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Filme "Tempos Modernos", de Charles Chaplin, completa 80 anos. Modernizamos?

Perdemos a capacidade de analisar a realidade, ou, até mesmo, de pensar criticamente, já que a tecnologia ocupa todo o tempo – tempo de descanso e leitura –, toma funções humanas e demanda, ainda, no trabalho, níveis altos de produtividade.

21/7/2016

O último filme mudo de Charles Chaplin, Tempos modernos, completa 80 anos, mas sua temática, infelizmente, continua atual e pertinente. E nosso tempo presente não é tão moderno nem tão melhor como acreditamos.

O longa-metragem aborda a vida urbana na década de 30, logo após a crise de 1929, quando a depressão atingiu a sociedade norte-americana e acarretou grandes taxas de desemprego e fome.


A história é protagonizada pelo famoso personagem Vagabundo, ou Carlitos, que trabalha em ritmo acelerado na linha de produção de uma fábrica. Em cenas engraçadas, mas denunciadoras da triste realidade causada pela maquinização do trabalho e pela alienação do trabalhador, Carlitos acaba tendo os movimentos alterados por conta do trabalho repetitivo e sofre uma crise nervosa. Após período internado em um hospital, ele tenta começar uma nova vida, mas encontra a crise e equivocadamente é preso como grevista e agitador comunista.


O filme critica delicadamente os “ismos” da época: capitalismo, fascismo, imperialismo, capitalismo, fordismo, taylorismo. As críticas permanecem atuais, pois o modelo de trabalho e a busca do lucro desenfreado ainda hoje diminuem a nossa criatividade e a percepção do mundo. E as crises continuam a ser motivo para que se diminuam direitos dos trabalhadores e da sociedade.

A despeito das supostas modernidades, tais como redes sociais que nunca desligam, celulares inteligentes, informações constantes etc., perdemos a capacidade de analisar a realidade, ou, até mesmo, de pensar criticamente, já que a tecnologia ocupa todo o tempo – tempo de descanso e leitura –, toma funções humanas e demanda, ainda, no trabalho, níveis altos de produtividade.

Seguimos em frente, progredindo, ou acabamos sendo engolidos pelas máquinas, como no filme? Reagimos ou começamos a nos mexer frenética e repetidamente?


Leia análise da evolução dos processos de trabalho, em artigo da socióloga Lorena Holzmann, Doutora em Sociologia pela Universidade de São Paulo e Professora Titular do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul: Tempos (ainda) modernos, 80 anos depois?

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*Antonio Fernando Megale Lopes é advogado da banca Loguercio, Beiro e Surian Sociedade de Advogados, bacharel em Direito pela Unesp e especialista em Gestão Pública.

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