Assim como os egípcios sempre afirmaram que o Egito é um presente do rio Nilo, o resto do Brasil tem que aprender que a Amazônia é um presente do rio Amazonas e que na ilha de Marajó, no Pará, além de búfalos existem seres humanos há milhares de anos e outros integrantes da rica fauna da nossa região. Há várias versões da ocupação da região entre elas a do Imazon:
“Vamos começar nosso passeio histórico por volta de 14 mil anos quando levas de imigrantes asiáticos chegam ao vale do rio Amazonas. Você deve estar perguntando a si mesmo: asiáticos? Sim, a hipótese mais aceita atualmente entre os historiadores é a de que o homem chegou às américas há mais de 20 mil anos pelo estreito de Bering. Essa conexão terrestre estava exposta durante as últimas glaciações, 100.000 – 10.000, quando o nível do mar era mais baixo. Isso permitiu a travessia a pé de populações por uma ponte natural ligando o continente asiático à América do Norte.”
Neste artigo destaco e abordo um pouco da história do Pará cujos registro arqueológicos nos dão conta da existência de habitantes desde 3.500 A.C., ou seja muito antes da chegada dos portugueses em 1.500 D.C., como está reportado na wikipédia:
“Existem registros arqueológicos comprovando a presença humana no arquipélago do Marajó e na região de Santarém desde 3000 a.C. No Marajó, os povos agricultores habitavam em cabanas ou casas subterrâneas, desde 3500 anos atrás. Estes povos conheciam a cerâmica, os corantes, compostos medicinais naturais, praticavam a coivara, queimadas para limpar a terra, e plantavam mandioca. A mais conhecida cultura deste grupo é a cerâmica marajoara, que possui decoração e tamanho peculiares. O período de 500 a 1300 foi o auge da cultura marajoara.”
Após a descoberta do ‘novo mundo’ e do Brasil em 1.500 começa a história hodierna do Pará.
“O povoamento do Pará começa com a entrada de holandeses e ingleses, mas consolidado com os portugueses. O início da formação do Estado se dá em 1616, com a fundação do Forte do Presépio, primeiro marco de construção da cidade de Belém, na época Santa Maria de Belém do Grão-Pará.
O responsável pela fundação foi Francisco Caldeira Castelo Branco, antigo capitão-mor do Rio Grande do Norte. Para chegar à Belém, ele saiu do Maranhão, chefiando uma expedição de 200 homens, em três caravelas – Santa Maria da Candelária, Santa Maria da Graça e Assunção.
O Estado do Pará, com 1.248.042 km2 de extensão, representa 16,66% do território brasileiro e 26% da Amazônia. Cortado pela linha do Equador no seu extremo norte, é dividido em 143 municípios, onde vivem cerca de seis milhões de pessoas”. Portal São Francisco.
Em 11/2/22, na revista Oeste, Evaristo Miranda, professor, acadêmico, ecólogo, engenheiro agrícola, escritor e pesquisador brasileiro da Embrapa que atua na área do meio ambiente, publicou o artigo ‘A coroa portuguesa e o sucesso da fruticultura’ que nos dá conta da importância que o reino de Portugal valorizava a Amazônia.
“A história da fruticultura no Brasil ainda não foi escrita. Poucos a conhecem. Ela começou no Reino de Portugal. No século 16, Portugal já possuía experiência empírica consolidada em seleção e melhoramento de frutas. Era o processo de “educação” de plantas. A ponto de Luís de Camões evocar o melhoramento obtido no pêssego (Prunus persica L.), em Os Lusíadas.
O cultivo e o melhoramento de frutas, especiarias e madeiras eram políticas de Estado. Em 4/11/96, a rainha D. Maria I, por carta régia, ordenou implantar um jardim botânico em Belém do Pará. Ele integraria uma rede de jardins criados de Lisboa a ilhas e arquipélagos do Atlântico.
O pedido não surpreendeu o governador da capitania, D. Francisco M. de Souza Coutinho. Ele já trabalhava na criação de um espaço botânico para permuta e aclimatação de fruteiras e especiarias. Ele executou a ordem real, designou local, funcionários e criou o Horto Público de São José.
Desde 1789, a barbárie da Revolução Francesa criara um caos sem precedentes na Guiana Francesa, uma terra sem lei, governada por sucessivos jacobinos, vivendo o bloqueio marítimo inglês, insurreições de escravos e dezenas de execuções. O governador do Grão-Pará mantinha severa vigilância na fronteira e montara uma rede de espionagem na Guiana. Seus espiões, além de informações, traziam secretamente exemplares de plantas raras, com potencial econômico para a Amazônia, do jardim botânico La Gabrielle, em Caiena, a Habitation Royale des Épiceries.
A abolição desestruturara a produção agrícola local, a ponto de a escravatura ser restabelecida na Guiana, em 1802. Com o clima conturbado em Caiena, proprietários rurais franceses migraram. Alguns pediram permissão para atravessar a fronteira e foram autorizados pelo governador do Pará. Eles foram úteis no cultivo de espécies exóticas na Amazônia e suas histórias estão bem documentadas”.
Desde a descoberta do Brasil que países colonialistas do ‘velho continente’ cobiçam a Amazônia e vem tentando fragilizar a soberania do nosso país sobre a região. Há muito venho advertindo contra a possibilidade concreta de sequestro da região. Não devemos subestimar o poder da ONU que no dia 14/5/48 dividiu o território Palestino e criou o Estado de Israel:
A criação do estado de Israel foi uma das primeiras pautas da então recém-criada ONU – Organização das nações Unidas – mas o movimento tinha começado antes do conflito, com a compra de parcelas de terra na Palestina por parte da diáspora, a comunidade judaica espalhada pelo mundo. Quando o conselho das nações decidiu encabeçar a empreitada, às vezes encarada como um tipo de “compensação”, um brasileiro, Osvaldo Aranha, chefe da delegação brasileira na ONU e primeiro presidente da assembleia geral, por isso, tradicionalmente, o mandatário do Brasil fala em primeiro nas reuniões anuais, teve um papel essencial.
Naturalmente a atitude da ONU reconhecendo os direitos de um povo significou a tentativa de redenção dos países europeus que há séculos perseguiam os judeus e para quem estuda história tal perseguição redundou em milhares, talvez milhões, de mortes, numa típica atitude ‘genocida’. Tal atitude envergonha a todos nós que descendemos desses povos genocidas que hoje posam de salvadores do planeta e da humanidade. Redigir a história é em grande parte um processo de diversão, no sentido de mudança de direção. A maioria dos relatos históricos distrai a atenção das influências secretas que se escondem por trás dos grandes acontecimentos. É preciso, entretanto, sempre lembrar que “o passado não perdoa nem é esquecido.”
O ambientalismo está no cerne da campanha de tomada as Amazônia e é a sua principal arma. As ONGs internacionais levam ao mundo através de relatórios uma visão distorcida da atuação dos habitantes da região. O que nós amazônidas esperamos é que o Brasil venha a valorizar a região amazônica da mesma forma que a rainha D. Maria I quando, por carta régia, ordenou implantar um jardim botânico em Belém do Pará nos idos de 1796, reconhecendo a região como um dos polos de desenvolvimento do nosso país.