Porandubas Políticas

Porandubas nº 524

A pergunta que não quer calar: a cassação da chapa Dilma/Temer pelo TSE vai acontecer?

5/4/2017

Abro a coluna com o grande Estado do Ceará.

Quintino Cunha, famoso advogado e poeta, participava de um júri em Quixeramobim. O promotor berrava na tribuna:

– Senhores jurados, estou montado na lei.

Quintino pede um aparte:

– V. Exª. Tenha cuidado para não cair, porque está montado em um animal que não conhece.

O promotor se calou.

E outra historinha

Está "distituído"

O major José Ferreira, cearense dos bons, amigo do padre Cícero, é quem relata:

"- Há muito matuto inteligente e sagaz, mas também há muito sujeito burro que se a gente amarrar as mãos dele pra trás das costas, ele não sabe mais qual é o braço direito nem o esquerdo... Eu também conheço matuto que, abrindo a boca, já sabe: ou entra mosca, ou sai besteira."

O major continua a conversa:

"- Quando foi criado o município de Missão Velha, a escolha do primeiro intendente recaiu num velho honrado, benquisto e prestigioso, mas muitíssimo ignorante. Cabia-lhe o encargo de declarar instituído o município. Um dos "língua" do lugar seria o orador oficial. Ele, o chefe do executivo municipal, deveria dizer simplesmente: "Está instituído o município de Missão Velha!"."

Levou quinze dias decorando a frase, e, na ocasião da solenidade, exclamou:

"- Está DISTITUÍDO o município de Missão Veia."

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Entremos na política

TSE vai longe

Pergunta recorrente: e a cassação da chapa Dilma/Temer pelo TSE vai acontecer? Resposta invariável: SDS - Só Deus Sabe. Mas como ele emprestou a régua a este consultor, vai aqui a projeção: de 0 a 100, a possibilidade de cassação da chapa é 30. Razões: o processo será demorado; com a demora, a tendência é por diluição do caso, amortecimento da questão; a decisão sempre tem dois lados – uma abordagem técnica, jurídica, e uma abordagem política, que leva em conta o clima ambiental.

2º semestre mais ameno

O clima do segundo semestre será mais ameno. A economia estará em franco processo de recuperação. A política amainará os ânimos de leões e panteras raivosas. Esse clima pesará sobre a decisão do TSE. Pode ser que a decisão ocorra antes de setembro. É possível. O mais provável é que a decisão do TSE ocorra sob dois novos juízes nomeados pelo presidente Michel. Este consultor tende a acreditar que o governo irá terminar seu mandato até 31 de dezembro de 2018. A conferir.

Torcida contrária

O PT tende a ficar isolado na moldura partidária. O PSOL quer distância dele. Afinal, precisa adensar o perfil de seus líderes. Tem boas figuras no partido em condição de ascender ao poder mais alto. No Rio, é bem provável que um nome do partido chegue ao governo do Estado. Que está quebrado. O PT vai eleger a senadora Gleisi como presidente. E Gleisi vai ter de rebolar para arrumar um discurso que chegue às classes médias. O PT ainda expressa o bolorento discurso "Nós e Eles". Que uma pesquisa da Fundação Perseu Abramo constatou estar bichado. Mofado.

Rodrigo Maia

Pode ser um candidato muito bom ao governo do Rio. A opção aos extremos ideológicos. Está se revelando um parlamentar corajoso, determinado, atualizado. E que cumpre promessas. Tem futuro. Seu pai, Cesar Maia, é um dos melhores intérpretes e entendedores dos fenômenos da política em nosso país.

Lula candidato

O PT luta desesperadamente para colocar Lula na caminhada presidencial. Ele não tem o que perder. A melhor coisa que pode fazer é viabilizar sua candidatura. Será a maneira para arregimentar a militância, animar os quadros partidários e ganhar um escudo contra as armas da Justiça. A melhor coisa que pode ocorrer a Lula é uma prisão. Lula, preso, fará mais que Lula solto. Tentará se vitimizar. A cadeia seria um formidável palanque. Choraria na prisão. Falaria como vítima. Discursaria como injustiçado. Lula preso será um grande candidato.

Lula condenado

Moro, o juiz que não cai em lorotas, tem uma alternativa embasada de sabedoria. Condena Lula, mas não manda prendê-lo. Ele, evidentemente, ditará impropérios. Mas o juiz fica firme. E a segunda instância confirma a condenação. Ou seja, Moro passaria a bola para cima. Condenado ali, Lula perderia a condição de candidato. Este analista político enxerga também essa alternativa. Como Lula não tem nada a perder, fará o impossível para garantir a sobrevida do PT. Conseguirá. Lula é quem melhor conhece os instintos de nossa gente.

O petismo pode ressuscitar

O PT está na lona. Tem condições de ressuscitar? Sim. Essa hipótese vale mais para cidades dos confins do território. Nas grandes e médias cidades, expande-se um índice de contrariedade que cola no PT. Que ficou demonizado. Odiado. O que, aliás, dispara tiros contrários. A militância petista reage com raiva. Por isso mesmo, podemos enxergar à distância tonéis de ódio fazendo a polarização entre petistas e os outros. O petismo nas pequenas cidades tem outra coloração. A raiva não impregna os ambientes.

Alckmin e Doria

Dizem que João Doria começa a trair Alckmin. Uma inverdade. João tem um pacto de lealdade com Geraldo. Conheço João Doria há 3 décadas. Trata-se de um homem sincero. É claro que se trata de um animal político. O plano A dos tucanos é Aécio Neves, que domina a máquina; o plano B é Geraldo Alckmin. E o plano C é Doria. Se Aécio e Alckmin forem bombardeados pela operação Lava Jato e/ou outras, João desponta como solução. E mais: João Doria, candidato, com um bom tempo de televisão, será protagonista importante. Na visão deste consultor, poderá chegar ao Planalto. Não se trata de mera especulação. Seu perfil integra-se ao espírito do tempo. P.S. Tudo que João fizer, estará combinado com Alckmin.

Perfis de sucesso

Será uma completa renovação. Gente que nunca ninguém viu estará sentado na cadeira de governador. Nunca se viu tanta vontade de mudança nos cenários político e governamental. Por isso, senhoras e senhores, aprontem-se para presenciar a maior mudança na galeria de governantes. Nomes que terão vez: empreendedores/empresários, professores, dirigentes de organizações sociais, mulheres que lideram movimentos, jovens com discurso forte, representantes de setores vitais na sociedade.

Governo Temer

Michel Temer sairá aplaudido do Palácio do Planalto. Fará as reformas, não todas, mas as principais. A essa altura, em menos de um ano, já pode dizer que fez a reforma principal – que limita os gastos do governo-, a reforma educacional, a reforma das relações do trabalho com a terceirização, que será complementada com o PL da reforma trabalhista. Fará uma reforma da Previdência mais modesta, porém fundamental, para abrir os horizontes do país de amanhã. Michel ainda tentará avançar nas reformas tributária e política. Vai ter seu nome na galeria dos grandes presidentes. A conferir.

Serra e Kassab

José Serra quer ser candidato ao governo de São Paulo. Seu vice, caso seja candidato, poderá ser o hábil e eficiente Gilberto Kassab, que está fazendo boa administração no Ministério das Comunicações.

Paulo Skaf

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, desce na escada da política. Foi com muita sede ao pote. Perdeu. Fez uma campanha desastrada. Perdeu a identidade. Nem parecia dirigente da importante Federação das Indústrias de São Paulo, nem político. Rechaçou o PMDB. É bem visto apenas por uma ala do partido. Não incorpora o espírito do tempo. O tempo passou por ele e ele não viu.

Mundo novo – I

A lei 13.429, sancionada no dia 31 de março pelo presidente Michel Temer, não apenas regulamenta a terceirização no Brasil, mas representa o primeiro passo para uma grande reforma trabalhista. Talvez seus críticos ainda não tenham percebido, mas o país passa a fazer parte de uma grande revolução mundial nas relações do trabalho.

Mundo novo - II

Ao contrário do que dizem seus opositores, trabalhadores não perderão direito algum com a nova lei. Todos os terceirizados têm carteira assinada como qualquer empregado fixo nas empresas. Depois, a tendência no mercado de trabalho nos países mais avançados é a da prestação de serviço. Que se observe, por exemplo, as áreas de tecnologia, automotiva ou da construção civil.

O grito do atraso

As infâmias contra a terceirização terminam, por si só, colocando-as no plano do ridículo. A sociedade mudou com as novas tecnologias e fechar os olhos a isso é condená-la ao atraso – aliás, especialidade de sindicalistas e parlamentares chegados.

Liberdade para todos

A nova ordem nessa revolução do mercado de trabalho é a liberdade para o trabalhador escolher o seu caminho, seja lá qual a forma de contratação. E a palavra liberdade é tudo o que os críticos da terceirização não querem ouvir.

A verdade dos fatos

Enfim, não custa repetir:

- O marco regulatório, além de trazer segurança jurídica, propicia condição de maior longevidade para os contratos.

- A rotatividade das pessoas que trabalham na prestação de serviços será reduzida, ampliando a oferta de trabalho, os profissionais especializados e o número de empresas qualificadas.

- Empresas com mão de obra qualificada garantirão empregos melhores, salários e rentabilidade maiores.

- Todos os direitos trabalhistas continuam garantidos. Ninguém deixará de receber 13º salário, férias, adicional de férias etc. A CLT, ao contrário do que se propaga, continua sendo um parâmetro das relações trabalhistas. Apenas normatizou-se um setor sem regulamentação.

- Não haverá mais dúvidas sobre aplicação da terceirização na atividade-fim. Havia entendimentos divergentes e contratos eram rompidos ou deixavam de ser firmados, gerando grande insegurança às empresas prestadoras de serviços. O cenário vai mudar.

- Apesar de comprovados benefícios que a nova lei trará para o mercado de trabalho, a terceirização tem sido alvo de insidiosa campanha nos meios de comunicação com o objetivo de confundir a população.

- Mentira, versões estapafúrdias, falácia. Com essas armas traiçoeiras, grupos abrigados em algumas centrais sindicais mentem de maneira deslavada. Usam dados falsos, invertem situações e tentam manipular a opinião pública de maneira grotesca.

- Seu objetivo é conhecido: continuar enchendo os cofres com os recursos que recebem do Estado e manter o monopólio sobre a classe trabalhadora.

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Colunista

Gaudêncio Torquato jornalista, consultor de marketing institucional e político, consultor de comunicação organizacional, doutor, livre-docente e professor titular da Universidade de São Paulo e diretor-presidente da GT Marketing e Comunicação.