A coluna de hoje está recheada com historinhas do Churchill. E com um "causo" dos idos de 64.
D'água ! D'água !
Historinha dos tempos de chumbo ! Newton Coumbre, pernambucano atrevido, passava em frente ao quartel de Obuzes de Olinda, logo depois do golpe de 64, levando uma bomba d'água enrolada em jornal. Dois sentinelas, fuzis em punho, avançaram sobre ele aos tapas e pontapés :
– O que é isso ?
– D'água ! D'água !
Mandaram jogar o embrulho no chão e levaram-no até o coronel :
– O que é que tem no embrulho ?
– Uma bomba d'água.
– Por que não disse logo e ficou dizendo "d'água" ?
– Ora, Coronel, eu fui dizendo só "d'água" e eles me bateram muito ; imagine se eu dissesse "bomba" ; aí teriam me fuzilado.
O mês da Pátria
Setembro é o mês da Pátria. 7 de setembro se aproxima. O que é uma Pátria ? Vejamos a definição dada por José Ingenieros, o celebrado escritor argentino, em seu memorável O Homem Medíocre : "Os países são expressões geográficas, os Estados são formas de equilíbrio político e uma Pátria, mais que isso, é um sincronismo de espíritos e de corações, uma comunhão de esperanças". Temos motivo para comemorar a Pátria ? Ou estamos ainda longe de enxergar seus pilares morais ? Deixo a pergunta na consciência de cada um.
Buraco no orçamento
O Orçamento enviado ao Congresso, com 30 bilhões de déficit, ameaça o grau de investimento do país. O governo esperava cobrir esse rombo com uma eventual receita da CPMF. Implodida em tempo. Pois se chegasse às casas legislativas, seria fragorosamente derrotada. Foi um aviso do vice-presidente da República, Michel Temer, que salvou o governo de mais uma derrota. Ele, Michel, nem sabia dessa tratativa desastrosa do Palácio do Planalto. E avisou que não trabalharia a seu favor. Sem essa receita, o Orçamento chegou ao Congresso exibindo um formidável buraco. Mas de que adiantaria cobrir o buraco com uma improvável receita da CPMF ? Ora, ela seria derrotada e o buraco continuaria.
Churchill 1
O General Montgomery estava sendo homenageado, pois venceu Von Rommel na batalha da África, na 2ª Guerra Mundial. Discurso do General Montgomery :
"Não fumo, não bebo, não prevarico e sou herói."
Churchill ouviu o discurso e, com seu eterno charuto, retrucou :
"Pois é, eu fumo, bebo, prevarico e sou chefe dele."
Aumento da carga ?
A Receita apresenta medidas para elevação de carga tributária com o objetivo de arrecadar cerca de R$ 11,2 bilhões em 2016. Entre elas : a revisão nos cálculos do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido ; a tributação de bebidas como vinhos e destilados ; o aumento do IOF em operações de crédito do BNDES e a revisão da desoneração do PIS/COFINS de computadores, smartphones e tablets. Atualmente, de tudo o que o indivíduo produz, 35% retornam para os governos estaduais e federal para o pagamento de impostos.
Afastamento de Temer
O articulador político do governo, Michel Temer, pouco a pouco se afasta dessa tarefa. É conhecida sua índole de harmonizador, pacificador, construtor de consensos. Diz-se dele : é algodão entre vidros. Ocorre que não tem recebido tratamento condigno com suas altas funções. Frequentemente, o Planalto deixa-o à margem de importantes decisões. E, pasmem, cobra dele aprovação para matérias que passaram ao largo de seu conhecimento e aprovação. É fácil deduzir que alguns negam a ele a lealdade que ele devota à presidente. O que fazer ? O que o âmago recomenda : um afastamento lento e gradual. Sem rupturas bruscas nem liturgia espalhafatosa. Essa é a impressão que se tem. Se o governo tinha dificuldades na articulação política, imagine-se agora sem o comando efetivo de Michel Temer nessa frente.
Duas bandas
O PMDB tem duas bandas, uma que se inclina a se afastar do governo imediatamente, outra que prega um afastamento lento e gradual. A banda que quer se afastar de imediato faz mais barulho, na esteira da desorganização da gestão e da baixíssima aprovação da presidente. Outra, pragmática, que conserva posições na estrutura governativa. Mas, na hora H, mais conveniente ao partido, essas alas tendem a um acordo.
Congresso do partido
Um exemplo das duas visões do PMDB se dá em relação ao Congresso partidário, marcado inicialmente para 15 de novembro. Seria o momento para o partido apresentar seu Programa ao País, sua proposta de candidaturas no maior número possível de prefeituras e a decisão sobre candidatura própria à presidência em 2018. Mas há uma ala que defende congressos regionais, uma forma de evitar conflitos e dissensões por ocasião de um grande evento nacional. Essas posições ficarão mais claras no semestre em curso.
Churchill 2
Telegramas trocados entre o dramaturgo Bernard Shaw e Churchill, seu desafeto. Convite de Bernard Shaw para Churchill : "Tenho o prazer e a honra de convidar digno primeiro-ministro para primeira apresentação de minha peça Pigmaleão. Venha e traga um amigo, se tiver". Resposta de Churchill : "Agradeço ilustre escritor honroso convite. Infelizmente não poderei comparecer à primeira apresentação. Irei à segunda, se houver".
A luz de Lula
Luiz Inácio continua muito preocupado com o futuro do PT. Quer ser a luz no fim do túnel. Ensaia viagens pelo país como receita para alimentar a militância. O PT fechará esse ciclo político sob a imagem totalmente chamuscada. Lula quer reinventar a sigla. Como ? Refazendo seus rumos e fechando compromissos entre o PT e os movimentos sociais. Logo, deduz-se : para sobreviver, a sigla precisa de resgatar sua imagem perante os bolsões mais críticos e exigentes. Significa um PT reinserido na margem esquerda do arco ideológico. Hoje, circula no centrão desideologizado. Uma sigla como outra qualquer.
AMLID
A presidente parece uma governanta à procura de um rumo. Não sabe para onde e como caminhar. Perde a articulação política de Michel Temer, começa ela mesma a ouvir as queixas de parlamentares, afundando-se na baixa política, cerca-se de uma corte de áulicos, não sabe de onde tirar mais dinheiro para pagar as contas do governo e continua a expressar uma linguagem confusa. DILMA desenha a imagem de AMLID, o seu contrário, um nome estranho.
Churchill 3
Quando Churchill fez 80 anos, um repórter de menos de 30 foi fotografá-lo e disse :
– Sir Winston, espero fotografá-lo novamente nos seus 90 anos.
Resposta de Churchill :
– Por que não ? Você me parece bastante saudável.
Barbosa, mais força
Nelson Barbosa teria tomado o bastão das mãos de Joaquim Levy. É o que se comenta nesses últimos dias. Expande-se a impressão de que o ministro do Planejamento tem se tornado mais duro e inflexível do que o ministro da Fazenda, ao gosto da presidente Dilma. Tem, assim, entrado na seara do Joaquim. De leve.
Minoria ?
Perguntam-me : é possível a presidente Dilma governar sem maioria na Câmara dos Deputados ? Respondo : não vejo como.
Pedaladas e contas de Campanha
As análises das contas da Campanha pelo TSE e das pedaladas fiscais do governo pelo TCU constituem os dois fantasmas que amedrontam a presidente Dilma. Para as pedaladas, sobe o gráfico de desaprovação, enquanto o gráfico das contas de campanha desce. Mas, cada dia sua agonia. Pode ser que, na próxima semana, as coisas se invertam ou fiquem mais desajustadas.
Churchill 4
Bate-boca no Parlamento inglês. Aconteceu num dos discursos de Churchill em que estava uma deputada oposicionista, Lady Astor, conhecida pela chatice, que pediu um aparte (sabia-se que Churchill não gostava que interrompessem os seus discursos, mas concedeu a palavra à deputada). E ela disse em alto e bom tom :
– Sr. Ministro, se Vossa Excelência fosse o meu marido, eu colocava veneno em seu chá !
Churchill, lentamente, tirou os óculos, seu olhar astuto percorreu toda a plateia e, naquele silêncio em que todos aguardavam, mandou :
– Nancy, se eu fosse o seu marido, eu tomaria esse chá com prazer !
Reforma política
Espera-se com muita expectativa o relatório do habilidoso senador Romero Jucá (PMDB-RR) sobre a reforma política. Jucá está atento à real politik, à política como ela é. Certamente, deverá cuidar de aspectos que a Câmara dos Deputados deixou ao largo. Trata-se de um dos senadores mais experientes e gabaritados do Senado.
Aplausos
Se o governo Dilma recebe apupos dos setores produtivos, o vice-presidente da República, Michel Temer, colhe aplausos. Nesta última segunda-feira, durante palestra para uma grande plateia de empresários e executivos, Michel foi aplaudido duas vezes : a primeira, ao dizer que "não há mais espaço para aumento de carga tributária no pais" e a segunda, quando disse que não é possível governar com 33 partidos, criticando o amalgamento das siglas partidárias, que perderam suas doutrinas e ideologias.
Aécio na berlinda
Ninguém se encontra a salvo da lupa dos controles. O TSE também investiga as contas do senador Aécio Neves na campanha de 2014, quando disputou a presidência. Quem se salvou, por enquanto, foi o senador Antonio Anastasia.
Picciani afastado ?
Conversa de bastidor : Leonardo Picciani, guindado à liderança do PMDB pelas mãos do ex-líder da bancada e hoje presidente da Câmara, Eduardo Cunha, teria acertado seus cargos na estrutura governativa. Conversou com a presidente Dilma. Diz-se que seria uma traição a Cunha.
FHC e o Psol
Esta é surpresa : o ex-presidente Fernando Henrique, que sempre foi acossado pelo Psol, recebe a liderança deste partido de extrema-esquerda e promete ajudar a sigla, tentando evitar que a cláusula de barreira alcance seus limites. A durona ex-deputada Luciana Genro liderou a conversa com FHC.
No confessionário
Numa cidadezinha de Minas, Padre Elesbão estava esgotado de tanto ouvir pecados, ou, como dizia, besteiras. Decidiu moralizar o confessionário. Afixou um papelão na porta da Igreja, dizendo :
O Vigário só confessará :
2ª feira – As casadas que namoram
3ª feira – As viúvas desonestas
4ª feira – As donzelas levianas
5ª feira – As adúlteras
6ª feira – As falsas virgens
Sábado – As "mulheres da vida"
Domingo – As velhas mexeriqueiras
O confessionário ficou vazio. Padre Elesbão só assim pode levar vida folgada. Gabava-se :
– Freguesia boa é a minha... lá, mulher só se confessa na hora da morte !