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"O Jogo da Imitação", internet e agências de inteligência

O tema do filme continua atual, tem em vista a obsessão da NSA em decriptar as comunicações oriundas da internet.

19/3/2015

O filme "The Imitation Game" conta a saga do matemático britânico Alan Turing e sua unidade nas tentativas de decifrar as comunicações alemãs durante a 2ª Guerra Mundial. Saga inspirada em fatos reais, que mudaram os rumos do conflito mundial.

A captação das comunicações era algo fácil de fazer, entretanto o conteúdo delas estava indecifrável. Isto porque os nazistas usavam a máquina Enigma para encriptar as mensagens. Até então, a Enigma era o maior dispositivo de encriptação da história.

A cada dia, a equipe de Turing tinha exatamente 18 horas para descobrir a configuração da Enigma. Tarefa praticamente impossível diante das 159 trilhões de combinações possíveis.

Ao final do filme e da história, Turing consegue, com a ajuda do primeiro protótipo de computador nominado Christopher, descobrir uma técnica para desvendar as configurações diárias da Enigma.

A lógica condutora do filme continua bastante atual. As grandes agências de inteligência do mundo conseguem, com certa facilidade, acesso aos pacotes de dados que trafegam pela internet. Mas se os conteúdos dos pacotes digitais estiverem criptografados, de forma eficaz, não será possível compreender o teor das comunicações.

Esta última afirmação foi feita pelo ex-agente da NSA - National Security Agency dos Estados Unidos da América, Edward Snowden, conforme relato do jornalista Glenn Greenwald no livro "No Place to Hide".

Snowden diz ao jornalista que existem duas grandes obsessões dentro da NSA. A primeira é o objetivo de interceptar, filtrar e armazenar a totalidade do tráfego da internet do mundo. Já a segunda obsessão da NSA é a criptografia ou, melhor dizendo, o aperfeiçoamento de técnicas para decriptação de comunicações eletrônicas.

Não por outro motivo que a NSA mantêm o National Cryptologic Museum, além de um convidativo plano profissional para matemáticos, mais especificamente criptógrafos, interessados em fazer carreira na agência.

Fico imaginando quantos matemáticos, a serviço das agências de inteligência, estão atualmente debruçados em tarefas semelhantes às de Alan Turing. As tentativas de decriptação destes profissionais possivelmente dizem respeito às comunicações feitas através da rede mundial de computadores.

A diferença é que o êxito destes matemáticos, ao contrário do filme, não irá salvar o mundo e a Inglaterra do nazismo e sim matar um dos elementos fundamentais da democracia: a privacidade dos cidadãos ao redor do planeta.

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*Frederico Meinberg Ceroy é presidente do Instituto Brasileiro de Direito Digital – IBDDIG. Especialista em Direito Digital/Cyber Law, promotor de Justiça, doutorando em Direito, autor do livro "Coletânea Legislativa de Direito Digital", CHFI.

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