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O papel da liderança nas ações de compliance

Nos últimos anos, ganharam força nas empresas as ações de compliance, para assegurar o cumprimento da legislação e a aplicação de princípios éticos na tomada de decisões.

18/11/2022

Por que é importante termos nas empresas lideranças alinhadas com a ética e a transparência? Sim, esse comportamento traz confiança para dentro de casa, com funcionários, diretores, stakeholders.  Mais do que isso, e talvez ainda mais importante, solidifica a reputação — e também contribui para os negócios — fora de casa.

Pesquisa da consultoria Accenture, com 30 mil consumidores do planeta, mostrou que 83% dos brasileiros preferem comprar de empresas alinhadas com seus valores. Quais valores? Ética, autenticidade, compromissos com a comunidade em que atuam.  A conclusão do estudo é de que companhias próximas a causas além de seus produtos e serviços atraem mais consumidores, são mais competitivas.

Nos últimos anos, ganharam força nas empresas as ações de compliance, para assegurar o cumprimento da legislação e a aplicação de princípios éticos na tomada de decisões.  Relembremos a diferença entre governança e compliance.  Enquanto a governança trabalha para evitar conflitos de interesses entre todos os envolvidos com a corporação, o compliance busca estabelecer formas de garantir o cumprimento da legislação nos mercados em que a empresa atua. E, claro, as normas internas e princípios éticos da própria empresa.

Governança e compliance, como se vê, precisam andar juntos.  Compartilham o mesmo fim: a ética, a integridade e a saúde do negócio. Aqui entra a liderança, o encarregado pelo compliance nas empresas. Para garantir resultados, são necessárias autonomia e independência.

Mais que uma atividade operacional orientada para o cumprimento de regras contratuais ou legais, o compliance é um guia de princípios e valores que formam a identidade da organização, com foco em sua longevidade. A liderança deve ser capaz de gerenciar riscos e relacionamentos com partes interessadas, internas e externas, como reguladores e terceirizados.

Ações relacionadas a gestão de risco, controles internos e sistema de conformidade devem estar fundamentadas em critérios éticos e esses critérios precisam estar refletidos no código de conduta da organização. Controles internos podem e devem ser revistos com frequência, e atualizados. Os critérios éticos, enquanto isso, devem ser longevos, não imutáveis, claro, mas devem ser o GPS, o mapa e a bússola da empresa.

Dessa forma, recai sobre os ombros dos responsáveis pelo compliance a pesada missão de não se distanciarem desse mapa ético. Depois de qualquer falha, a retomada do caminho fica bem mais difícil.

Izabela Rücker Curi
Advogada e sócia fundadora do escritório Rücker Curi Advocacia e Consultoria Jurídica e da Smart Law, uma startup focada em soluções jurídicas personalizadas para o cliente corporativo, que mesclam inteligência humana e artificial. É board member certificada pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa IBGC-São Paulo, mediadora ad hoc e consultora da Global Chambers na região Sul. É mestre em Direito pela PUC-SP e negociadora especializada pela Harvard Law School.

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