Migalhas de Peso

Aulas híbridas – Necessidade vital

Não cabe retrocesso quando se trata da vida.

1/2/2022

(Imagem: Arte Migalhas)

Não vamos nem perder tempo. Ninguém aqui está falando em fechar as escolas! Ninguém está falando em deixar as nossas crianças e adolescentes sem aula, todavia, não podemos achar que está tudo normal, haja vista que o cenário fala de per si, pois, desde o início da pandemia estamos agora na fase mais crítica de transmissão, e as UTIs em situação novamente crítica em Mato Grosso.

O “novo normal” é justamente usar o que a era da tecnologia nos oferece, já que não existe escassez para esse mundo digital de possibilidades. O que é razoável, sensato e seguro no momento, sem dúvida, é a adoção dos procedimentos de que a tecnologia felizmente nos permite desfrutar, com toda segurança, e que consiste na manutenção pelas escolas das aulas pelo sistema remoto/online, além do presencial, para os pais que assim desejarem.

O “novo normal”, repito, aconselha nesta fase crítica de disseminação da variante ômicron, não descartar o sistema virtual, com aulas remotas pelos aplicativos (Microsoft teams, ZOOM Cloud Meetings, etc), possibilitando escolha de cada pai/mãe de enviar o seu filho, presencial ou continuar virtualmente, consoante aconteceu praticamente nos últimos dois anos.

Para segurança de todos os envolvidos no processo educacional é fundamental preservar o que já se mostrou eficaz nesses dois anos de pandemia, ou seja, ampliar o leque de possibilidades que estão à nossa disposição, em face do quadro epidemiológico ainda grave que estamos vivendo, tendo em vista os recordes diários de novos casos oficialmente confirmados de contaminação por Covid-19, agravados pela possibilidade de contaminação concomitante pela gripe Influenza H3N2.

Posiciono-me no sentido de que as escolas precisam preservar o que já se mostrou possível (no plano das tecnologias disponíveis) e seguro (no aspecto da preservação da saúde e da vida), mantendo-se estruturadas quanto ao oferecimento de aulas ministradas mediante sistema híbrido, ou seja, online e presencial, como ocorreu no ano passado (2021), evitando com isso aglomerações e deslocamentos absolutamente desnecessários e perigosos, viabilizando, dessa forma, ensino diretamente no lar de cada família que assim optar, salvo se essa opção não se mostrar viável, o que não corresponde à  realidade atual.

Não se pode fechar os olhos para os avanços tecnológicos, com todos os seus benefícios, especialmente nesta fase crucial e angustiante porque passamos. A educação e tecnologia são irmãs gêmeas univitelinas.

Penso que a escola, especialmente a privada, não pode obrigar os pais a levarem seus filhos para aglomeração em salas de aula presencialmente, e ainda, o que é pior, ameaçá-los com sanções, caso não o façam. Não faz sentido os pais pagarem valores expressivos de mensalidade escolar e ainda serem obrigados por decisão de alguns poucos dirigentes a submeterem seus filhos aos riscos sanitários (riscos de vida, inclusive) dessas decisões de natureza totalitária. 

De forma semelhante, não devia o Poder Público definir que as aulas sejam retomadas 100% no modelo presencial, no que se refere aos alunos das escolas públicas, sem efetuar uma audiência pública consultando os que serão afetados por essa decisão nada democrática. Se a dificuldade é de ordem financeira ou tecnológica, que o Estado dê prioridade para a solução do problema, haja vista que arrecada impostos altíssimos, exatamente para atender o interesse coletivo, mas nunca obrigando todos indistintamente, e sem consenso ou consulta, porque ainda vivemos num Estado Democrático. 

O momento é extraordinário, que exige extrema cautela, motivo pelo qual tudo tem que ser adequado/estruturado/sopesado/mitigado, enfim, conformado aos perigos que estamos enfrentando.

Não adianta querer mascarar a realidade ou dar-lhe o aspecto que melhor atenda ao interesse financeiro do grupo a que se pertença, pois se “temos que aprender a viver com o vírus, porque ele não vai embora”, que o façamos de forma sábia e sobretudo segura.

Sim, concordo, ele aparentemente não vai, e até por isso temos que nos reprogramar, reinventar, INOVAR, ou continuar, ao menos, fazendo aquilo que já vinha dando certo, no caso das aulas – aulas online -  vez que esse vírus maligno já mostrou que não está para brincadeira, pois já ceifou a vida de milhares de pessoas.

Concordo que a vida segue e passando rápido demais, e não temos como congelá-la e recomeçar a partir do dia 11 de março de 2020, ou quando, finalmente, tudo isso estiver acabado, e assim, temos que abraçar esse fato e respeitá-lo.

Dessa maneira, temos que adequar a rotina à contemporaneidade: trabalhar, estudar, cuidar da saúde, ir a supermercados, farmácias, postos de gasolina, viajar, etc, contudo, sempre de maneira que menos nos coloque em risco, evitando aglomerações e deslocamentos desnecessários.

Não é porque está disponível que temos que ir ou fazer.

A vida é o bem maior, e por conseguinte temos que protegê-la em cada situação e em todos os instantes. A saúde é a prioridade!

Se a escola já tem um sistema operacional pronto e funcional, pelos aplicativos suprarreferidos, (aulas online), porque não continuar com esse sistema, possibilitando aos pais escolherem (se online ou presencial) pelo menos neste primeiro semestre do ano, até ocorrer “nova normalização” da pandemia?

É verdade que já existe vacina, e que bom que há, todavia, muitos ainda não foram vacinadas, e outras não vão se vacinar mesmo (não vou entrar nesse mérito). 

Neste momento, não estou nem um pouco preocupada com as eventuais críticas pelo meu posicionamento. Aqui não sou advogada, estou sendo apenas mãe, defendendo a preservação da saúde dos meus filhos menores de idade.

Pelo sistema híbrido, aqueles pais que se sentirem confiantes poderão normalmente enviar seus filhos à escola, de forma que não haverá prejuízo a ninguém. 

Sei que vão pensar, ah! mas e as crianças que estudam nas escolas públicas? Devo lembrar que Estado e Municípios têm condições de oferecer o melhor sistema híbrido escolar, basta colocar o ensino como prioridade.

Muitos órgãos públicos neste começo de ano abriram as portas, e, logo em seguida suspenderam os atendimentos presencias, voltando ao teletrabalho, exatamente em combate à disseminação da Covid-19, como é o caso do Poder Judiciário, Ministério Público, Tribunal Regional Eleitoral, Defensoria Pública, e muitos outros órgãos estão em escala de rodízio ou, como a Universidade Federal de Mato Grosso, que suspendeu o atendimento presencial, etc. 

Desde o ano de 2020, todas as audiências de conciliação e instrução, sustentação oral, sessões de julgamento na segunda instância do Poder Judiciário são realizadas online, operando pelas plataformas virtuais, e muitos outros órgãos públicos em atendimentos virtuais, até consultas médicas virtuais, e está dando muito certo, contribuindo para não aumentar a perda de vidas.

Neste contexto, as escolas voltarão 100% presenciais, precisamente na pior fase de transmissão do vírus? No pior cenário da pandemia, com os hospitais públicos e privados entrando em colapso? É indesculpável e perigoso contrassenso!

Não cabe retrocesso quando se trata da vida!

Gisele Nascimento
Advogada, Especialista em Direito Civil/Processo Civil, pela Cândido Mendes, pós-graduanda em Direito do Consumidor, pela Verbo Jurídico e Direito Previdenciário, pela EBRADI.

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