Um novo centro para São Paulo
Alexandre Thiollier*
Será possível realizar um projeto como esse, aparentemente mirabolante?
Particularmente, acredito que sim, desde que se tenha ousadia e coragem. A ousadia e a coragem que se espera para encarar o imenso desafio de resgatar o Centro de São Paulo, transformando-o em área irradiadora de pujança, como aconteceu nas
Toda cidade que queira ser levada a sério necessita de uma ou duas torres altas, acrescentam os jornalistas da The Economist. São Paulo teve o seu boom de arranha-céus há muito tempo, com a construção dos edifícios Martinelli, Terraço Itália, Banespa e Mirante do Vale (antigo Palácio Zarzur Kogan, concluído em 1960), que é pouco conhecido, fica no Vale do Anhangabaú e é atualmente o prédio mais alto da cidade e do país, com <_st13a_metricconverter productid="180 metros" w:st="on">180 metros distribuídos em 51 pisos. Lamentavelmente, é um verdadeiro monumento à decadência do nosso Centro, ao lado de outros monstrengos de cimento e ferro, entre os quais cito o São Vito, até hoje uma incógnita na barafunda urbana.
Está na hora de São Paulo se levar a sério e decidir pela construção de um novo símbolo da cidade, uma torre moderna, que seja vista à distância pelos moradores e visitantes. Na avenida Paulista, a Fundação Casper Líbero planejou construir um arranha-céu de cujo topo seria possível avistar até a Baixada Santista, mas o projeto não foi realizado em toda sua plenitude. Neste início de século, a despeito dos ataques às Torres Gêmeas em setembro de 2001, acontece uma nova onda de construção de edifícios altos, tendo como epicentro a Ásia, em franca expansão econômica. The Economist afirma, baseada em suas fontes, que cerca de 40% dos 200 prédios mais altos do mundo ficaram prontos a partir do ano 2000, nada menos que 80 arranha-céus. Outros 8%, aproximadamente 15 edifícios, ainda estariam sendo erguidos neste exato momento. São empreendimentos arrojados, que desafiam forças econômicas e políticas. Quando ficam prontos, passam a ser ponto de referência das cidades onde estão plantados.
Como são prédios com grande visibilidade, normalmente apresentam linhas inovadoras e agregam modernos processos construtivos, até para tornar o empreendimento rentável. O desafio é utilizar materiais mais leves e resistentes, que permitam uma redução no tempo de construção e assegurem um espaço útil acima de 80%. Pelo próprio gigantismo, um espaço considerável dessas torres é ocupado por vigas e colunas, necessárias para dar sustentação à estrutura.
O empreendimento mais ousado é a Torre Dubai, em construção na capital dos Emirados Árabes Unidos, com projeto de arquitetos americanos e construção a cargo da Samsung. Quando ficar pronta, em 2008, será de longe a mais alta do mundo, com impressionantes <_st13a_metricconverter productid="800 metros" w:st="on">800 metros de altura, quase <_st13a_metricconverter productid="300 metros" w:st="on">300 metros acima da atual recordista, a Torre Taipei, em Taiwan, que ascende a <_st13a_metricconverter productid="508 metros" w:st="on">508 metros do solo. O edifício, com 160 pisos, será ocupado por escritórios, residências, hotéis e shoppings, criando em torno de si uma movimentação econômica equivalente a de uma cidade de médio porte.
O momento é este. Onde conseguir os recursos? Estima-se que US$ 2 trilhões circulem diariamente pelo planeta globalizado. Muita gente procura investimentos atraentes para aplicar seu dinheiro. Proponho a criação de PPPMs – Parcerias Público Privadas Municipais, para dar garantia de que o poder político apóia o empreendimento, além da criação de um Fundo Imobiliário administrado pela iniciativa privada, que captaria recursos de investidores externos e internos. São Paulo tem grandes empresários e investidores que podem se interessar por um projeto desse porte. Além disso, o Fundo Imobiliário permitiria que pequenos e médios aplicadores também entrassem no projeto, especialmente os atuais proprietários de prédios, terrenos e fundos de comércio na área deteriorada, evitando com isso processos expropriatórios.
Nenhuma cidade séria deu as costas ao seu Centro. Quando viajamos para Paris, Nova York, Chicago, Berlim, Lisboa ou qualquer outra capital importante, para onde vamos? Para a área central, onde a vida pulsa mais forte e mais vibrante. Mas fica aqui uma observação: a construção de uma torre no Centro seria apenas o arranque de um grande projeto de recuperação, que exigiria a criação de uma Agência Reguladora para a Recuperação do Centro de São Paulo. Essa agência seria responsável pelo planejamento e execução de projetos de revitalização, abrangendo uma área de oito milhões de metros quadrados, mínimo necessário para garantir resultados práticos e mudar de vez a degradação a que está condenada a região. Detalhar essa proposta é assunto para outra oportunidade.
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*Advogado do escritório Thiollier Advogados e senador suplente pelo PFL <_st13a_personname productid="em São Paulo. Foi" w:st="on">em São Paulo. Foi diretor de Patrimônio da Cohab-SP em 2005
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