E de repente, estamos todos confinados. Quarentena. Isolamento. Trabalho remoto. Distanciamento social.
Essas são as palavras de ordem.
Fique em casa! É a campanha e o comportamento que se exigem e se impõem.
As rotinas mudaram. E as pessoas estão mudando para... criarem rotinas.
Em meio ao caos, tentamos nos organizar.
Durante o dia, seguiremos cumprindo a maioria dos nossos compromissos usando basicamente as mesmas ferramentas de sempre: um computador, um celular e uma boa conexão de internet.
Não era isso que queríamos? Mais tempo em casa, horários flexíveis, almoço "grátis", chinelo e bermuda?
Era o que muitos queriam. É o que muitos já faziam. Mas ninguém jamais sob a condição de permanecer em inarredável reclusão.
Home office para os que podem. E se podem, devem. Sem previsão concreta de retorno ao status quo.
Aliás, haverá status quo? Pois talvez somente exista o status quem. Com o perdão pelo trocadilho latim.
Vai ver o que nós precisamos mesmo é de um novo status. Uma disposição de pensamento e atitude diferentes da que tínhamos até dois meses atrás. Época boa em que nada disso existia e tudo não passava de uma notícia fantástica vinda de um mundo distante, muito distante.
Há dois meses as pessoas podiam simplesmente ir e vir (dentre otras cositas más).
E agora, o que somos?
Somos uma sociedade em busca de um novo modus operandi em meio ao mar de incertezas que nos governa (não confundir com os sujeitos cheios de certezas que nos desgovernam).
No Brasil particularmente a situação parece ser inédita, dado que jamais experimentamos um mal maior de tamanha magnitude, ao menos em nosso território. Historicamente, senso de coletividade e civismo se forjaram durante e após períodos de escassez e restrições. Essa pode ser a nossa chance. Vamos ser otimistas. Não há opção.
Mesmo no aspecto global, quem sabe a pandemia não seja o catalisador natural que a humanidade precisava para se reinventar e fazer o que mais sabe: evoluir e se adaptar.
Se já caíam as barreiras que separavam a vida pessoal e a profissional, o indivíduo agora deve enxergar a si mesmo como membro de uma grande rede colaborativa, onde todos devem exercitar a empatia e a temperança a torto e a direito. Na pessoa física e na jurídica.
A crise nos deu o poder e a responsabilidade de influenciarmos efetivamente o meio ao nosso redor. O fazer e o não-fazer nunca foram tão importantes. As nossas ações passaram a gerar impacto e reflexos em progressão geométrica, literalmente.
Será preciso ceder e conceder para receber e ganhar. O mundo como conhecemos só voltará a existir se todos se ajudarem e permanecerem de pé. Se isso acontecer, já será diferente e terá valido a pena (se a alma, claro, não for mesquinha e pequena).
Convenhamos, a oportunidade é única porque ela vai passar e porque, tomara, nunca irá se repetir.
Ao contrário da música, em nenhum dia a Terra parou.
_____________________________________________________________________