A pandemia do novo coronavírus causou alterações abruptas em diversos setores e em diferentes profissões. Na advocacia não foi diferente. O impacto foi imediato. O isolamento social promoveu a aceleração de um processo que já estava em andamento, que é a substancial virtualização do trabalho jurídico.
O momento certamente é desafiador. Hoje a advocacia tem um novo significado. Vivenciamos tempos de mudanças e reestruturações.
Precisamos pensar em como atuar, profissionalmente. A profissão passa por mudanças muito importantes e ainda alçará novos rumos com o aperfeiçoamento da tecnologia. O trabalho será mais virtual, menos presencial.
A forma de exercer a advocacia e a estrutura dos escritórios mudarão na fase pós-pandemia. E, isso envolve desenvolvimento de habilidades que devem ser aperfeiçoadas.
Para jovens advogados, que costumam ter como seu escritório o seu próprio computador, as atividades virtuais são muito bem-vindas. Esses já fazem muito bem essa tarefa de trabalhar digitalmente.
Os grandes escritórios, cada vez mais, se adaptam às novas rotinas e aos métodos de trabalho pela internet, Whatsapp, Instagram, youtube, etc.
O maior desafio, talvez, seja o ambiente físico. Abrir mão de um grande e belo espaço pode ser operacionalmente complexo e desafiador para muitos. Mas, para outros tantos profissionais e escritórios, o home office pode ser a opção ideal e catalisadora de uma nova era, com mais eficiência e despesas reduzidas.
O home office é, de fato, um grande facilitador. Diminui o custo de se manter financeiramente toda a estrutura física de um escritório e também o tempo perdido dos profissionais com o deslocamento. Melhora a autoestima dos que poderão ficar mais tempo com a família, enquanto trabalham. O grande desafio é de adaptação do escritório domiciliar. A sala de espera de clientes pode ser virtual.
Não são somente os advogados e os magistrados que passarão a adotar, com muito mais abrangência, o modelo virtual. Os clientes, por certo, também já estão com olhar mais flexível para fazer audiências e reuniões por videoconferência. Reuniões pelos aplicativos vieram para simplificar e otimizar a rotina de todos.
É importante destacar que o Poder Judiciário já caminhava, antes da pandemia, para o fim dos processos físicos. Nós, operadores do Direito, não podemos resistir às mudanças tecnológicas. São inevitáveis. Verdade é que, apesar de tanto falarmos da virtualização, certos aspectos são delicados, como as audiências e atuações nos tribunais, por exemplo.
A pandemia trouxe, ainda, o alerta de que a resolução do conflito de forma pacífica pode ser, em numerosos casos, mais interessante do que a judicialização de demandas. A mediação e arbitragem são métodos eficazes de resolução de conflitos e, mais do que nunca, instrumentos indispensáveis. Temos que desenvolver novas habilidades para o modelo virtual, e muito ganharemos com isso.
Nesses meses de pandemia, alguns julgamentos ocorreram por videoconferência.
Já há resolução do Conselho Nacional de Justiça para regulamentar o assunto, temos implementações das videoconferências nos tribunais superiores e já está em andamento nos tribunais de justiça, tribunais regionais do trabalho e tribunais regionais federais.
Outra mudança significativa no pós-pandemia tem a ver com as demandas do mercado. A covid-19 afetou a estrutura de quase todos os negócios jurídicos celebrados, como os contratos, seja de locação, de empréstimo, de fornecimento, entre outros. Alterou as relações trabalhistas. E toda a vida social estruturada juridicamente sofreu um abalo muito grave. Essas relações precisam ser reacomodadas. É certo que nós advogados devemos estar preparados para a grande demanda de trabalho que surgirá no pós-pandemia.
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