Abril Vermelho
Sylvia Romano*
Eu, como advogada, questiono: onde está o direito sagrado à propriedade? O que a Justiça está planejando para quando isto vier a acontecer? Gostaria de saber se, caso a minha casa ou qualquer outra propriedade minha venha a ser invadida, poderei reagir e, se for preciso, com armas para defender o que é meu por direito, já que não há autoridade que possa impedir esta invasão. Não estou entendendo mais nada! Em viagens que costumo fazer por esse Brasil afora, principalmente no Estado do Mato Grosso do Sul, sempre vejo os acampamentos dos sem-terra, barracas e mais barracas de plástico preto desabitadas, apenas marcando território durante a semana e, nos fins de semana, servindo de casa de campo para um bando de desocupados que esperam receber do governo os títulos de propriedade para logo em seguida colocarem à venda.
O que sei é que estamos em um importante ano eleitoral e que os encastelados no poder sabem do repúdio que as ações do MST causam na população. Por outro lado o Bolsa Família prevê que, a partir de uma determinada posição econômica, seus agraciados perdem o direito a esta esmola, portanto, eles preferem continuar a recebê-la — mesmo sendo muito pouco em alguns casos — do que trabalhar na roça cuidando da terra e puxando enxada.
Iniciativas da política brasileira assistencialista, como bolsa família, terras doadas graciosamente e outras benesses, são meras estratégias de marketing político que incentivam as classes menos favorecidas a permanecerem na degradante situação em que vivem. Esta imensa parcela da população acomodada, que nunca foi incentivada a crescer, nem foi educada convenientemente, se conforma em receber migalhas em troca da sua única força, que é o voto, sempre substituindo-o por promessas e algum bem ordinário oferecido por quem já está instalado no poder e que o compra na liquidação que toda eleição propicia.
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*Advogada do escritório Sylvia Romano Consultores Associados
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