Desafios ambientais e sanitários potencializados em anos recentes com eventos climáticos extremos e a pandemia da covid-19 reacenderam os holofotes a essencialidade do saneamento básico e sua estreita relação com a preservação da vida.
Em carta enviada a um amigo em 1950, Albert Einstein disse que a maior ilusão do mundo é a noção de separação, já que nada pode existir de maneira isolada. Esta verdade é ainda mais absoluta para o saneamento, que deve ser olhado de forma holística pela sua inter-relação com vários outros aspectos da existência na terra.
Os rios e córregos que fluem entre bairros em uma cidade, entre cidades e entre nações são elementos de conexão, de integração, de paz e nunca de guerra. Eles se interconectam e estão conectados às pessoas, que vivem de suas águas. E para que esse fluxo da vida aconteça em plenitude é necessária uma radical inclusão.
Enquanto houver uma única criança pisando em esgotos e uma única casa sem coleta de esgoto estaremos transformando nossos rios, do latim rivus, em fonte de virus. Um anagrama que explica muito nossa realidade.
Em um cenário assim, o resultado não pode ser outro senão o aumento das filas nos postos de saúde, o baixo desempenho na educação e a completa renúncia ao desenvolvimento.
Estudos recentes das universidades de Nova York e Hong Kong comprovam que a despoluição de rios urbanos também é um importante fator de redução de gases de efeitos estufa. Não bastassem todos os benefícios a nível local, o saneamento contribui também para o planeta.
O projeto novo Rio Pinheiros que a Sabesp executa sob a coordenação da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do governo do Estado de São Paulo, em parceria com outras entidades, é um bom exemplo desta visão holística que une sociedade e meio ambiente.
É saneando os afluentes que cruzam as regiões mais carentes e levando conforto e saúde a milhares de famílias em condição de vulnerabilidade que a vida está voltando ao nosso Pinheiros.
Estamos vivendo um momento único em que poderemos mudar velhos hábitos por um propósito de prosperidade e sustentabilidade. E o saneamento é parte deste enredo.
Em 2020, o papa Francisco protagonizou em uma praça de São Pedro vazia umas das mais marcantes celebrações de nosso tempo. Nos lembrou que vivemos todos num mesmo barco e não podemos deixar ninguém para trás.
Que nesta Páscoa, momento em que lembramos daquele que trouxe luz e esperança para o mundo, possamos fortalecer o olhar da inclusão. A começar por um saneamento básico a serviço de todos, afinal a separação é uma grande ilusão.