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Proteger o patrimônio vai além dos laços familiares

Se você acha que o assunto é pouco relevante, não está sozinho.

25/11/2022

Imagine uma empresa sólida, a todo vapor, com dezenas ou centenas de funcionários? Pode ser um pequeno negócio ou algo maior, vendendo, fabricando e até mesmo exportando seus produtos para o mundo. Independentemente do porte da empresa, o sucesso certamente chegou com muito esforço e trabalho, muitas vezes uma dedicação de uma vida inteira. Mas como ninguém vive para sempre, as rédeas do negócio na maioria das vezes passam para as mãos dos herdeiros, que, em muitos casos sem sequer saberem montar no cavalo, acabam guiando uma carroça cheia de pormenores e desafios.

Definitivamente, gerir uma empresa familiar não é simples. E passar esse patrimônio adiante, às demais gerações, pode se tornar algo desgastante e até mesmo problemático se não for realizado no momento certo e por meio de um planejamento, o que pode vir a impactar diretamente na própria perpetuação do negócio e na preservação de um patrimônio conquistado ao longe de uma vida. Sem contar o reflexo que gera na economia do país.

No Brasil são quase 90% de empresas familiares, sendo responsáveis por 65% do nosso PIB e 75% dos empregos, de acordo com o IBGE. A verdade é que a história da economia brasileira foi escrita por empresas familiares. E pequenos negócios guiados por famílias podem se tornar grandes indústrias de padrão mundial. É comum lembrarmos da mercearia do seu João como um negócio gerido pela família, mas não identificamos o Walmart ou a BMW, por exemplo, com esse mesmo perfil. São gigantes de capital aberto, mas fundadas e comandadas até hoje por membros da mesma família.

O problema é que, apesar da confiança e cumplicidade que geralmente existem entre os entes de uma mesma família, não são raros os conflitos internos quando o assunto é a administração do negócio. O resultado disso, alinhado à falta de um planejamento patrimonial e sucessório, é evidente: 70% dessas empresas não sobrevivem à geração do fundador e somente 5% chegam à terceira geração.

Sim, planejamento patrimonial. Estamos falando de organização e de proteção do patrimônio da família, mitigação de riscos e conflitos, de garantir gestão e efetividade ao negócio, economia tributária e transferência dos bens à geração seguinte, de maneira menos onerosa e mais segura possível. É adotar medidas de forma preventiva. É a chave para a preservação do patrimônio e perpetuação do negócio.

Se você acha que o assunto é pouco relevante, não está sozinho. Segundo a Pesquisa Global da PwC sobre empresas familiares, pelo menos 44% delas não têm um plano de sucessão e 72,4% não definiram nomes para cargos-chave como de diretoria, presidência, gerência e gestão. Agora imagine qual o provável fim desses negócios e em qual estatística citada aqui eles entrarão. Ou o que teria acontecido com aquela empresa que findou com os herdeiros puxando a carroça se, além de todo o esforço e dedicação para sua concepção e crescimento, tivesse havido também a adoção de um planejamento patrimonial. Cada um carrega a carroça que pode. Mas objetivar um negócio de sucesso, definitivamente, é para quem se planeja.

Fernando Cavalcanti
Economista, sócio do NWGroup e vice-presidente do Nelson Wilians Advogados.

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