Lei da Gravidade
A Lei da Gravidade, de vez em quando, dá dor de cabeça aos mineiros. E a lei da gravidez, essa, nem se fala. Na Câmara Municipal de Caeté, terra da família Pinheiro, de onde saíram dois governadores, discutia-se o abastecimento de água para a cidade. O engenheiro enviado pelo governador Israel Pinheiro deu as explicações técnicas aos vereadores, buscando justificar a dificuldade da captação : a água lá em baixo e a cidade, lá em cima. Seria necessário um bombeamento que custaria milhões e, sinceramente, achava o problema de difícil solução a curto prazo, conforme desejavam :
- Mas, doutor - pergunta o líder do prefeito - qual é o problema mesmo ?
- O problema mesmo - responde o engenheiro - está ligado à Lei da Gravidade.
- Isso não é problema - diz o líder - nós vamos ao doutor Israel e ele, com uma penada só, revoga essa danada de lei que, no mínimo, deve ter sido votada pela oposição, visando perseguir o PSD.
O líder da oposição, em aparte, contesta o líder do prefeito e informa à edilidade, em tom de deboche, que "o governador Israel nada pode fazer, visto ser a Lei da Gravidade de âmbito Federal". E está encerrada a sessão. (A historinha é de José Flávio Abelha, em seu livro A Mineirice).
CUT ou Força Sindical ?
Uma grande peleja se aguarda. Será entre a CUT e a Força Sindical. A luta será pelos domínios do MTE. Esta seara tem sido administrada pelos pedetistas, comandados por Carlos Lupi e por Paulinho Pereira da Silva, presidente da Força. Paulinho acaba de ser reeleito deputado, lidera o partido e, evidentemente, quer continuar o mando naquele Ministério. Carlos Lupi, portanto, dependerá não apenas da força que tem no PDT, mas do apoio de Paulinho. Ocorre que a CUT quer emplacar no MTE o nome de Arthur Henrique, presidente da CUT. O ciclo Dilma será bastante movimentado no capítulo das relações trabalhistas. As Centrais Sindicais querem balizar os acontecimentos nessa área.
Projeto delgado
O deputado Paulo Delgado, uma das cabeças pensantes do PT, conseguiu chegar a um projeto sobre a terceirização de serviços, considerado o melhor entre os que tramitam na Câmara dos Deputados. Delgado discutirá este projeto, amanhã à tarde, com um grupo de sindicalistas e empresários. Serão analisados aspectos positivos e negativos. O deputado mineiro deverá fazer o aconselhamento e as indicações para que seu projeto entre na pauta de urgência da Câmara. Infelizmente, Paulo Delgado não conseguiu se reeleger. Mas será certamente um ativo participante dos eventos em torno da terceirização de serviços.
Meirelles
O presidente do BC, Henrique Meirelles, anda dizendo que só aceitará permanecer à frente da instituição, caso mantenha sua relativa independência. Conversa morna para acalentar bovinos. Meirelles até que gostaria de continuar. Mas, depois de 8 anos, entra na faixa da mesmice. Ganhou independência, não reduziu os juros como o setor produtivo sempre defendeu, foi firme em sua determinação de seguir à risca a rigidez da política cambial e de juros. Diz-se que Dilma não preza a inflexibilidade de Meirelles. Mas o Diretor de Normas do BC, Alexandre Tombini, com o maior cacife foi o convidado.
E na infraestrutura ? É possível ?
Mas Henrique Meirelles conseguiu produzir um figurino de respeito. Que não pode ser jogado simplesmente fora. Dilma, a presidente, poderá aproveitá-lo em uma Pasta da Infraestrutura. Nos últimos tempos, ele tem se aproximado do PMDB, procurando o presidente Michel Temer para sondagens. Mas o partido sempre o considerou uma carta do baralho de Lula. De qualquer maneira, se vier a ser escolhido, o PMDB deverá dar o endosso.
Mangabeira
Já o ex-ministro Mangabeira Unger não arreda pé dos espaços ocupados pelo presidente da Câmara e do PMDB, Michel Temer. O professor é um homem muito preparado. Culto e inteligente. Mas seu sonho de vir a ocupar o Ministério das Relações Exteriores é irrealizável. Não apenas porque este Ministério faz parte da cota pessoal da presidência, mas porque Mangabeira carrega muita polêmica em seu perfil. Coisa que não combina com as Relações Exteriores. Pode ganhar algum cargo de assessoramento. Algo que não esteja muito à vista.
Belchior
Cumprindo a meta de adensar o Ministério com a participação de mulheres, a presidente Dilma convidou Miriam Belchior para o Planejamento. Hoje, ela coordena o PAC.
Rossi
Wagner Rossi é um dos quadros qualificados do PMDB. Exerceu com discrição e competência as altas funções de ministro da Agricultura, após o afastamento de Reinhold Stephanes, reeleito deputado pelo PMDB do Paraná. Rossi é o nome que o PMDB defende para continuar à frente do Ministério da Agricultura. A conferir !
Kassab e o futuro
Hábil articulador, Gilberto Kassab quer fazer um bloco reunindo PDT, PC do B e PSB, ao lado do PMDB, onde deverá ingressar nos próximos meses. A ideia é formar uma frente para abrir horizontes políticos, a partir de 2011. Para tanto, o prefeito de São Paulo inicia conversações para todos os lados.
A ala quercista
Agora, um pequeno grupo ligado a Quércia quer avaliar a entrada de Kassab no PMDB. Como se sabe, este partido foi praticamente destroçado em São Paulo no ciclo quercista. Elegeu, no último pleito, apenas um deputado Federal. O comandante Orestes Quércia está convalescendo. E ainda mantém o domínio do partido. Kassab representa sangue novo. Traria, de pronto, cerca de 10 deputados Federais para engrossar a sigla. Mas o prefeito Marcelo Barbieri, de Araraquara, ligado a Quércia, parece querer conservar a sigla magra, mas com um dono só. Cada qual com sua pequenez.
Comando do Senado
José Sarney está quase inclinado a aceitar a convocação para voltar ao comando do Senado em 2011. Falta o 'SIM' de dona Marly.
Pacote regulamentador
Espera-se até final de dezembro o pacote de regulamentação das telecomunicações. Que viria com as definições sobre a produção de conteúdos pelas teles. O temor é que o pacote chegue a abrigar controles de conteúdos nas mídias tradicionais.
Acordão PT/PMDB
Este consultor conhece os principais interlocutores do PT e do PMDB em matéria de presidência da Câmara. São três pessoas : os líderes Henrique Alves - PMDB, Cândido Vaccarezza - PT e o presidente da Câmara e vice-presidente eleito da República, Michel Temer. Pois bem, Henrique e Vaccarezza começaram a conversar. Vão analisar pontos positivos e negativos de cada ciclo e de cada candidatura (a deles mesmo) e acertar um rumo. A seguir, farão chegar ao presidente Temer a decisão. E se a coisa der empate - ou uma situação de inflexibilidade das partes - Temer entrará no circuito, agora como juiz.
Valle de Los Caídos
Quem vai à Espanha, é levado a conhecer o Valle de Los Caídos, o memorial franquista monumental e complexo, erguido entre 1940 e 1958, a cerca de 40 km de Madrid, em memória dos mortos na Guerra Civil Espanhola, de 1936 a 1939. Sua construção demorou 18 anos para ser concluída, formando um complexo composto de basílica, abadia e hospedaria. O Valle de los Caídos foi erigido para ser o panteão dos soldados franquistas "caídos" (ou seja, mortos em combate) durante a Guerra Civil Espanhola.
Vale brasileiro
No Brasil, o Valle de Los Caídos é a expressão usada para designar o cemitério dos derrotados na última campanha. Pois bem, os "mortos" acorrem vivamente na direção dos vitoriosos. Para clamar por uma fatia, um pedaço, uma nesga de poder. Querem um cargo público, se possível em uma estatal de proa. Os lobbies estão apertando os donos dos maiores latifúndios. O cemitério dos caídos é abrigo de representantes de todos os partidos. Os governadores eleitos estão sendo igualmente assediados.
Cardozo
José Eduardo Cardozo, preparado, sensível, pessoa educada, está a um passo da cadeira de ministro da Justiça.
Abílio ? Não quer
Se Abílio Diniz quisesse, há muito seria ministro. Agora, seu nome volta à tona, desta feita para substituir o jornalista Miguel Jorge no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Diniz não quer. Tem muita coisa a fazer no seu império. Dá orientação estratégica, dirige reuniões, participa de eventos e faz, religiosamente, seus exercícios físicos. Deixar tudo isso para ser um burocrata não estaria na sua índole. Se topar, é porque a missão cívica venceu a parada.
Gabrielli
Sergio Gabrielli ficará mais um tempinho comandando a Petrobras. Depois, voltará à Bahia para integrar o governo de Jaques Wagner. Que lhe dará uma pasta de muita visibilidade e dinheiro. Gabrielli estará se preparando para ser o candidato de Wagner ao governo em 2014.
Dilma no parlatório
Dilma fará seu discurso de posse do Parlatório, em frente à Praça dos Três Poderes. E Lula, esta é a novidade, deverá falar. Geralmente, presidentes que se despedem, não falam. Mas Lula é... Lula.
McCartney pleonástico
Paul McCartney é um pleonasmo. Seu show, nesta segunda-feira, com o Morumbi todo ocupado, foi antológico, apoteótico, maravilhoso, fantástico. O maior e melhor que já vi em minha vida. Quase 3 horas de show ininterrupto, 40 músicas, belíssimas, e o cara nem um copo d'água tomou. Um monumento ao preparo físico. Um exemplo de músico completo.
Lula dá o tom
Guido Mantega no Ministério da Fazenda ? Indicação de Lula para permanecer. Gabrielli continuando na Petrobras ? Dizem que é sugestão de Lula. Aproveitar bem o Palocci ? Mais uma vez, a voz de Lula. E no BNDES ? Se Luciano Coutinho continuar, a sombra de Lula será também vista.
Alckmin e o serrismo
Tenho ouvido nos bastidores : Geraldo Alckmin vai formar um secretariado que seja espelho de seu DNA político. Quer dizer, não dará muito prestígio aos serristas. Alckmin sempre foi olhado de soslaio pelo grupo serrista. As alas só se dão bem nas aparências. O governador, por sua vez, sente-se agradecido a Serra por tê-lo trazido de volta ao batente da visibilidade. Pode retribuir, de leve, mas sem grandes afagos.
Conselho à ANAC
Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi destinado aos comandos estaduais. Hoje, volta sua atenção à ANAC :
O fim de ano se aproxima. As nuvens pesadas ameaçam paralisar não apenas as pistas dos aeroportos, mas os próprios saguões. Que estarão superlotados. Chega a informação de que a Agência Nacional de Aviação Civil proibirá as companhias aéreas de praticar o overbooking - venda de mais passagens que os assentos disponíveis nos aviões. Pois bem, para que esta informação não caia no vazio, urge :
1. Baixar imediatamente Portaria nesse sentido e fazer ampla divulgação na mídia.
2. Disponibilizar nos aeroportos guichês para acompanhamento, monitoramento e controle da situação aérea neste final de ano.
3. Implantar sistemas capazes de administrar tempestivamente quaisquer eventos que impliquem caos aéreo com a punição imediata dos responsáveis.
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