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Aplicativos virtuais - Comodidade ou controle e manipulação de dados

Com a criação da internet e o aprimoramento dos aplicativos virtuais, muitas pessoas passaram a utilizar as plataformas cibernéticas para comprar e pagar on-line, selecionar repertório musical e até escolher a melhor rota viária para viagem.

13/7/2021

(Imagem: Arte Migalhas)

Contextualização sobre o paradoxo entre a praticidade de utilização de plataformas virtuais e a possível aplicação de algoritmos personalizados no âmbito comercial, intelectual e até ilicitamente.

Com a criação da internet e o aprimoramento dos aplicativos virtuais, muitas pessoas passaram a utilizar as plataformas cibernéticas para comprar e pagar on-line, selecionar repertório musical e até escolher a melhor rota viária para viagem. Nessa perspectiva, a celeridade e a especificidade podem fazer com que muitos aplicativos virtuais substituam os serviços físicos e, quanto mais utilizados, gerarão mais dados com consequente armazenamento de algoritmos na internet. Por conseguinte, o que se denominou "Big Data", reserva virtual pautada nas escolhas dos usuários, se tornou uma fonte lucrativa para muitos e controle político e econômico para outros. Nessa perspectiva, a pergunta atual a ser feita é se o usuário da internet pode ser beneficiado pela proteção e eficiência dos serviços on-line ou há uma forma de controle e manipulação enrustida em comodidade, aparentemente inócua e gratuita.

A priori, deve-se contextualizar que o celular e o computador se tornaram ferramentas imprescindíveis no dia a dia da escola, do trabalho e na vida doméstica. Nesse plano, cada pessoa utiliza diariamente variados aplicativos para agilizar o desempenho laboral. Um exemplo disso é o serviço Ifood, Uber, Spotify, Waze - aplicativos criados para personalizar escolhas com padronização virtual. Destarte, observa-se que a utilização destes pode trazer muitos benefícios para amenizar a correria diária e o excesso de tarefas a serem executadas.

Entretanto, muitos questionamentos estão surgindo devido a exposição de dados pessoais e a possível utilização de algoritmos virtuais comercialmente, politicamente e até na deep web. Desse modo, a cada clique do mouse, as pessoas se transformam em fornecedores de dados e não meramente consumidores, fato que põe em xeque a real intenção dos serviços on-line. Nesse diapasão, pode-se fazer uma comparação metafórica com o modelo panóptico de Michael Focault, no qual o indivíduo é constantemente vigiado por um sistema anônimo onipresente e onisciente. Portanto, pode-se perceber que a visibilidade de dados denota um viés de manipulação e até uma estratégia de poder comercial e político. Para exemplificar, houve o referendo sobre o Brexit no Reino Unido, que utilizou metadados da internet para estimular a população a votar a favor da saída do Reino Unido da União Europeia- fato que posteriormente se concretizou.

De acordo com o cientista alemão Albert Einstein, "se tornou aparentemente óbvio que nossa tecnologia excedeu nossa humanidade". Por conseguinte, nota-se que toda a utilização de plataformas e aplicativos virtuais pode trazer benefícios para quem as utiliza, todavia, por trás da celeridade e comodidade, podem existir interesses comerciais e políticos ocultos. Faz-se mister que cada usuário cibernético tente equalizar sua necessidade de utilização virtual e a excessiva exposição de dados pessoais. Ademais, há uma necessidade urgente de criação de legislações atuais para que as plataformas sejam responsabilizadas por possíveis danos morais e materiais aos usuários.

Joseane de Menezes Condé
Discente de Direito Unimep Piracicaba, cursa aula de redação há 2 anos e é formada em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Minas Gerais. Escreve para o Jornal Gazeta Piracicaba.

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