Deste número total de homicídios que ocorreram em 2017, 35.783 destas dizem respeito a jovens de 15 a 29 anos de idade. Dado este que demonstra que haverá um grande choque demográfico e econômico nos próximos anos, visto o aumento de vida de pessoas mais idosas, que estão se aposentando, com o aumento das mortes de jovens que deveriam estar ativos, no mercado de trabalho.
Vale ressaltar que estas mortes, em 2017, representaram 54,5% do total de mortes do ano, sendo que esta faixa etária – 15 a 29 anos de idade – representam apenas 24,6% da população total do Brasil.
Além do mais, esta pesquisa indicou também que houve um aumento de homicídios contra mulheres, com cerca de 13 assassinatos por dia, chegando ao total de 4.936 homicídios de mulheres em 2017.
A lei Maria da Penha 11.340 entrou em vigor no ano de 2006, com o intuito de proteção à mulher contra a violência doméstica. O IPEA mostrou que de 2007, logo após a vigência da lei, até 2017 ocorreu um crescimento de 30,7% no número de homicídios cometidos contra mulheres. Sendo que 28,5% destes casos ocorreram dentro das residências das vítimas, ou seja, causados por violência doméstica.
Ressalta-se que foi verificado, ainda, que em 2017, 75% das vítimas de homicídios no Brasil foram negras, ou seja, 49.201 pessoas. Tendo o IPEA apresentado o dado de que, nesse ano, para cada indivíduo não negro vítima de homicídio, aproximadamente, 2,7 negros também foram vítimas de assassinatos no Brasil.
Este Atlas da Violência, em uma seção inédita, informou que com relação à violência à população LGBTI+, inicialmente, já houve uma grande dificuldade em gerar a estatística destes dados, visto que o IBGE sequer realiza estudos para catalogar informações com relação à orientação sexual populacional no Brasil.
Através dos dados catalogados pelo disque 100 – canal de denúncias de violações de direitos humanos – verificou-se que o número de homicídios registrados em 2016, com relação a LGBTI+, foi de 85 pessoas e em 2017 atingiu 193 vítimas, mais do que o dobro de um ano para o outro, o que demonstra a ascensão desta violência contra esta população.
Estes dados apenas coadunam com a importância que políticas públicas em todos os âmbitos – legislativo, executivo e judiciário – são relevantes para a tentativa de preservação da vida daqueles que são considerados os mais fragilizados em nossa sociedade, quais sejam, jovens, mulheres, negros e os LGBTI+.
Pesquisas aprofundadas, como esta do IPEA, demonstram, claramente, que é preciso manter e realizar efetivas e periódicas ações públicas em todos os estados e cidades brasileiras sob a conscientização do aumento dos índices de violência no país, como um todo, com o intuito de auxiliar na diminuição destes índices com o consequente aumento da segurança para os indivíduos considerados mais fragilizados na sociedade brasileira.
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1 Atlas de Violência do IPEA: clique aqui
2 Reportagem do Estadão: clique aqui
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*Mariana Cardoso Magalhães é advogada sócia de Homero Costa Advogados.