Como ficam os investimentos após as eleições
Robson Queiroz*
Para decidir em que investir, além de olhar os objetivos pessoais de curto, médio e longo prazos, o investidor também precisa avaliar o cenário econômico interno e externo. Algumas decisões e acontecimentos afetam diretamente a rentabilidade das aplicações financeiras e precisam ser consideradas previamente para que o investidor possa buscar o melhor desempenho.
Quando o assunto é renda fixa, o principal ponto de atenção é a trajetória da taxa de juros básica da economia. Seja para investimentos via fundos ou para a compra de títulos públicos via Tesouro Direto, a condução da política monetária é o que determina a rentabilidade das aplicações. Vale lembrar que, a partir de janeiro, o Banco Central também terá uma nova diretoria. Após oito anos de Henrique Meirelles a frente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, atual diretor de Normas, assumirá o cargo.
Se a trajetória é de alta da taxa Selic, a recomendação é escolher fundos ou títulos públicos com juros pós-fixados. Neste caso, a rentabilidade irá acompanhar a elevação das taxas e o rendimento será maior que o de títulos pré-fixados.
Este é o cenário mais provável para a economia no começo de 2011. As expectativas já indicam aceleração da inflação e é praticamente unânime as previsões de alta da Selic. As apostas indicam que, ao longo do próximo ano, a taxa básica da economia deve subir dos atuais 10,75% ao ano para 12,75%, ou seja, um aumento de dois pontos percentuais.
Assim, para quem esta na dúvida entre pré e pós-fixado, a recomendação é ficar com as opções pós-fixadas. Entre os títulos do Tesouro, uma boa opção são os papéis que pagam juros mais a variação do IPCA.
Quando a questão é investimentos em renda variável, é preciso acompanhar mais algumas variáveis. Além da conjuntura interna, acontecimentos internacionais afetam diretamente o comportamento do mercado acionário no Brasil e o desempenho das nossas empresas.
Diante do grande dilema cambial, a desvalorização do dólar deve ser o centro das atenções do próximo governo nos primeiros meses de mandato. Medidas que ajudem a conter a valorização do real podem favorecer as empresas exportadoras. Já as empresas cujos negócios são direcionados principalmente para o mercado interno devem ser favorecidas pela continuidade do crescimento econômico e do aumento do consumo.
Mesmo com este panorama, escolher entre as melhores opções no mercado de ações é sempre um desafio. Além do desempenho da empresa, das perspectivas para o setor e a conjuntura econômica, os objetivos pessoais são extremamente importantes para definir onde investir.
Quando falamos de um perfil conservador, as opções devem se concentrar na renda fixa. A recomendação é sempre dividir os recursos igualmente entre fundos de renda fixa e a compra direta de títulos públicos via Tesouro Direto. Mesmo com taxa de administração, os fundos de renda fixa podem garantir liquidez imediata, caso a pessoa precise resgatar os recursos de um dia para o outro.
Com um perfil moderado, o investidor já pode buscar algum risco principalmente em fundos multimercados. Porém, a recomendação é manter os recursos investidos por, pelo menos, um ano. Se o investidor já quiser direcionar parte dos recursos para ações, a recomendação é montar uma carteira de ações de empresas boas pagadoras de dividendos. Neste caso, o objetivo não é apenas buscar a valorização na oscilação diária do papel, mas sim manter o investimento para receber parte dos lucros da empresa.
Companhias principalmente do setor elétrico, do setor de telecomunicações e bancos são boas pagadoras de dividendos e podem ser uma boa opção para investidores no próximo ano. Para uma visão mais de longo prazo, empresas dos setores de petróleo e mineração também podem ser boas alternativas para a diversificação dos investimentos.
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* Diretor operacional da SLW Corretora de Valores e Câmbio
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