A participação da sociedade na discussão das pautas políticas cresceu nos últimos anos, como reflexo do amadurecimento democrático e do surgimento de grupos informais com o objetivo de defender seus interesses. O papel desses grupos na estrutura política surge como uma representação no processo de tomada de decisões, por meio de apresentação de proposições ou de pedidos que podem vir a ser abordados na discussão política.
Atualmente, a dificuldade de consenso no Brasil pode ser consequência da diversidade de interesses. Quanto mais complexa é a sociedade, maior o aparecimento de interesses específicos e, de forma concomitante, conflitantes entre si (Burdeau apud Castilho Esparcia, 2013, p. 22). Nesse sentido, podemos destacar a quantidade enorme de grupos que participam semanalmente das reuniões e audiências públicas no Congresso Nacional, com o objetivo de marcar seus posicionamentos em relação a determinado tema.
Tal complexidade pode ser atrelada à maior qualificação dos grupos e, consequentemente, à maior capacidade de articulação de suas necessidades. O surgimento de um grupo é a "consciência de um interesse comum por parte de um determinado setor da comunidade".
No Brasil, podemos destacar os grupos formados pelos movimentos "Vem pra Rua" e o “Muda Brasil”, contra a corrupção instalada no país e contra um grupo de políticos considerados corruptos, com o objetivo de mobilizar a população na defesa de valores como democracia, ética na política e um Estado eficiente. Trata-se de uma reação à classe política corrupta existente no país. É comum o surgimento de grupos como reação à criação de um grupo que pode prejudicar potencialmente os interesses gerais; ou uma reação a determinado fato social.
Assim, podemos afirmar que o que torna possível a criação de um grupo é o interesse comum de seus membros, seja como "reafirmação psíquica de interação entre seus membros seja como identificação externa diante de outros grupos sociais".
A necessidade de haver relações mais transparentes entre grupos informais e o governo, pautadas em condutas éticas, é um caminho sem volta. A tendência no Brasil é o fortalecimento desses grupos, e, consequentemente, a revisão da atividade de relações governamentais para se adequar ao contexto político e social atual.
____________