O PAC do PT e os planos quinquenais
Gilberto de Mello Kujawski*
O PAC - Programa de Aceleração do Crescimento é apresentado como o carro-chefe da estratégia lulista de desenvolvimento e da propaganda eleitoral da candidata do PT à sucessão do presidente Luís Inácio.
Pois bem, no início e no final da semana passada saíram dois artigos magistrais criticando na base a concepção petista de "aceleração do crescimento" e a ideia do desenvolvimento apoiado principalmente em obras públicas. O primeiro veio no Estadão, em 18/8/10, de autoria do economista Marco Antonio Rocha, e o segundo na Veja, dia 21/8/10, assinado por Maílson da Nóbrega.
Marco Antonio Rocha denuncia a incompatibilidade radical entre o desenvolvimento de longo prazo e esta proposta improvisada, leviana e descoordenada de "aceleração". Nenhum país cresce de afogadilho, da noite para o dia, a toque de caixa. "O que o Brasil precisa é de um verdadeiro Plano de Desenvolvimento de Longo Prazo, com metas definidas, coordenadas com as forças vivas da Nação. A China tem isso e o está seguindo sistematicamente. Os resultados estão à vista do mundo."
E Maílson insiste em que "não há exemplo de país que tenha obtido êxito à base de obras públicas. Não se vêem o presidente nem o primeiro-ministro inglês inaugurando estradas, viadutos, escolas ou lançando pedras fundamentais." E acentua que a reforma das instituições está na frente de todas as outras reformas, e delas o governo Lula não tratou. O ministro da Fazenda, esse luminar chamado Guido Mantega, assevera que "o PAC é a mola mestra da economia". Ora, replica Maílson, como o PAC representa apenas 0,6% do PIB, a conclusão do ministro equivale a dizer que o motor de um automóvel faz decolar um avião a jato...
Como se vê, ambos os economistas, raciocinando por sua própria conta, convergem, sem querer, para a mesma conclusão. E esta poderia ser explicitada assim: pela sua natureza o PAC se assemelha aos famosos "planos quinquenais" da antiga União Soviética, planos de desenvolvimento econômico por cinco anos, adotados pela URSS desde 1928. E Dilma Rousseff, como ex-guerrilheira comunista, "mãe do PAC", é a digna representante desse tipo de planificação stalinista que ainda ninguém chamou por este nome. A sombra de Stalin receberá, no dia da posse, a Dama eleita que virá blindar e imobilizar o Brasil com uma camisa de força tecida de aço, o Estado dilmista, sufocante, perto do qual o desajeitado poder lulista vai parecer mera brincadeira.
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*Ex-Promotor de Justiça. Filósofo e ensaísta
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