Milhares de estudantes se tornam profissionais do Direito todos os anos, provenientes de inúmeras universidades que oferecem ensinos das mais variadas qualidades.
Não se pretende aqui abordar estatísticas a respeito, no entanto, é fato que mesmo com tantos profissionais da área inseridos na sociedade, a gama daqueles que realmente estão preparados e dispostos a trabalhar em prol da justiça permanecem escassos.
Irrelevante a posição ou cargo que ocupa, todos os operadores do direito possuem como cerne profissional o dever ser, não se tratando de uma faculdade, mas de imposição quanto ao zelo com o qual devem desempenhar suas funções.
Na prática, o que se constata com tamanha frequência é exatamente o desleixo profissional, a ausência de comprometimento com a causa e com o juramento feito um dia em nome da justiça.
Advogados, promotores de justiça, juízes e diversos outros integrantes do Poder Judiciário reafirmando, dia após dia, à sociedade que a justiça brasileira não possui solução.
Tem-se a morosidade como o corriqueiro questionamento quando o assunto é o Poder Judiciário, contudo, esta se mostra, lamentavelmente, um costume de cunho procrastinatório de profissionais despreparados por diversos fatores para o exercício do mister, além de problemas de natureza estrutural e organizacional, acarretando um estado de lástima jurídica.
Vale ressaltar, nesse momento, outro obstáculo a boa prestação jurisdicional, sendo esta o oposto à morosidade.
A agilidade ou praticidade, sobretudo no andamento processual, seja por manifestação das partes, através de seus procuradores, seja do magistrado em seus atos processuais, e demais exercitores do direito, devem sem dúvidas, ter como objetivo a celeridade processual, porém, o que se verifica atualmente são profissionais eivados de extremos, morosos no desempenho de suas funções ou que buscam tamanha agilidade e praticidade que perdem o senso de humanidade, bom senso e zelo no seu múnus.
Eis o desequilíbrio presente na justiça, que acarreta prejuízos aos clientes, em relação ao advogado que trata com displicência a condução de processos, no que tange àqueles que de qualquer forma praticam atos processuais e assim o fazem com o fito de se livrarem de mais um número, prazo, pressão ou problema alheio.
Curso de Direito não pode, em hipótese alguma, ser entendida como uma atividade banal e sim vocação, esta que provavelmente irá ditar qual tipo de profissional determinado estudante será.
O futuro das pessoas está em mãos muitas vezes não preocupadas em abraçar a causa e por ela lutar, ou mesmo interessadas em fazer valer a justiça em seu conceito puro, mas na intenção de pôr fim a qualquer custo de demanda judicial, ainda que e princípios basilares do direito sejam sacrificados.
Situação atual e estarrecedora, o judiciário encurralado pela ausência de equilíbrio de seus membros, mais, ausência de ética, esta norteadora do trabalho como um todo e exaustivamente prevista como normas, constantemente descumpridas.
É inadmissível e insustentável a situação, da qual comporta uma reflexão sistemática, o problema não parece ter origem, ao menos não primária, na quantidade de profissionais na sociedade, mas na qualidade dos mesmos.
Nesse diapasão, vale trazer à baila outro questionamento, aquele especialista que vai cuidar do futuro de tantas pessoas, assim o faz por vocação?
Há uma certeza, se a resposta for negativa, certamente bom profissional não será!
Longe se está de uma mudança radical do Poder Judiciário, todavia, toda mudança se inicia de cada indivíduo, o conformismo gera estagnação e vitimismo, tanto do profissional, quanto da sociedade.
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*Bruna Coutinho Noronha é advogada.