É curioso como os gestores de escritórios de advocacia (na verdade, empreendedores em geral) relegam a estratégia empresarial a segundo plano e não percebem as consequências à saúde, sustentabilidade e à longevidade do negócio.
Mesmo escritórios de grande porte, os quais já atingiram um relevante posicionamento no mercado, sofrem com a falta do direcionamento estratégico estruturado.
A estratégia, além de apontar o horizonte para o qual a banca deve caminhar, faz a conexão entre todas as áreas da gestão. É na estratégia que tudo se alinha e se encaixa; de onde saem as diretrizes e para onde retornam os indicadores de resultado para observar se o empreendimento está na direção pretendida.
É comum, também, encontrarmos escritórios que acreditam ter uma estratégia para o negócio, entretanto, focada apenas em aspectos mais explícitos do empreendimento, como por exemplo, os econômicos e financeiros.
Uma estratégia que foca apenas em tais indicadores é acometida por profunda miopia empresarial.
Outra falha importante que atinge as estratégias dos escritórios é o foco apenas no curto prazo, relegando o importante aspecto da sustentabilidade e perenidade.
O que é estratégia?
O conceito de estratégia nasceu da necessidade de realizar objetivos em situação de concorrência; como é o caso na guerra, nos jogos e nos negócios.
Estratégia é uma forma de pensar no futuro, integrada no processo decisório. É um procedimento formalizado e articulador de resultados. É uma programação de trabalho. ( Maximiano, 2004, p. 379).
Chiavenato (2000, p. 280) nos ensina que "em termos empresariais, pode-se definir a estratégia como a mobilização de todos os recursos da empresa no âmbito global visando atingir os objetivos a longo prazo".
Vale enfatizar que, para alcançar o objetivo de longo prazo, é imprescindível que esteja absolutamente absorvido e seja prestigiado por todos os níveis do negócio e que todos os estratos tenham igual clareza sobre como cada núcleo contribui e sustenta a estratégia do escritório como um todo.
Para atingir objetivos é imprescindível que o escritório "olhe para fora" e conheça tendências, mercados, tecnologias, pontos fortes e fracos dos concorrentes, oportunidades de curto médio e longo prazos, assim como as ameaças encontradas no ambiente externo.
Olhar para dentro do escritório é, também, fundamental para alcançar o sucesso. Os pontos fortes do escritório, as demandas de melhorias, as políticas de gestão de pessoas entre outros.
A medida que o escritório faz a leitura dos pontos fortes e demandas de melhoria, bem como das ameaças e oportunidades que estão no mercado, as decisões tomadas elevam sobremaneira a probabilidade de atingir os objetivos almejados pelo escritório.
Sem estratégia as decisões são como um tatear cego, regido pelo ensaio e erro e, quem sabe, no fator sorte!
Assim, a estratégia deve ter um olhar 360º, com atenção aos aspectos econômicos, financeiros, de mercado, de pessoas e de processos, além de inovações e tecnologia e, principalmente, na execução do planejado. É justamente nisso que 90% dos gestores falham.
Pode parecer muito teórico e abstrato num primeiro momento, mas sem o direcionamento estratégico tudo fica mais difícil.
Para auxiliar no entendimento, vamos a um exemplo:
Imagine um escritório com 60 colaboradores, destes, 40 são advogados e os outros 20 estão distribuídos em funções de suporte jurídico e administrativo.
Os gestores deste escritório fictício sofrem com a falta de comprometimento do time em relação às metas e objetivos de longo prazo da organização, pois estão focados no dia a dia (por vezes as metas são alcançadas, mas não é uma constante).
Percebem, ainda, que o seu time de líderes (advogados sêniores e gerentes) está acomodado, pois obtém bons honorários e encontram-se numa situação estável.
Pode parecer a você, leitor, num primeiro momento, que este é um escritório sem muitos problemas, afinal todos trabalham muito, algumas vezes as metas são alcançadas e os líderes são bem remunerados.
A falta de um horizonte estratégico
Acontece que há um problema muito grave que impede este empreendimento de crescer e que, no longo prazo, pode até comprometer sua sustentabilidade: a falta de estratégia.
Note que há, por falta de um horizonte estratégico bem definido a desconexão entre os profissionais e os objetivos da organização.
Além disso, podemos perceber que não existem programas de desenvolvimento de pessoas, uma vez que há uma acomodação dos líderes em suas atuais posições.
A meritocracia e a remuneração variável atribuída ao atingimento de metas, certamente, não são aplicadas.
Fica nítido, no exemplo fictício apresentado, como a estratégia permeia toda a organização, fazendo o papel de conectora de todos os recursos necessários e disponíveis para o alcance do objetivo global do empreendimento.
Balanced Scorecard e PDCA
Utilizamos, aqui na ÉOS e com os nossos clientes, dentre as metodologias de gestão estratégica disponíveis, o Balanced Scorecard (BSC), pois nos permite ter essa visão 360º das bancas para as quais trabalhamos e traçar as melhores estratégias para cada caso.
Em linhas gerais, "o BSC pretende tornar claro para todos os níveis da banca a visão, missão e estratégia, para que todos saibam o que deve ser feito e como suas ações afetam o desempenho organizacional. A ideia central é focar os esforços, evitando a dispersão das ações e recursos destinados em favor da implementação da estratégia."1
Já escrevemos um artigo abordando este tema e sugiro que você clique no banner abaixo e o leia para enriquecer ainda mais o seu conhecimento.
Naturalmente que um planejamento não conseguirá contemplar absolutamente todas as variáveis possíveis para um empreendimento, o que não minimiza a importância de um planejamento estratégico, pelo contrário.
A gestão parte do princípio que tudo o que fora planejado deve ser aplicado, monitorado e, quando necessário corrigido e padronizado.
O que acabamos de descrever no parágrafo anterior é, exatamente, o famoso Ciclo PDCA (do inglês: Plan, Do, Check, Act/Adjust). O Ciclo PDCA é um método iterativo de gestão da qualidade para alcançar a melhoria contínua de processos, produtos ou serviços.
Assim, especialmente no mundo veloz no qual vivemos, a avaliação de resultados e correções de rota devem acontecer sistematicamente e a estratégia revisitada constantemente, fazendo a avaliação dos resultados obtidos e os ajustes necessários para o alcance dos objetivos organizacionais.
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