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O uso de algoritmos e dados pessoais em plataformas online

De acordo com um estudo recente realizado e divulgado pela Pew Research Center (Instituto de pesquisa americano sem fins lucrativos), 74% dos usuários do Facebook responderam que não possuem sequer o conhecimento sobre a existência de uma lista de seus interesses organizada e coletada pela plataforma.

31/1/2019

Atualmente, sabe-se que a maioria dos sites existentes, como redes sociais e lojas online, coletam muitas informações sobre o comportamento e interesse de seus usuários. Tais informações são coletadas a fim de oferecer e fornecer conteúdo e recomendações aos usuários, com base nos interesses evidenciados ao longo do acesso a determinada plataforma, permitindo que propagandas e links sejam mais precisos e diretos àqueles que se mostram verdadeiros potenciais consumidores.

Diante deste cenário, surge uma questão: até que ponto os usuários compreendem o sistema de classificações por meio de algoritmos e o quanto tais classificações de fato refletem e atendem os reais interesses de cada pessoa?

De acordo com um estudo recente realizado e divulgado pela Pew Research Center (Instituto de pesquisa americano sem fins lucrativos), 74% dos usuários do Facebook responderam que não possuem sequer o conhecimento sobre a existência de uma lista de seus interesses organizada e coletada pela plataforma.

O estudo apresentou que 88% dos participantes tiveram conhecimento sobre “sua página de preferências” (Your Ad Preferences) apenas a partir da participação na pesquisa, sendo que o material ali listado havia sido gerado de forma automática a partir da análise por algoritmos, e 59% dos usuários confirmaram que as categorias listadas na referida lista estavam de acordo com seus interesses na vida real.

Por outro lado, 51% dos usuários do Facebook indicaram que não se sentiam confortáveis ao saber sobre o uso de seus dados de acesso ou sobre a criação de tal lista para a influência e direcionamento de propagandas e links.

Importante salientar que as informações coletadas não são tão simples quanto parecem, uma vez que podem incluir questões sensíveis como filiações e tendências partidárias e políticas, categorizações raciais e culturais e opções sexuais.

De toda forma, apesar de ser uma lista pública e acessível pelos usuários, a partir da pesquisa ficou evidente que existe uma grande falta de comunicação e informação por parte das plataformas sobre como e até que ponto os dados coletados são utilizados e armazenados.

A esperança que temos é que a questão sobre o controle e regulamentação sobre o uso de dados esteja cada vez mais em foco tanto pelas empresas que utilizam e lucram com tais informações, mas também – e principalmente – pelos próprios usuários, que devem se atentar e se preocupar com a segurança de suas informações.

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*Fernanda Quental é sócia do escritório Daniel Advogados.

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