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Advogado: construa a sua marca pessoal!

Muitas vezes, podemos não lembrar o nome de uma marca, mas, com certeza, lembraremos das cores, do formato e, até mesmo, em que momento foi utilizado. São essas características agregadas à marca que, ao ser levada para o mercado, possibilitará que esta seja reconhecida e lembrada pelo público, até pelos mais desatentos.

3/3/2011

Advogado: construa a sua marca pessoal!

Gracielle Leite*

Vamos voltar um pouco no tempo e recordar que, há cerca de aproximadamente duas décadas, empresas mais contemporâneas, como Petrobras, McDonald's, Johnson & Johnson, entre muitas outras, já se preocupavam com a notoriedade que estava sendo criada em suas marcas, e se alcançariam o resultado de visibilidade e reconhecimento esperados. Desde essa época, uma forte tendência cresceu e se aperfeiçoou com o passar dos anos: hoje, criar uma marca e associá-la a uma empresa tornou-se uma estratégia de marketing das mais utilizadas e eficazes no mercado. Isso porque, em um processo psicológico, as duas – marca e empresa – se tornam uma só, sendo praticamente impossível sua dissociação.

Muitas vezes, podemos não lembrar o nome de uma marca, mas, com certeza, lembraremos das cores, do formato e, até mesmo, em que momento foi utilizado. São essas características agregadas à marca que, ao ser levada para o mercado, possibilitará que esta seja reconhecida e lembrada pelo público, até pelos mais desatentos. Existem aquelas, inclusive, que, de tão preocupadas com a imagem, quero dizer, preocupadas com a construção do signo propriamente dito, contratam profissionais especializados para desenvolverem o que chamamos de Manual de Identidade Visual, cujo objetivo é esclarecer quanto à importância da marca, os valores arraigados a ela e orientar sobre sua aplicabilidade da melhor maneira possível. Nas empresas, esse manual pode ser disponibilizado para visualização na intranet, auxiliando o colaborador a disseminar a imagem da organização de maneira adequada, podendo ser disponibilizado, também, na internet, norteando fornecedores e prestadores de serviços ou qualquer outro que venha a necessitar da imagem corporativa da empresa.

Mas, e você, advogado? Você possui seu escritório próprio, quer dizer, VOCÊ É A SUA EMPRESA. Nunca pensou em construir a sua marca pessoal, ser lembrado e reconhecido no meio em que atua pelos trabalhos desenvolvidos, pelos artigos criados, pelas entrevistas dadas, pelas consultorias realizadas? Em seu livro Personal Branding – Construindo a sua marca pessoal, Arthur Bender, especialista em estratégia, comenta que, "numa sociedade repleta de opções a fazer todos os dias, com milhares de marcas brigando ferozmente pela nossa atenção no mercado, a confiança é um ativo crucial para marcas corporativas e pessoais". Ele ainda explica que isso acontece "porque somos massacrados por um incontável número de informações diariamente. Temos muito menos tempo e um número incrível de coisas a fazer, opções e decisões a tomar. Nosso raciocínio sobre essas escolhas diárias é o de fazer descarte o tempo todo. E é aí que a confiança passa a ser um ativo VITAL para a sua carreira".

Em outras palavras, marca pessoal é sinônimo de renome (nome forte). Mas o que você está fazendo para mostrar que é confiável, que você não é somente um símbolo "bonitinho", criado apenas para associá-lo a um nome? Uma marca pessoal realmente forte é aquela que consegue agregar valores à sua constituição e demonstrar tudo o que foi feito para que ela fosse construída, assim como todo o caminho percorrido, todo o tempo de dedicação à carreira e, indo mais a fundo, todo o seu empenho em se tornar um cidadão certo de seus direitos e deveres. Isso tudo fará com que as pessoas tenham curiosidade em procurá-lo para conhecê-lo e saber o tipo de trabalho desenvolvido por você. Você será investigado sem perceber. Mas, atualmente, essa postura de investigação é muito comum. Ou você nunca procurou seu nome em algum site de busca para ver o que aparecia?

Existem alguns profissionais que já se deram conta dos ganhos com a criação de uma marca única e desenvolveram ações para ganharem mercado com a divulgação do seu nome, tendo, como retorno, a tão esperada visibilidade da sua marca pessoal. Logo abaixo, seguem algumas ações, das mais simples até as mais complexas, que, se levadas a sério, ajudarão na construção da sua marca pessoal. Vejamos:

Assim como um produto tangível, cuja embalagem, muitas vezes, chama mais a atenção do que a real necessidade de tê-lo, com o ser humano também é assim: somos enxergados, primeiramente, por nossa embalagem. Portanto, é importante atentar-se a pormenores que, por vezes, passam completamente despercebidos. Então, vale lembrar da necessidade de se manter hábitos simples para uma boa apresentação pessoal, como ter o cabelo arrumado, as unhas em ordem, os dentes escovados, estando sempre asseado. Os trajes e acessórios escolhidos também devem estar coerentes com a atividade e o ambiente de trabalho, procurando sempre diferenciar roupas utilizadas no dia-a-dia daquelas utilizadas em ocasiões em que se exige uma apresentação mais formal. Para ambos os casos, deve-se priorizar sempre o conforto e a praticidade, mas sem perder a elegância. O casual day ainda é muito bem-vindo, mas sem extravagância, afinal de contas, reuniões podem surgir a qualquer momento e não seria bom você ser pego, literalmente, de "calças curtas"!

Não se deve esquecer que faz parte da "embalagem' humana mostrar o quanto ela sabe se comportar em determinados ambientes, se preocupando com o tipo de imagem que deseja passar para aqueles que estão ao seu redor. Cabeça inclinada, ombros caídos, tronco curvado não são características de um profissional de sucesso. A postura deve estar coerente com a impressão que realmente se deseja passar: a de um profissional derrotado ou a de um profissional certo de si. Quanto ao vocabulário, todo cuidado é pouco. O mais prudente, em um primeiro momento, é falar menos e escutar mais, principalmente em ocasiões em que as pessoas não são intimamente conhecidas. O melhor é não arriscar um "choque de ideias" ou criar polêmica a respeito de assuntos não apropriados para certos momentos.

Eu sei que tudo isso parece óbvio, mas ainda existem aqueles que descuidam desses pormenores e, por mais singelos que sejam, tratam-se de detalhes imprescindíveis e que serão o ponto de partida para construção da sua marca pessoal.

Vamos a outros pontos simples, mas que vão determinar ou não o seu crescimento. Entre eles, está seu portfólio, também conhecido como currículo. Você já parou para avaliá-lo como um headhunter? Aprenda, então, a redigir um currículo exclusivo, com informações que sejam realmente relevantes no meio em que deseja atuar. Essas informações devem ser claras e capazes de ilustrar o profissional qualificado que você vem se tornando a cada dia. Evidencie seus objetivos e o que, de fato, quer desenvolver. Comece sempre enfatizando as informações mais atuais; as mais antigas podem ser dispensadas nesse primeiro momento. Comente sobre sua trajetória profissional, sobre os trabalhos diferenciados realizados nas empresas por onde passou e conclua falando um pouco de suas aptidões com idiomas, informática, hobbies, entre outros que achar conveniente. Não se esqueça de que as premissas básicas de um profissional competente é ter conhecimento, habilidade e atitude. Portanto, deixe essas informações claras no seu currículo.

Bem, com essas etapas concluídas, já está mais do que na hora de VOCÊ se mostrar ao mundo. Afinal de contas, você já construiu a sua marca pessoal, o seu portfólio, restando, agora, se utilizar de uma comunicação coerente e eficaz. Vamos para mais alguns pontos:

O primeiro passo é a criação de um cartão de visita muito bem elaborado e que siga toda a estrutura da sua logomarca. Ele não precisa, contudo, ser o seu minicurrículo. Informações básicas, como nome completo, endereço, telefone e e-mail são essenciais. Caso ocorra, em alguma ocasião propícia, a troca de cartões – e a intenção é essa mesma – faça isso de maneira discreta, pois o cartão de visita é uma forma de elucidar seu interesse em cultivar um relacionamento. Portanto, não perca a oportunidade, mas também não se mostre desesperado. Com seu cartão de visita em mãos, você já pode comparecer a eventos, coquetéis, lançamentos de livros, workshops, seminários, etc. Enfim, procure circular para ser notado.

Outras ferramentas de comunicação são os meios interativos, como as redes sociais da internet (Twitter, Facebook, LinkedIn, Orkut, MSN, entre outros), sem contar a possibilidade de se ter um site ou um blog. Com essas ferramentas, pode-se interagir com o mundo inteiro. Uma dica: crie um artigo sobre um tema atual e encaminhe para algum meio relacionado. Você pode, ainda, fazer contatos com os cartões que você trocou no último seminário em que compareceu, lembra-se?

E, por fim, já que estamos falando de contatos, não se esqueça de fazer networking, pois as oportunidades aparecem de onde menos se espera. Há muitas pessoas interessantes para se conhecer e que podem abrir portas incríveis para você. Lembre-se do que já dizia Antoine de Saint-Exupéry, em seu livro O Pequeno Príncipe: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".

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*Técnica em Gestão Empresarial pelo SENAC, graduada em Comunicação Social, com bacharelado em Publicidade e Propaganda pela UNICSUL e pós-graduanda em Comunicação e Marketing pela Faculdade Drummond. Atualmente é responsável pelo Departamento de Comunicação da Advocacia Celso Botelho de Moraes

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