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Mulheres no mercado de trabalho

Estamos em pleno século XXI, mas ainda discutimos sobre o papel das mulheres no mercado de trabalho. Para quem nasceu vendo a mãe trabalhar tanto ou mais que o pai, essa discussão pode parecer tão estranha quanto discutir sobre a importância da internet ou do celular nos dias de hoje. Mas a verdade é que se ainda precisamos discutir esse assunto é porque ele é controvertido.

2/3/2010


Mulheres no mercado de trabalho

Ana Amélia Ramos de Abreu*

Estamos em pleno século XXI, mas ainda discutimos sobre o papel das mulheres no mercado de trabalho. Para quem nasceu vendo a mãe trabalhar tanto ou mais que o pai, essa discussão pode parecer tão estranha quanto discutir sobre a importância da internet ou do celular nos dias de hoje. Mas a verdade é que se ainda precisamos discutir esse assunto é porque ele é controvertido.

Entendo que o debate já não está mais em questões superadas como, por exemplo, se a mulher deve ou não trabalhar fora. O ponto crucial hoje é: sendo certo que a mulher já está presente no mercado de trabalho, até onde nós conseguimos chegar efetivamente?

A pesquisa feita pela revista Análise (2009) traz uma resposta muito clara para essa pergunta quando falamos do meio jurídico:

Diretoria

Homens x Mulheres

Equipe

Homens x Mulheres

A leitura desses números é simples: estamos praticamente empatadas com os homens no que diz respeito à presença no mercado de trabalho jurídico, mas ainda estamos bem atrás quando se trata de cargos de liderança. É sobre esse ponto que queremos tratar.

Quais são os reais motivos que nos levam a ocupar menos cargos de liderança que os homens? Os especialistas no tema apontam alguns motivos:

- Mulheres, em posição de liderança, são mais agressivas que homens e, por isso, sofrem mais resistências da equipe. Há um pouco de verdade nessa afirmação, pois existem de fato mulheres que acreditam, equivocadamente, que, para se igualar aos homens, precisam ser extremamente agressivas, mas, há também, um bocado de estereótipo de que mulheres em posição de comando são masculinizadas, estressadas e agressivas. Basta olhar ao redor, para ver que, na prática, a situação não é bem essa, afinal conhecemos homens e mulheres agressivos e não agressivos, logo, esse estereótipo poderia ser aplicado a qualquer um dos gêneros.

- Mulheres, mais do que os homens, possuem grande resistência de se reportar a outras mulheres. Mais uma vez temos que lidar com o estereótipo de que somos mais competitivas que os homens, que não somos amigas entre nós, que observamos mais a aparência do que a competência de nossas colegas, quando, na verdade, não passa de um simples mito, pois as mulheres podem ser tão (ou mais) colaborativas quanto os homens,

- Mulheres não sabem fazer networking e são pouco eficientes no marketing pessoal. Concordo que realmente temos mais dificuldades que os homens nesse aspecto. Se olharmos os barzinhos em horário de happy hour, 80% dos freqüentadores serão homens e 60% deles estará, certamente, falando de trabalho, projetos, metas, etc. Ainda temos muito que aprender.

- Mulheres são mais voltadas para a vida pessoal do que para o trabalho. Jack Welch, recentemente, sentenciou que as mulheres, para chegar ao topo da cadeia alimentar corporativa, devem deixar o trabalho consumir suas vidas e esquecer o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Com todo respeito ao excelente Jack Welch, discordo totalmente dessa frase, pois acredito ser impossível, seja para homens ou mulheres, chegar à realização plena sem ter um equilíbrio entre família, trabalho e saúde (física e mental). Profissionais que pensam a longo prazo devem sim estar atentos a esse equilíbrio, pois o profissional que fazia questão de passar horas no trabalho, só via a família no fim de semana (quando não estava trabalhando) e passava longe de uma academia, é coisa do passado e não do futuro. Hoje, o mundo corporativo já entendeu que pessoas que conseguem manter esse equilíbrio vivem melhor e quem vive melhor é um funcionário mais produtivo, em todos os aspectos.

Diante disso, só podemos concluir que, tirando a questão do marketing pessoal e do networking, não há motivos para os profissionais serem divididos nos grupos "homens" e "mulheres", pois o correto é que sejamos todos avaliados como indivíduos que somos e não como participantes de um grupo, que cada vez mais se comprova heterogêneo.

Pelo dia internacional da mulher, encerramos com a seguinte frase de Susan B. Anthony, grande defensora dos direitos das mulheres no século 19: "Men, their rights and nothing more; women, their rights and nothing less." É só isso que queremos.

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1/3/10 - "Para filosofar" - Juliana Marques - clique aqui

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*Assistente jurídica da ThyssenKrupp Elevadores e integrante do grupo Jurídico de Saias








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