Vivemos no país um período desafiador em nossa história recente. No campo político, econômico e social eleva-se a temperatura dia após dia. Ainda mais neste ano eleitoral, cujo sufrágio, processo de escolha, concluindo-se no ato de votar em outubro próximo, talvez seja a mais intrincada na primeira eleição para escolha do presidente da república e demais cargos pós segundo impeachment de um presidente deste país.
Nas redes sociais, lemos discursos, palavras, textos exacerbados do ponto de vista, principalmente, político. As redes tornaram-se um campo de batalha, ao passo que a tolerância está num último plano, bem como, a ponderação e a razão. Todos argumentam sem, entretanto, buscar o sentido saudável e construtivo de persuadir e convencer, sem tamanha agressividade uns aos outros. É a intolerância.
A tolerância, disse Celso Lafer em entrevista ao Jornal do Advogado, número 441, pág. 15, “é saber lidar com verdades contrapostas – verdades religiosas e políticas que, levadas adiante, também se traduzem no processo democrático. A tolerância é mais desafiadora quando se passa a lidar com o diferente”.
É provável que um dos fatores para tamanha hostilidade nas redes sociais são facilitadas pelo desconhecimento pessoal entre si, o que contribui para a polarização do país e, infelizmente, não é a regra, mas passa para o campo da violência quando ocorrem encontros em massa, por exemplo, em manifestações de apoio a determinadas pessoas ou causas.
Por isso, é urgente e necessário o resgate da ponderação e tolerância, tarefa árdua e difícil nos dias atuais, mas que se houver a persistência nesse sentido, ainda que num primeiro momento essa ideia receba críticas negativas e pejorativas, ou acusação de tendenciosa, o resultado será um equilíbrio nas relações entre pessoas. Conflitos sempre existiram e existirão, mas é necessário um momento de reflexão de cada um para esse resgate neste Brasil.
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*Alexandre Yukio Higuchi é advogado no escritório Higuchi e Perandin Advogados.