Alexis Stepanenko, um homem por excelência
<_st13a_personname productid="Jayme Vita Roso" w:st="on"><_st13a_personname productid="Jayme Vita" w:st="on">Jayme Vita Roso*
Desta feita, escolhi Alexis. Posso afirmar, afiançar e garantir que, da sua vida pública, nada usufruiu a não ser a fecunda experiência e muitas decepções. É um homem que vive franciscanamente, apesar do rótulo de político.
Fiz-lhe o convite para desnudar-se a todos os brasileiros conscientes e responsáveis, e, por transposição, para todos os leitores avaliarem que a política ainda pode ser salva neste país. Mas é preciso que se encontrem varões da estirpe de Alexis.
Com prazer, acudiu ao meu apelo e, orgulhosamente, passo-lhes o diálogo frutuoso havido em São Paulo.
Qual sua formação acadêmica?
Formei-me <_st13a_personname productid="em Sociologia e Política" w:st="on">em Sociologia e Política pela PUC do Rio de Janeiro, transferido que fui da Escola de Sociologia e Política da USP. Mas fiz vários cursos gerenciais como marketing, finanças, administração, planejamento, etc.
Onde trabalhou na iniciativa privada?
Em 1969 sai da vida acadêmica e fui trabalhar no Banco Lar Brasileiro depois Chase Manhatan. Fui Editor da Primor do Grupo Delta Larousse e executivo da Reckitt@Colaman. Atualmente presido o Conselho de Administração do Grupo Vibrapar do segmento petroquímico.
Trabalhou no serviço público?
Comecei como técnico do Sub-Gabinete da Presidência da República <_st13a_personname productid="em S?o Paulo" w:st="on">em São Paulo no Governo Jânio Quadros (1961). Nesta época através do Serviço Social Rural (atual INCRA) estávamos implantando a metodologia de desenvolvimento comunitário entre pequenos produtores rurais. Foi nestes meses que participei de um curso de Planejamento Social, ministrado pelo Guilherme Dutra, recém-chegado de Paris onde estudou <_st13a_personname productid="com o Padre" w:st="on">com o Padre L. J. Lebret. Conheci o movimento de Economie et Humanisme que formatou a minha posição ideológica.
Anos mais tarde (1964) através de um programa de interiorização de professores universitários da CAPES fui ser professor, tempo integral, na Universidade Federal de Juiz de Fora. Fui requisitado pelo MEC para fazer parte da Equipe de Planejamento da Reforma Universitária e em especial a reforma das faculdades de filosofia, ciências e letras (1967), mas com o A-5 entreguei o cargo. Voltei a Juiz de Fora onde participei da campanha de Itamar Franco a prefeito. Eleito Itamar fui encarregado de implantar o Escritório de Planejamento Integrado da Zona da Mata da Secretaria Estadual de Desenvolvimento cujo titular era o Hindemburgo Chateaubriand Pereira Diniz, nomeado pelo Governador Israel Pinheiro. Esta volta me custou terríveis reações por parte da oligarquia local. Fui forçado a me desligar da universidade. Foi quando recebi o convite para integrar o Lar Brasileiro e fazer parte da equipe que o transformou de um caixa econômica privada falida num banco de comércio exterior. A partir daí passei pela Primor e pela Reckitt até criar minha própria consultoria na área de pesquisa e mudança em organizações.
Como foi convidado para o governo Itamar?
Eu estava morando em Brasília onde fui para dar consultoria a Diretoria de Operações da Telebrás. A partir de 1986, morando na capital, passei a participar de trabalhos com as equipes da FIA - Fundação de Administração da USP e da FGV. Neste tempo, de vez em quando dava um pulo no Senado para tomar um cafezinho com o Senador Itamar Franco. Em 1990 soube que eu tinha direito a anistia e ao retorno a vida acadêmica. Para tanto bastava um requerimento com a assinatura de duas testemunhas. Que melhores testemunhas que o então vice-presidente da República Itamar <_st13a_personname productid="Franco e o" w:st="on">Franco e o ex-Diretor da Faculdade de Filosofia o Murílio Hingel? Obtive as assinaturas, mas fiquei na vice-presidência como Coordenador da Assessoria Técnica incumbido de preparar um plano geral de governo no caso de vacância da Presidência.
Que cargos ocupou?
Além da Coordenação da vice-presidência, fui Secretário Adjunto da Secretaria Geral da Presidência da República, vice-presidente do BNDES, ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, ministro de Minas e Energia. No Governo Fernando Henrique, optei por continuar morando em Brasília e assumi a Diretoria Comercial dos Correios e depois a posição de Diretor de Planejamento Postal do Ministério das Comunicações. Reintegrei-me a Universidade de Brasília de onde me aposentei.
Quais as realizações, a seu ver, mais significativas do governo Itamar?
A realização mais conhecida foi certamente o Plano Real. Durante anos e mais anos economistas ilustres como Bulhões, Gudin, <_st13a_personname productid="Roberto Campos" w:st="on">Roberto Campos, Delfim, Mailson, Bresser e outros fizeram o possível para acabar com a inflação. O que não deu certo? Faltou o chefe e líder esclarecido e determinado a combater a inflação, mesmo contrariando as suas mais gratas ideias. Foi esta conhecida obstinação do Itamar que deu as condições para que FHC, por sua vez, formulasse um plano que foi levado a efeito, depois, pelo Rubens Ricupero e Ciro Gomes.
Mas pouco se reconhece que a existência de uma solução para acabar com a inflação dependia de credibilidade no governo. O povo, a sociedade, o empresariado, precisava acreditar que o governo era sério. O resgate da credibilidade no governo Federal foi a primeira e grande obra do presidente Itamar Franco. Sem esta condição nada seria feito, mesmo no governo FHC.
Outro aspecto esquecido foi a lição de democracia e de respeito ao Estado de Direito dada pelo presidente Itamar Franco. Na agonia do governo Collor se manteve firme ao lado da lei e da ordem, surdo aos cantos dos oportunistas.
Desde Arthur Bernardes foi o único presidente que fez o seu sucessor e entregou a maquina governamental funcionando a todo vapor e preparada para retomar o desenvolvimento. Há muitas outras realizações a serem lembradas como a continuidade das privatizações, o início da descentralização do Estado, a discussão do pacto federativo, etc. É de se destacar a implantação de políticas sociais como o Combate a Fome em parceria com o Betinho. Estas políticas estão muito bem documentadas no livro "Era Outra História", da Denise Paiva.
Há uma mutilação econômica da antropologia, no governo de Lula, ou seja, miséria da economia ou economia da miséria?
De fato o que estamos vivenciando é um crescimento desequilibrado. Existe sim um esforço para o aumento do consumo e não da poupança. Este aumento de consumo pela ascensão de milhões de brasileiros dá uma sensação generalizada de um "enorme progresso". É certo que grande parte da população brasileira consegue satisfazer as condições mínimas de subsistência e uma boa parte já vive dentro de padrões básicos de decência e dignidade. O mesmo não se pode dizer dos níveis de vida sanitário, educacional, habitacional, municipal, social e, principalmente, o cívico e o ético. Estes níveis continuam muito abaixo do desejável. A "esfera espiritual" (a cultura) da sociedade brasileira foi, recentemente, muito bem retratada por <_st13a_personname productid="Alberto Carlos Almeida" w:st="on">Alberto Carlos Almeida em sua pesquisa publicada sob o título "A Cabeça do Brasileiro". Almeida demonstra o quanto o nosso Brasil é arcaico.
A política econômica atual é o carro chefe do governo Lula. Contudo esta política não é suficiente para atender as necessidades de superação da população brasileira. Falta uma política maior e integrada capaz de atingir as necessidades não só da pessoa, mas as da coletividade. Portanto sem políticas setoriais integradas os desequilíbrios serão cada vez maiores e mais difíceis de serem resolvidos.
Voltando a sua pergunta, acho que a principal miséria é a falta de management de nossos gestores. O político é um especialista em relações pessoais, mas de gerência entende pouco. Um bom exemplo é o PAC, outro foi o Avança Brasil de FHC, não andam e não andaram por falhas na execução. Aliás, este sempre foi um problema brasileiro: o divórcio entre o plano e a execução. Quem planeja não executa!
A favor ou contra o crescimento econômico como o do governo atual?
Há um equívoco sério na adoção do crescimento econômico. Crescimento é somente quantidade. Desenvolvimento, sim que é valorização. É o uso racional dos recursos em vista as necessidades atuais e futuras d<_st13a_personname productid="o Brasil," w:st="on">o Brasil, aumenta o PIB, amplia mercados, implica em investimentos em infra-estrutura, e por todos estes aspectos, é econômico; mas, ao mesmo tempo, por estar voltado para a satisfação das necessidades das populações, o desenvolvimento é social e humano. Não é isto que vem ocorrendo no governo atual e nos passados. O crescimento atual não é coerente, homogêneo e autopropulsivo. O PAC é um bom exemplo de um elenco de intenções sem projetos. Quando ministro da SEPLAN eu já afirmava que <_st13a_personname productid="o Brasil havia" w:st="on">o Brasil havia esquecido como se faz o desenvolvimento econômico e social. No nosso caso o tempo não permitiu que fizéssemos este dever de casa.
Acredita na reforma da governança econômica mundial?
Acredito que é uma meta a ser atingida depois da metade deste século. Ainda existe muitas diferenças culturais em grande parte dos países. Veja o caso da Índia, da Bolívia, da África, da Bélgica, da Rússia, Espanha, Grã Bretanha e tantos outros. É preciso primeiro aprender direito a governar os próprios países.
Quem é o "pai genético" do Plano Real?
O presidente Itamar Franco, ao assumir o governo, tinha um plano com três pontos básicos: a recuperação da credibilidade e da moralidade governamental, o combate a inflação e a retomada do desenvolvimento socioeconômico. A credibilidade foi logo alcançada. O combate a inflação foi iniciada <_st13a_personname productid="com o Gustavo" w:st="on">com o Gustavo Krauze, depois Paulo Haddad, Eliseu Resende e finalmente FHC e abatida de morte por Rubens Ricupero e Ciro Gomes. Todas receberam a mesma missão do presidente Itamar. O início, a inspiração, a formulação, a aprovação, a coordenação e a execução do Plano Real foi do presidente Itamar Franco, o maior responsável.
Como aprimorar o sistema político nacional?
A democracia é um lento processo de implementação. Sempre lembro a anedota sobre um turista na Inglaterra que perguntou a um jardineiro local qual era o segredo da beleza dos gramados britânicos. O jardineiro respondeu: "basta regá-los... por seiscentos anos". No nosso caso é o de dar fertilizante ao processo civilizatório <_st13a_personname productid="em curso. O" w:st="on">em curso. O que significa instruir, preparar e educar, com mais qualidade a nossa população.
Na verdade a melhoria do sistema político e da administração pública depende de educação e principalmente da consciência do cidadão de que ele é contribuinte. Sem uma reforma tributária que mostre claramente a cada um de nós o quanto pagamos para as esferas dos governos, do Judiciário e dos parlamentos, poucas mudanças irão ocorrer.
E não acredito que uma reforma desta natureza aconteça dentro dos próximos anos.
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*Advogado e fundador do site Auditoria Jurídica
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