LULA ENGROSSA A VOZ
Este colunista tem sido ácido crítico do presidente Lula. Mas, na questão do etanol e da defesa da soberania brasileira sobre a floresta amazônica (na parte que toca ao país), reconhece que o presidente age muito bem. Parte para o ataque, denunciando os interesses econômicos de países desenvolvidos contra o combustível da cana-de-açúcar. Demonstra que a Europa é um espaço devastado no capítulo de florestas. Temos de concordar com essa linha.
PORÉM...
Mas isso não deve significar tapar o sol com a peneira. Urge dar um basta à devastação que se processa de maneira escandalosa. Os controles internos precisam estar mais atentos. O império da ordem e da disciplina há de ser estabelecido. Com menos performances extravagantes do ministro Minc e mais ações eficazes.
O CASO ALSTOM
Denúncias envolvendo favorecimentos à empresa Alstom por parte de empresas e estruturas do Governo do Estado de São Paulo podem bater na porta do candidato Geraldo Alckmin. Essa é uma arma com que conta o PT.
RELAXA E GOZA
A gafe da ministra Marta Suplicy – "relaxa e goza" – por ocasião da crise aérea não foi de todo esquecida. O eleitorado de setores médios ainda não perdoou a ministra, como ela imagina. O perfil da candidata imanta-se de auto-suficiência e arrogância, coisas que ficam entaladas na garganta de segmentos que lotam o meio da pirâmide social.
PAULINHO, O CORAJOSO
Paulinho da Força Sindical continua esbanjando coragem. Não tem medo da cassação. Enfrentará a Comissão de Ética exibindo humor. Dirá que há muitos Paulinhos na vida brasileira. Que se houvesse dinheiro na sacola do lobista que lhe assessorou, o sistema de filmagem da Câmara, na entrada do prédio, teria feito o flagra. Que forças ocultas – as mesmas que pressionaram Vargas a se matar e Jânio a renunciar – querem tirá-lo da vida pública. Paulinho se esforça para se fazer de vítima. Imaginando que a sociedade comprará, facilmente, sua mercadoria expressiva. A conferir.
FUMAÇA EM GUARANTINGUETÁ
Há um caso bem interessante na área de produção de provas a partir da veiculação de informações na Internet. Trata-se da condução de um processo licitatório em Guaratinguetá. Diz-se não ter havido competitividade no certame. Apenas uma empresa foi aprovada pela Comissão de Licitações. Registrou-se, porém, em site, a ata de sessão de abertura, com a participação de várias empresas, inclusive com o nome de uma companhia que não chegou a apresentar seus envelopes com a documentação. Pois bem, a farsa da sessão de abertura foi flagrada. Um escritório de São Paulo registrou a página do site da Internet do Serviço de Águas de Guaratinguetá. Ou seja, houve manipulação do conteúdo relacionado à licitação de serviços de saneamento. Vamos aguardar o desfecho.
O LAJOTÃO DO MALUF
Paulo Maluf promete equacionar o caótico trânsito da maior metrópole brasileira com uma gigantesca laje sobre os rios Pinheiros e Tietê, onde construiria oito pistas. Nesses tempos de intensa defesa do meio ambiente, o que dizem os ambientalistas a respeito da proposta de se criar a maior fossa do mundo ? Se os rios não correm sob o céu aberto, imagine-se em que velocidade e para onde correrão abaixo do lajotão do deputado Paulo Maluf ?
AÉCIO DÁ DURO
Aécio, até que enfim, decidiu dar uma dura no PT. Exigiu que o partido se afaste da aliança mineira em torno do empresário Marcio Lacerda, seu secretário e candidato a prefeito de Belo Horizonte. Se não quiser apoiar Lacerda, que o PT vá para o raio que o parta. Foi o que sugeriu o governador. Para gáudio dos petistas locais. Para ódio dos petistas de alto coturno.
A VIRADA DE ACM NETO
Esse menino, neto de ACM, mostrou que é raposa como o avô. Pois não é que carreou o apoio do radialista Raimundo Varela, do PRB, que liderava as intenções de voto, e do senador César Borges, do PR ? Deu um nó no PT do governador Jaques Wagner, que ficará a ver navios. Por trás da aliança, o senador Marcelo Crivella, candidato a prefeito do Rio de Janeiro.
PANORAMA PAULISTANO
O cenário paulistano continua sem alterações. Marta, segundo o Ibope, tem, hoje, 30% dos votos, Geraldo Akckmin, 28%, e Gilberto Kassab segura 13%. Tudo dentro da previsibilidade. Agora, vejamos as possibilidades. Quem está na frente tende a cair. Quem está atrás, tem chances de crescer, principalmente o candidato com estrutura. Nesse caso, as projeções apontam positivamente para o prefeito Kassab : terá 10 minutos de programa eleitoral, exibe um forte discurso – cidade limpa e mais humana – e veste o perfil do novo, se comparado com os perfis de Geraldo e Marta.
POLARIZAÇÃO
É evidente que há uma polarização entre PSDB e PT na capital paulista. Serra ganhou de Marta, em 2004, por uma diferença de sete pontos percentuais no segundo turno. Geraldo ganhou de Lula, em 2006, na cidade de São Paulo, por uma diferença de quase sete pontos percentuais. Portanto, há uma rixa entre os dois partidos. Se a polarização continuar, os dois irão para o segundo turno. Se Kassab quebrar a polarização, com seu discurso e perfil, afasta Geraldo do caminho. Quem for para o segundo turno – Geraldo ou Kassab – ganha da candidata petista. A migração de votos ocorre em maior quantidade entre esses dois perfis. E a rejeição de Marta é quase duas vezes maior que a do segundo colocado.
O BANHO DO GOVERNISMO
Economia estável, mais dinheiro no bolso, 20 milhões de brasileiros migraram da classe D para a classe C, aumento de 6% na mensalidade do programa Bolsa-Família, mais acesso ao crédito – esse é o pano de fundo que acolherá as eleições de outubro. Significado : o governismo dará um banho nas oposições. De 5.564 prefeitos, cerca de 4.000 deverão integrar os quadros situacionistas. Dessa feita, estará formado o gigantesco exército que lutará na vanguarda da luta eleitoral de 2010.
O ESTILO OBAMA
Barack Obama ganhou de Hillary Clinton porque criou um estilo e formou uma onda. Ele passou a ser o vento das estações. Ninguém segura as ondas geradas pela direção do vento. Ele vestiu o manto do novo. Clinton continuou com o vestido velho, apesar da exuberância de suas cores. Obama fez lembrar Kennedy, a esperança. Agitou as ruas, sensibilizou as multidões. Quando a massa acorre em direção ao ídolo, querendo abraçá-lo, tocar em suas mãos, está indicando que ele é o perfil do momento.
O BOI BERRA, MINC PRENDE
Vai ser uma zoeira no campo. Boi vai mugir até morrer de inanição. Claro, se esse ministro Carlos Leão Minc Dourado cumprir a promessa de prender os bois piratas, perdidos na floresta amazônica. Lembram-se de Sarney, em 1986, e a ameaça de caçar o boi no pasto para evitar o desabastecimento ? Deu no que deu. Ou seja, escafedeu-se. Esse Minc de cabelo dourado tem o direito de ser perfomático. Mas tem o dever de não dizer bobagens.
ORQUESTRA CONTRA PAULINHO ?
Essa não, ministro Lupi. Não há orquestração contra Paulinho da Força. Por isso, peça ao companheiro para se afastar da presidência do PDT paulista, pelo menos até que a Câmara dos Deputados tome a decisão de inocentar (para indignação do Inocêncio, o corregedor da Casa) ou cassá-lo. Há hora de ser solidário, há hora de ser verdadeiro.
LULA E O PRIMEIRO TURNO
Se em alguma grande cidade houver disputas entre candidatos integrantes de partidos da base governista, Lula não deverá tomar partido. Quer se preservar e preservar a aliança. No segundo turno, a coisa será diferente. Irá ao palanque de aliados e de amigos.
O FIM DE LINS ?
Tudo indica que a situação do deputado Álvaro Lins, no Rio de Janeiro, é crítica. As denúncias são tão graves que o "espírito de corpo" dos colegas não procurará salvá-lo. Na esteira das denúncias, vai sobrar munição contra Garotinho e sua mulher, Rosinha.
CONSELHO A BANCADA DA SAÚDE
Esta Coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos aos políticos, governantes e líderes nacionais. Na edição passada, o espaço foi destinado aos parlamentares. Hoje, volta sua atenção aos deputados da bancada da saúde :
1. Aprovar nova CPMF, sob o argumento de que a saúde carece de recursos, é caminhar na contramão, até porque já se comprovou que o governo poderá tirar recursos de seus cofres cheios.
2. Convém ouvir os reclamos da sociedade a respeito de novas fontes de impostos.
3. Atentem para o fato de que o sistema de saúde, além de recursos, carece de um modelo de gestão compromissado com eficácia. Há dinheiro saindo pelo ralo.
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