Depois de quase meio século sob o regime do apartheid, a África do Sul precisou reaprender a viver sem criminalizar a cor da pele de seus cidadãos. Encerrados dezessete anos de uma ditadura militar bruta, o Chile necessitou de um espírito conciliador para pacificar o País. É sempre o mesmo processo pelo qual passaram nações que enfrentaram a tragédia da guerra civil.
No Brasil não estamos saindo de um regime racista, uma ditadura militar, ou uma guerra civil, porém, depois de processos de impeachment e da Operação Lava Jato, houve tamanha polarização na sociedade brasileira que agora, às vésperas das eleições de 2022, e da crise social, econômica e sanitária que a pandemia da COVID-19 provocou, será necessário promover uma reconciliação nacional, de modo que, o povo brasileiro possa voltar a conviver com os políticos sem rancores tribais.
Não há um modelo universal para superar divergências profundas por isso, cada sociedade descobre o próprio caminho. É certo, porém, que nenhum país se recomponha com a arrogância dos vencedores e a intolerância dos vencidos.
Tais sentimentos precisam ser substituídos por generosidade e humildade, a começar pela superação da ideia insultuosa de que eleitores de uma região votarão com sabedoria, enquanto os de outra, mal sabem o que fazem dentro da cabine de votação.
É tempo de promover uma construção moral e política baseada na igualdade de direitos e na solidariedade coletiva assim como a igualdade equitativa de oportunidades, trazendo a manutenção de desigualdades apenas para favorecer os mais desfavorecidos.
Na verdade, todos os indivíduos de uma sociedade têm direitos e deveres iguais sob todos os aspectos da vida social. Isso quer dizer que, todos os direitos básicos como a saúde, educação, justiça, trabalho e manifestação cultural, devem ser garantidos a todos. Entre todas as formas de vencer a polarização política, a melhor alternativa é a buscar uma visão comum do futuro, com a capacidade de ultrapassar todas as ideologias tendenciosas.
Talvez nunca tiremos as questões de partidarismos e ideologias de esquerda e de direita, porém, não devemos deixar de sonhar por um futuro melhor para uma sociedade mais amparada m, por políticas públicas, por justiça social e pelo amor de ser Brasileiro. Basta que agora que somemos forças em torno de questões consensuais, como estamos vendo no caso do combate universal a COVID-19.
Podemos afirmar que um item fundamental é a luta contra a desigualdade social, que no Brasil ainda é o principal obstáculo para a construção de uma sociedade que busca ser mais democrática e mais produtiva, lógico, por fim mais justa.
Que essa situação dolorosa de calamidade sanitária pela qual passamos possa por fim, marcar o início de um novo tempo para a democracia brasileira no próximo ano.