdo e participação do advogado em vídeos (ao vivo ou gravados).
Há um mundo a ser explorado em diversas redes diferentes. Não há que temer a exposição online, apenas, estar a par das permissões e proibições. Cito como inspiração para o leitor a Dra. Bruna Maronesi que, com 10.2 mil seguidores no Instagram, faz publicidade acertada e comedida do seu curso Advocacia sem Fronteiras, que já se encontra na sua terceira edição. Outro advogado que vale mencionar pelo seu posicionamento online é o Dr. Renato Opice Blum. Já renomado e reconhecido no mundo offline, ele vem aumentando o alcance do seu prestígio profissional no Instagram e no LinkedIn com os seus quase 30 mil seguidores. Esse número de seguidores supera, inclusive, o do seu próprio escritório em mais de 3 vezes.
A reflexão é sobre abrir-se ao que surge de ferramenta, a adaptar-nos ao novo mundo, sem descredibilizar nossa profissão.