No trabalho evitamos viagens ou viajamos para onde e quando quisermos. Se antes acordávamos às 4h da manhã para chegar no destino da reunião às 10h, hoje podemos sequer sair de casa, ou viajamos para outro lugar desejado, e tudo ocorre no horário, sem qualquer desgaste.
Reduzimos ou zeramos determinadas insalubridades. Se antes precisávamos pôr a mão na massa, hoje máquinas, criadas e guiadas por nós, fazem isso.
Garantimos maior produtividade e em alguns casos qualidade. Se antes o trabalho era manual e restrito às nossas capacidades humanas, inclusive aquela de não produzir semelhante idêntico, hoje máquinas, criadas e guiadas por nós, executam esses serviços com maior rapidez e técnica.
Encontramos produtos, cultura, músicas, artistas, clientes, companheiros, amigos de infância, ou não, de trabalho, de festa; programamos 1001 atividades profissionais, recreativas e a lista continua.
AGORA PARA, RESPIRA E RESPONDA: e a nossa liberdade de escolha, por exemplo, de não ter a caixa postal lotada de ofertas, da mensagem de feliz aniversário, idêntica a outras em número igual aos habitantes do planeta, que objetiva apenas que lembremos do vendedor?
Vai para o ralo ou precisa ser exigida por meio de um descadastro.
Ora ora ora, a Constituição Federal, conjunto de leis fundamentais que organiza e rege o funcionamento do país, garante a liberdade de escolha. Nascemos livres, não precisamos exigir esse direito.
E a nossa privacidade? De acessar o que quisermos sem ter, em segundos, vendas na porta (sentido figurado)? E o monitoramento e rastreio de nossos gastos e necessidades passageiras de um dia sem querer que se tornam apelativas?
E os falsos presentes (você ganhou a, b, c por x tempo)?
E o click sem querer gerador da compra do pacote de serviços que você sequer imagina o que seja ou fez uso?
E aquela ligação ou e-mail da empresa que você nunca ouviu falar a qualquer horário para oferecer produtos e serviços ou cobrar outros que você não contratou?
Lembremos que a inteligência artificial apenas precisa de energia. Prescinde de sono, descanso, estar com a família e amigos, de abraço, de férias ou feriado. Não tem emoções. Logo, sensibilidade ZERO. Podemos estar no meio de um AVC, porque ela (a inteligência artificial) ligou, e ela continua o processo de venda...
Envia SMS, WhatsApp e e-mail a todo momento. Não precisamos querer, SIMPLESMENTE ACONTECE.
Se quisermos reclamar perante os órgãos que poderiam defender nossos direitos constitucionais de liberdade, após dizer qual a cor da roupa de baixo (sentindo figurado), as respostas serão evasivas, usualmente sem solução e sem trâmite. Se respondermos o e-mail recebido de confirmação de recebimento da reclamação, o retorno será: NÃO É POSSÍVEL ENTREGAR.
O e-mail enviado ao CONTATO da empresa, via site, tem caixa de entrada no limbo. Aliás, ouvi falar que não existe mais...
Programas que seguem e desseguem nas redes sociais...
Ludibriar pode? Ouvimos algumas vezes a expressão essa pessoa é 171. Isso porque o artigo 171 do Código Penal diz: “Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”.
As redes sociais filtram o que você assiste, consome, vê e lê.
Como saberemos o que realmente queremos?
HÁ CRIMES SENHORAS E SENHORES. Há crime travestido de conforto, praticidade e conexão.
HÁ GRADES, CADEIAS, CORRENTES VIRTUAIS.
Ok, ok, ok. Não sabemos como nos comportar, afinal usufruímos direta ou indiretamente de tudo isso. Independente de tudo, estejamos ATENTOS.
Pode ser perdida a capacidade de raciocinar e de relacionar-se. Há surto de ansiedade e depressão como resultado do volume de informações.
Que qualquer novo instrumento de venda passe por comitê especializado e garanta a pura liberdade de escolha; o direito de ir e vir; do livre arbítrio.
A Inteligência Artificial é uma porta aberta. Que possamos controlar quando e como a abriremos.
Na Wikipédia Inteligência artificial (por vezes mencionada pela sigla em português IA ou pela sigla em inglês AI -artificial intelligence) é a inteligência similar à humana exibida por mecanismos ou software. Também é um campo de estudo acadêmico.
Um sistema que utiliza inteligência artificial pode armazenar e analisar bilhões de dados, realizar automaticamente tarefas com base nessa análise, fechar acordos, vender, controlar uma linha de produção etc., mas não é capaz de criar estratégias do zero. Além disso, tudo o que envolve humanização, sentimentos como empatia ou características como dedicação, mesmo em um contexto onde a IA se espalhe, ainda dependerá de uma interação entre o homem e a máquina. Empregos como os conhecemos hoje se transformarão, muitos inclusive deixarão de existir, mas tantos outros novos surgirão.
AVANCEMOS! CRESÇAMOS! DESENVOLVEMO-NOS! Tudo isso, mas que a LIBERDADE seja GARANTIDA e a PRIVACIDADE PROTEGIDA.
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*Marta Aparecida Zardinello é advogada.