Já sabemos que a contratação de empresas de logística jurídica é algo comum atualmente nos escritórios que atuam com contencioso de volume, eis que superada a fase de sofrimento com a contratação de correspondentes avulsos, os quais, de certa forma, realizavam o mesmo trabalho, porém, internamente, geravam uma série de procedimentos administrativos que, além de ocupar um grande número de funcionários, oneravam sobremaneira o escritório.
Trabalhar com correspondentes, organizando sua gestão, não é tarefa que deve ser delegada aos colaboradores internos do escritório, porquanto há empresas no mercado que fazem isto a um custo muito menor e com maior efetividade.
O principal questionamento que se faz hoje em relação ao trabalho desempenhado pelas empresas de logística jurídica é: até quando vão subsistir? E a resposta é: enquanto existir a Advocacia no mundo!
Para esclarecer a afirmação acima é necessário tão somente mencionar que os serviços de logística jurídica estão sendo reinventados a cada dia, assim como a própria Advocacia. Ao menos pelas empresas sérias e comprometidas.
Nascida há relativamente pouco tempo, a logística jurídica conseguiu ocupar seu espaço de direito no contexto da gestão legal dos escritórios e departamentos jurídicos.
Partindo, inicialmente, da gestão de contatos com os correspondentes, as empresas passaram a atuar de modo mais próximo dos escritórios, fugindo da pura realização de tarefas meramente executivas como gerir extração de cópias e comparecimento em audiências e assumindo espaços que outrora eram ociosos, devido à falta de profissionalismo até então existente no setor.
Hoje já podemos falar em desenvolvimento de projetos para atuação direta nas demandas judiciais com a terceirização de várias tarefas do contencioso de volume, em acompanhamento integral de processos, em identificação e mapeamento de fluxos administrativos e operacionais do escritório para otimização de procedimentos e até mesmo em serviços de back office, que podem ser representados por confecção, conferência e protocolo de petições, análise de atas de audiência, além de suporte total ao departamento paralegal do escritório.
De outro lado, temos também os serviços completos de negociações administrativas, com departamentos com estrutura de telemarketing para viabilização de acordos extrajudiciais e contingenciamento de ações judiciais.
Para aqueles escritórios que já tenham seus correspondentes cadastrados e desempenhando um suposto bom trabalho, poder-se-ia falar em consultoria em logística jurídica, ou seja, na análise do trabalho desenvolvido pelo departamento paralegal e pelos correspondentes ou mesmo outras empresas que já atuam para o escritório, com apresentação de relatório de efetividade.
O alinhamento de interesses entre o escritório e a empresa de logística jurídica deve ser o melhor possível para se alcançar os objetivos esperados. Em suma, ambos devem pensar na parceria de modo a conduzi-la a se tornar uma aliança e não mais ter a pecha de simples contratação de prestadores de serviços.
Chega-se a um momento em que questões estratégicas devem ser colocadas na mesa e o escritório deve dizer exatamente o que espera da empresa, para que ela possa participar do crescimento almejado.
Muitas vezes a empresa de logística jurídica é justamente o facilitador de diversos trabalhos que hoje são realizados com dificuldade ou sem expertise pelo escritório de Advocacia, eis que os colaboradores geralmente são Advogados, estagiários de direito ou assistentes jurídicos sem formação específica em negócios, em administração, em finanças, em gestão de pessoas e outras áreas estratégicas para o escritório e, sobretudo, para seus clientes.
Um exemplo prático disto pode ocorrer quando o escritório analisa que seria interessante para determinado cliente diminuir o volume de ações, mas não possui um departamento específico para viabilizar o projeto.
As empresas de logística jurídica que estão na vanguarda da Advocacia já dispõem deste tipo de serviço, com departamento de negociações, realizando a análise de viabilidade de contingenciamento de ações. O trabalho contemplaria a prestação de uma consultoria em negociações, com levantamento de informações para embasar os acordos, o que resultaria na imagem para os clientes de um escritório proativo, trazendo a eles uma solução antes mesmo que ele saiba que necessita dela.
Em suma, são muitos os trabalhos a serem realizados por uma empresa de logística jurídica, não mais cabendo se falar em simples gestão de correspondentes ou idas aos fóruns e repartições públicas.
Dizer que entrega cópias ou atas no menor prazo possível não é mais o discurso que os escritórios esperam, assim como dizer que a atuação é feita por profissionais comprometidos e que as cópias são de extrema qualidade. Isto é o mínimo que se espera, é a obrigação da empresa!
Atualmente há muitas empresas e escritórios no mercado que se dizem especialistas em logística jurídica, mas apenas são pessoas querendo se aproveitar de um momento de ascensão do setor, querendo pegar carona no trabalho sério realizado por profissionais que estão há anos no mercado e inventaram muitos conceitos hoje já sedimentados na seara jurídica.
Neste sentido, é obrigatório que os escritórios analisem as empresas existentes no mercado e busquem referências sobre seus serviços, tanto com outros escritórios quanto com profissionais ligados à área de gestão legal, procurando se cercar de todas as garantias necessárias para evitar riscos desnecessários.
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*José Jeronimo Reis é advogado, diretor administrativo da Inove Logística Jurídica.
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