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"Será que sou uma fraude?" - Como o advogado pode superar a síndrome do impostor

Advogados que sofrem da síndrome podem experimentar sintomas típicos de forte ansiedade pelo medo de serem desmascarados ou "descobertos" como uma fraude.

1/2/2017

A Síndrome do Impostor se refere ao medo que alguns profissionais enfrentam de não serem tão bons, competentes ou inteligentes como os outros os veem. Advogados que sofrem desta síndrome podem experimentar sintomas típicos de forte ansiedade pelo medo de serem desmascarados ou "descobertos" como uma fraude.

Aqueles que sentem isso, duvidam de sua capacidade e isso pode torná-los incapazes de assumir o crédito por suas realizações. Eles acabam sentindo que seu sucesso é por sorte, o que pode levá-los a menosprezar as suas conquistas.

A verdade é que alguns estudos mostram que este problema atinge cerca de 70% da população em algum momento de sua vida. Isso significa que uma grande parte dos profissionais têm a sensação de que não são suficientemente bons para ocuparem o cargo que ocupam ou por estarem realizando determinado trabalho.

Mesmo Albert Einstein provavelmente sofreu desta Síndrome em algum momento da sua carreira: "A estima exagerada sobre o meu trabalho, deixa-me muito pouco à vontade. Sinto-me compelido a pensar em mim mesmo como um vigarista involuntário.", disse ele.

Se você acredita sofrer com esta Síndrome, clique aqui e faça o teste.

E se o resultado foi positivo, como lidar com isso de uma maneira mais saudável? O que deve ser feito para gerenciar ou superar esta incômoda sensação? Abaixo, algumas dicas que podem servir para aqueles que têm enfrentado este problema:

1. Foque no seu preparo

Seja você um advogado com o seu próprio negócio ou um colaborador de alguma empresa ou escritório de advocacia, a Síndrome do Impostor pode esgotar sua energia e desencorajá-lo a ir em frente, perseguindo os seus objetivos para atingir o sucesso.

Por isso, ao sentir que está "fingindo" ser bom em alguma coisa, pense em se focar neste assunto para aumentar o seu conhecimento e preparo. Dedique o tempo e o esforço necessários para ter uma maior sensação de segurança no que queira fazer. Quando estudamos e fazemos aquilo que realmente sabemos, sentimos uma maior segurança e isso pode diminuir a sensação de estar enganando alguém. Além do mais, há um reforço positivo ao seu comportamento, quando você é autêntico e acredita realizar um trabalho para o qual está efetivamente qualificado. Busque ter atitudes que fortaleçam esta sensação.

2. Aumente a sua autoeficácia

Autoeficácia não é a nossa capacidade de realizar algo, mas sim, a nossa crença de que somos capazes de fazê-lo. Uma maneira de aumentá-la é passando por experiências repetidas naquilo que ainda não temos domínio.

Como exemplo, o medo de fazer uma apresentação em público ou mesmo uma sustentação oral. Ao começar a praticar na frente de outras pessoas, em locais em que você se sinta mais confortável, como no seu ambiente social ou em pequenos eventos profissionais, você vai superando os obstáculos que impedem de se sair bem. E o sucesso que você alcançar através da persistência e obstinação, pode levá-lo à sensação de domínio também.

Outra maneira de aumentar a sua autoeficácia é observando outros profissionais em situações semelhantes à sua e que se saíram bem naquela experiência, porque perseveraram. Isso pode ampliar a crença de que você também pode melhorar seu desempenho e ter sucesso.

3. Não seja tão rigoroso consigo mesmo

Todas as pessoas que são grandes realizadoras, já tiveram o seu momento de insegurança, de não serem tão capazes quanto os outros acham que são. Provavelmente seja isso que Bertrand Russell, filósofo inglês que viveu no século XX, queria dizer com a frase "O problema com o mundo é que os estúpidos são excessivamente confiantes, e os inteligentes são cheios de dúvidas".

Por isso, ao invés da autoflagelação, comece a praticar a autocompaixão. Lembre-se de que você não está sozinho e isso pode ajudá-lo a reduzir seus receios.

Preocupar-se sobre como os outros o enxergam é natural. É uma indicação de que você se importa, além de ser um reflexo da humildade, mas isso não pode impactá-lo a ponto de deixar de fazer coisas que são importantes para você. Afinal, aqueles que são impostores ou 171 de fato, provavelmente, sequer por um único dia de suas vidas, experimentam as dores desta Síndrome.

4. Analise os seus pensamentos

Mais do que ter consciência sobre os seus pensamentos, é importante praticar a metacognição, ou seja, o pensamento sobre o pensamento. Já que a Síndrome do Impostor envolve tipicamente pensamentos e sentimentos sobre o seu desempenho, uma maneira de lidar com ela é que na hora que aparecer, você parar e começar a se perguntar:

- Minha dúvida sobre mim mesmo é justificável?

- Que provas concretas existem para validar os meus medos?

- Que crenças limitantes estou carregando na minha cabeça?

- Quem as colocou lá?

- Eu estou permitindo que minhas emoções tomem conta do meu raciocínio lógico?

- O que posso fazer para mudar isso?

5. Cultive o equilíbrio mental e emocional

Quando praticamos o equilíbrio mental e emocional, é mais provável que consigamos atingir um outro estágio. Podemos fazer isso, quando reconhecemos que estamos dando o nosso melhor para aprender e conhecer o nosso trabalho. Há outras maneiras de conseguir isso: parando com a tirania das comparações. Como disse Mark Twain, "a comparação é a morte da alegria". Além disso, pare de buscar a validação externa. Por que escolher depender dos julgamentos, das opiniões e dos possíveis preconceitos dos outros?

Finalmente, não se esqueça que os custos de perpetuar a Síndrome do Impostor superam em muito todos os benefícios possíveis. Por exemplo, a ansiedade que acompanha esses sentimentos, pode esgotar a sua energia e desencorajá-lo a perseguir os seus sonhos e objetivos para que alcance o tão almejado sucesso. Sentindo-se como um impostor você pode não estar se dando o seu devido valor.

Que outras dicas você poderia dar aos seus colegas que também os ajudassem a superar isso?

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*Ana Barros é coach, advogada e sócia da Thelema Coaching para Advogados.





*Maria Olívia Machado é coach, advogada e sócia da Thelema Coaching para Advogados.

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